QUANDO ALEXANDRE,OGRANDE,MORREUEM323A.C.,OIMPÉRIOQUE ele havia estabelecido perdeu a liderança, e em uma tentativa de resolver o impasse, os seus generais dividiram entre si o território conquistado. Como resultado deste procedimento, cinco províncias separadas se originaram. O Egito foi colocado sob o controle de Ptolomeu, que agiu como regente por alguns anos antes de se tornar realmente o governante supremo. A Babilônia se tornou o berço do regime selêucida enquanto a Macedônia foi entregue a Antípatro. Outros dois territórios, Trácia e Frígia, foram governados por Lisímaco e Antígono respectivamente. Em um momento subsequente, outras divisões ocorreram dentro do império, e por fim ali emergiram as três dinastias do Egito, Síria e Macedônia.
Os Ptolomeus
A dinastia ptolemaica que sucedeu o poder no Egito durou quase três séculos, e terminou apenas quando aquele se tornou uma província romana em 30 a.C. Ptolomeu I começou o seu governo como um general para o mentalmente instável meio-irmão de Alexandre, o Grande, um acordo que continuou por seis anos. Quando seu protegido foi morto em 317 a.C, Ptolomeu I continuou como general para o jovem filho de Alexandre, que sucedeu o poder nominal no Egito. Enquanto isso, Ptolomeu estava consolidando a sua posição, e após um governo de apenas sete anos, o descendente de Alexandre, o Grande, encontrou um fim prematuro.
Durante os três anos que se seguiram à morte de Alexandre, o Grande, a Judéia havia formado parte do território sírio sobre o qual Seleuco I Nicátor governou, mas em 320 a.C. Ptolomeu I invadiu a Síria e a anexou aos seus próprios bens. Ele então marchou para Jerusalém, e tirando proveito da relutância judaica em profanar o sábado, ocupou a cidade sem encontrar qualquer resistência e deportou vários habitantes para o Egito. A principal preocupação de Ptolomeu foi ganhar o controle militar sobre a Judéia, e uma vez que este objetivo foi alcançado, procurou implantar a política liberal e tolerante de Alexandre. Para isso, estimulou o crescimento dos assentamentos judeus no Egito, e ganhou a confiança dos judeus a ponto de muitos deixarem a Palestina e fazerem do Egito o seu lar. Ptolomeu descobriu que os judeus eram súditos leais e confiáveis, e sob o domínio dos seus sucessores a província da Judéia desfrutou de um longo período de prosperidade.
Os Selêucidas
Um desejo semelhante de amizade com os judeus caracterizou os primeiros selêucidas. Nicátor, que com a morte de Alexandre adquiriu uma grande porção da Babilônia e da Síria, estimulou os judeus a migrarem para a Ásia Menor, e lhes ofereceu os privilégios de cidadania em seus domínios. No entanto, governantes posteriores do império selêucida (312-64 a.C.) não mostraram a tolerância do brilhante estrategista militar que estabeleceu a dinastia, e muitas das grandes tribulações pelas quais os judeus subsequentemente passaram, foram causadas pelo governo tirânico dos selêucidas que seguiram Antíoco III (223-187 a.C), o sexto rei da dinastia. O iluminado Ptolomeu II (285-247 a.C), é personagem importante por ter se interessado pela história e pela cultura de seus súditos judeus. Foi durante o seu reinado que teve início a grande obra de traduzir as Sagradas Escrituras hebraicas para o idioma grego. Esta versão se tornou conhecida como a Septuaginta (LXX), um nome derivado dos setenta eruditos a quem Ptolomeu deve ter convocado de Jerusalém, por conselho de seu bibliotecário, para executar a obra de tradução. E provável que somente o Pentateuco tenha sido traduzido para o grego durante os anos de vida de Ptolomeu II, visto que toda a versão demorou até a metade do século II a.C. para ser concluída. A Septuaginta foi, comprovadamente, o principal meio pelo qual o pensamento hebreu foi transmitido para os judeus que viviam fora da Palestina. E, sendo escrita na língua franca, também apresentou ao mundo pagão os tesouros do Antigo Testamento. Antes da era cristã as Escrituras hebraicas eram frequentemente citadas a partir da versão Septuaginta, uma prática que sobreviveu nos escritos do Novo Testamento.
As atividades políticas de Ptolomeu II eram voltadas a conciliar o povo da Palestina, que estava nesta época firmemente debaixo do controle do Egito. Para este fim, ele edificou várias cidades que serviram como centros de influência para a dinastia Ptolemaica, entre as quais estavam Philotera, ao sul do mar da Galiléia, e Ptolemaida, perto do Monte Carmelo, fundada no local do antigo porto cananeu de Aco. Sob o governo de Ptolomeu III (247-222 a.C), uma nova onda de migrações para o Egito ocorreu, com um aumento resultante no tamanho das comunidades judaicas localizadas em Alexandria e em outras cidades egípcias. A dinastia ptolemaica estava em seu auge durante este período, e a benevolência do governante egípcio, combinada com a prosperidade material da época, mostrou ser muito atraente para aqueles judeus que estavam contemplando uma expectativa de vida no Egito helenizado.
Os Idumeus
Durante este período, os habitantes da Judéia entraram em contato periódico com seus inimigos edomitas dos dias pré-exílicos, cujos descendentes haviam se tornado conhecidos como idumeus. Descobertas arqueológicas na Transjordânia mostraram que os edomitas foram esmagados por grupos árabes antes do final do século V a.C.1 Ostracas recuperadas de níveis contemporâneos em Elate, continham nomes que eram claramente árabes em caráter, indicando que o poder edomita já estava obscuro durante o período de Neemias. Pouco tempo depois, muitos edomitas se mudaram para a Judéia, estabelecendo-se no sul, e receberam o nome de idumeus.” Depois de cerca de um século, o grupo árabe que havia substituído os edomitas foi expulso pelos nabateus, que foram mencionados pela primeira vez em 612 a.C. quando Antígono, o grego, lançou um ataque sobre Petra, a sua capital.4 Embora ele tenha conseguido capturar o platô rochoso atrás da cidade, sua vitória durou pouco porque suas tropas foram emboscadas e exterminadas quando voltavam para casa. Os nabateus adotaram o aramaico como seu idioma falado em vez de seu árabe nativo, e começaram a restaurar as fortunas econômicas do antigo território edomita.
Eles começaram a tremenda tarefa de escavar suas casas e templos a partir dos paredões de rocha de arenito vermelho do vale, e as ruínas desses edifícios podem ser vistas nos dias de hoje. De particular interesse em locais nabateus são as ruínas dos lugares altos onde sacrifícios eram oferecidos a deuses nabateus, visto que eles podem lançar alguma luz sobre as práticas sacrificiais israelitas do pré-exílio. Outras escavações mostraram a extensão em que os nabateus edificaram fortalezas em locais estratégicos ao longo de suas fronteiras, a fim de protegerem o seu reino de possíveis invasões.
Religião e Política em Judá
Em comparação a outros fatos, pouco é conhecido das condições internas da Judéia sob o governo dos ptolomeus, exceto que os judeus pagaram tributo aos egípcios em intervalos regulares, e por sua lealdade ao regime foram recompensados com certo grau de autonomia nos assuntos locais. Pode haver pouca dúvida de que a autoridade do sumo sacerdote estava aumentando gradualmente, e foi provavelmente nesta época que o concilio judicial, que iria se tornar conhecido como Sinédrio, começou a exercer influência sobre os assuntos coletivos. As origens da corte suprema judaica são obscuras, e a princípio pode ter consistido de uma assembléia de anciãos. O rei Josafá parece ter concedido relativo grau de autoridade legal em algum grupo assim (2 Cr 19.8 e versículos seguintes), e a base do desenvolvimento pós-exílio pode ter sido colocada durante o exílio, quando os anciãos na comunidade parecem ter exercido uma magistratura local. Mas a menção confiável mais antiga de tal reunião em Jerusalém ocorre na época do governante selêucida Antíoco, o Grande (223-187 a.C), quando era conhecido pelo título grego Gerousw. Neste período a reunião consistia dos cabeças das principais famílias judaicas, e era imperialista e sacerdotal, em sua natureza.
Durante o reinado de Ptolomeu I, o ofício de sumo sacerdote foi grandemente realçado pela dignidade e misericórdia da imponente figura de Simão I (aproximadamente 300—287 a.C), a quem Josefo chamou de “o Justo”. Foi creditado a ele a restauração do Templo e o reparo das fortificações que cercavam Jerusalém. Suas virtudes foram enaltecidas no livro apócrifo Eclesiástico, e sua influência era tal que durante a sua vida o governo da nação pelo sumo sacerdote assumiu a sua forma mais atraente. Este exemplo agradável logo foi desconsiderado, porém, por um sucessor, Onias II, que era de natureza avarenta, determinado a reter o tributo pago anualmente ao seu suserano Ptolomeu III. Josefo, sobrinho de Onias, conseguiu frustrar este plano, e foi recompensado por Ptolomeu com o ofício de coletor de impostos na Judéia. Ele manteve esta posição por mais de vinte anos, e durante o seu período de administração foi capaz de efetuar uma melhoria considerável na condição financeira de seu país.
Mas muita intriga política estava ocorrendo em Jerusalém durante o período de seu ofício. Por volta de 225 a.C. surgiu um pequeno grupo de reacionários, que começou a influenciar os judeus contra a continuação do domínio egípcio vigente. Quando Antíoco III (o Grande) ascendeu ao trono da Síria em 223 a.C, este grupo político clamou por lealdade ao seu regime e não ao governo egípcio. As relações entre o Egito e a Síria se deterioraram em consequência desta reação, e quando Antíoco tentou estender a sua influência para a Palestina, Ptolomeu IV (222—205 a.C) foi obrigado a enviar uma expedição contra ele, e o derrotou em uma batalha perto de Ráfia. Em seu retorno, Ptolomeu marchou para Jerusalém, e depois de tentar profanar o Templo, continuou a sua viagem até Alexandria, quando privou os moradores judeus de alguns de seus privilégios como um castigo pela deslealdade de seus compatriotas na Judéia.
A Síria Anexa a Judéia
Quando, repentinamente, Ptolomeu IV morreu em 205 a.C, seguiu-se um período de confusão política, durante o qual seu 6Iho pequeno, Ptolomeu V, foi colocado no trono. Antíoco III viu que a situação estava madura para uma outra invasão da Judéia, e parece que foi bem recebido como um libertador por alguns segmentos da população. Um exército egípcio marchou para a região norte da Palestina para impedir o seu avanço, mas foi derrotado perto de Sidom em 198 a.C. Antíoco então ocupou a Judéia, tornando-a uma parte da província da Síria. E uma vez que Jerusalém se rendeu sem lutar, a incorporação da Palestina ao reino selêucida foi concluída.
Antíoco III continuou a política de tolerância em relação aos judeus que Seleuco I havia iniciado, e o povo da Judéia ficou ansioso por ter mais um período de prosperidade sob a dinastia selêucida. Antíoco nomeou governadores militares sírios em serviço na Judéia, e estabeleceu impostos regulares sobre a população. Embora tenha garantido a santidade do Templo e concedido amplos subsídios ao sacerdócio, exerceu um grau de controle sobre a Judéia que logo mostrou aos judeus que eles, na verdade, nada tinham ganhado com a sua mudança de senhorio. A situação política foi complicada pela força crescente de Roma, e a luta civil interna, tão característica do período grego, deu aos romanos uma desculpa para a intervenção e a restauração da paz ao antigo império grego.
A Intervenção de Roma
Quando as legiões romanas invadiram a Ásia Menor por volta de 197 a.C, Antíoco foi forçado a abandonar quaisquer planos que pudesse ter para a completa sujeição do Egito. Ele enviou uma expedição contra os romanos, e após uma longa campanha, as forças da Síria sofreram grandes perdas nas mãos de Cipião, o Africano na Magnésia, em 190 a.C. Três anos depois, Antíoco, o Grande, foi morto em uma insurreição em Elymais, e, consequentemente, sucedido por seu filho Seleuco IV (187-175 a.C). Durante o reinado de Seleuco IV ocorreu um incidente que iria influenciar as subsequentes facções políticas e religiosas na Judéia. O sumo sacerdote reinante, Onias III, esteve envolvido em uma disputa com Simão, o comandante da guarda do Templo, sobre a questão vexatória da coleta de receitas por um oficial civil em vez de um sumo sacerdote. Em um ataque de ressentimento, Simão informou ao vice-rei de Seleuco que grandes tesouros estavam guardados nos cofres do Templo. Seleuco estava ansioso para quitar algumas das dívidas que Antíoco, o Grande, havia contraído em sua luta contra o império romano, e desse modo enviou um mensageiro, Heliodoro, para saquear o Templo. Esta má intenção foi frustrada por um milagre (2 Mc 3.23 ss.), e a situação foi salva por um momento.
Este incidente acentuou a tensão que existia na Judéia entre os judeus mais ortodoxos e aqueles que haviam sucumbido ao helenismo. Estes últimos estavam tentando acabar com a separação entre judeus e gentios, e estavam usando o idioma, os hábitos e as tradições dos gregos como meio para chegar a este fim. Estes judeus helenizados eram fortemente a favor dos ideais selêucidas, e foram levados por Simão e seu irmão Menelau. O segmento mais ortodoxo do judaísmo permaneceu leal a Onias, e favoreceu a liderança do Egito. Eles resistiram às invasões do helenismo com grande vigor, e perceberam que as suas crenças religiosas tradicionais não tinham nada em comum com o ceticismo, com a falta de religiosidade, e com a degeneração moral da cultura helênica.
O Papel de Antíoco IV
Em 175 a.C. Seleuco IV foi sucedido por Antícoco IV Epifânio, que reinou por onze anos. Sua política declarada era a disseminação da cultura grega por todo o seu reino, a fim de unificar as várias raças de seu império heterogêneo e assegurar a estabilidade do regime selêucida. Antíoco era um governante orgulhoso e extravagante, e a avaliação popular de seu caráter foi refletida na representação cínica das palavras que alteraram o seu título real de Epifânio (“ilustre”) para Epimânio (“louco”). Com a sua ascensão, a política de severidade em relação ao judaísmo que Selêuco IV havia considerado, tornou-se uma realidade, trazendo um mau presságio para os habitantes da Judéia. Quase imediatamente após a sua ascensão, Antíoco se envolveu em uma disputa entre a facção helenizadora e os judeus ortodoxos em Jerusalém. Provavelmente como resultado de intrigas, uma diferença de opinião tinha surgido entre o sumo sacerdote Onias III e seu jovem irmão Josué. Este último foi o líder do grupo helenizante em Jerusalém, e chegou a rejeitar o seu nome semita, trocando-o por uma forma grega; Jason.
Mantendo-se leal à sua política de forçar a cultura helênica sobre os seus súditos, Antíoco decidiu em favor de Jason, e removeu, o patriota e leal, Onias de seu posto. Em troca de um grande suborno, colocou Jason como sumo sacerdote em 174 a.C, na condição de que a helenização de Jerusalém fosse realizada o mais rápido possível. Desse modo, Jason recebeu permissão para estabelecer um ginásio na cidade, e começou a estimular a difusão dos padrões gregos de uma forma que causou desânimo entre os legalistas, ou hasideanos, como se tornaram conhecidos. Vários conflitos sérios irromperam entre os judeus helenistas e os hasideanos, e envolveram o sacerdócio do Templo. Depois de três anos, Jason foi suplantado por Menelau, que deu um suborno ainda maior a Antíoco pelo privilégio de se tornar sumo sacerdote. Mas Jason não seria sobrepujado, e um período de amargo conflito se seguiu, que no final forçou Antíoco a intervir.
Nesta época ele tinha virtualmente completado a sua segunda campanha militar contra o Egito, quando um rumor de que havia sido morto em batalha alcançou Jerusalém. Este relatório animou Jason a se reafirmar, e uma outra perturbação se seguiu em Jerusalém. Ao ouvir o que havia transpirado na Judéia, Antíoco levou sua campanha a um encerramento e marchou furiosamente sobre Jerusalém. Nesta investida, saqueou o Templo e matou muitos milhares de pessoas como um ato de represália. Para suprimir qualquer outra revolta, nomeou um frígio de disposição bárbara como governador militar, enquanto ele mesmo foi para Antioquia.
Represálias contra Jerusalém
Em 168 a.C. Antíoco preparou uma outra expedição militar contra o Egito, e estava perto de Jerusalém quando as suas intenções chegaram ao conhecimento do senado, em Roma. Um mensageiro foi enviado a Antíoco, que lhe disse claramente para abandonar qualquer plano que pudesse ter de conquistar o Egito. Antíoco foi sábio o bastante para ver que a desobediência o envolveria em uma guerra com Roma, uma situação que ele desejava evitar a todo custo. Mas a oposição feriu o seu orgulho, e marchou furiosamente uma vez mais sobre Jerusalém, a cidade contra a qual estava determinado a dar vazão à sua fúria.
A sua intenção era erradicar o judaísmo e colonizar o território com pessoas que simpatizassem com o helenismo, e com isto em mente, enviou Apolônio, em 168 a.C, com um destacamento de vinte mil homens para a cidade. Esse exército aproveitou o dia de sábado para entrar na cidade e começar seu trabalho de destruição. Um decreto real ordenou que tudo o que fosse característico do judaísmo fosse removido. O Templo foi profanado e os livros sagrados da lei foram queimados. Um altar grego foi erguido nos pátios do Templo, e o culto sacrificial do judaísmo foi proibido. Rituais religiosos pagãos foram introduzidos, e o povo foi obrigado a participar deles sob pena de morte. Os muros da cidade, que haviam sido edificados por Neemias, foram destruídos e a antiga cidade de Davi loi fortificada outra vez e guarnecida pelos soldados sírios.
Em 167 a.C. um outro decreto proibiu a circuncisão, a observância do sábado, e a leitura da lei. Orgias indecentes foram estimuladas nos edifícios do Templo, e os judeus foram obrigados a tomar parte no culto pagão e a comer alimentos considerados imundos. A resistência a estas medidas tomou várias formas. Muitos dos hasideanos pereceram nos massacres enquanto outros fugiram para o deserto. Alguns adotaram o princípio de resistência passiva, ao passo que outros abraçaram a nova ordem com uma aparência externa de aceitação, se não de entusiasmo.
A Revolta Macabeia
A resistência ativa ao regime sírio foi deflagrada em Modin (1 Mac 2.14 ss.), perto de Jerusalém, onde o sacerdote, Matatias, que pertencia à família asmoneana, matou um judeu apóstata e um oficial grego que estavam tentando fazê-lo sacrificar aos ídolos. Matatias imediatamente fugiu para as monta – nhas, acompanhado de um grupo de legalistas, e ali iniciou uma campanha de guerrilha contra as forças de Antíoco (1 Mac 2.45). Ele teve êxito em persuadir os seus seguidores de que a lei da observância do sábado não deveria interferir na auto-preservação, e depois disso as táticas de guerrilha de seus bandos armados se mostraram surpreendentemente bem-sucedidas em incomodar as forças sírias. Quando Matatias morreu em 167 a.C, loi sucedido por seu filho Judas Macabeu (1 Mac 2.49ss.), que, encorajado pelo sucesso, iniciou sistemáticas campanhas militares contra o inimigo. Tão bem treinadas e equipadas estavam as forças judaicas, que derrotaram os sírios em uma batalha em Bete-Horom em 166 a.C, e no ano seguinte em Bete-Zur, onde o regente sírio Lísias estava no comando. Lísias se retirou para Antioquia, sendo incapaz de solicitar ajuda militar a Antíoco, uma vez que este último já estava envolvido na tarefa de esmagar uma insurreição na Partia e na Armênia. Judas Macabeu aproveitou a oportunidade para reconsagrar o santuário profanado em Jerusalém e restaurar o sacrifício diário. Durante os dois anos seguintes, Judas estava no controle virtual da Judéia, e começou a reagrupar e a fortalecer as suas forças em antecipação a uma futura invasão Síria.
Antíoco morreu em 163 a.C, e foi sucedido por seu filho de nove anos, Antíoco V, que reinou por dois anos. Em 163 a.C. Judas reuniu as suas forças em uma tentativa de expulsar a guarnição síria da antiga cidade em Jerusalém, e ao mesmo tempo Lísias saiu com um grande exército e se juntou a outras tropas, que haviam sido enviadas pelo jovem Antíoco para recuperar o controle da Judéia (2 Mac 9.1ss.). Uma batalha feroz foi travada perto de Belém, e Judas sofreu uma derrota decisiva. Mas Lísias havia recebido notícias de que a pessoa que Antíoco Epifânio tinha designado como guardião de seu jovem filho, e cujas funções haviam sido assumidas por Lísias, estava marchando contra Antioquia. Em vista de tais circunstâncias, Lísias rapidamente concluiu um tratado com Judas pelo qual as liberdades religiosas dos judeus foram restauradas, e então se retirou para Antioquia.
Outros problemas em Jerusalém se seguiram à nomeação do helenista Alcimo (Eliaquim) como sumo sacerdote. Quando os macabeus se opuseram à sua nomeação, Alcimo pediu a ajuda de Demétrio I (162-150 a.C), o sucessor de Antíoco V, e uma força síria liderada por Nicanor foi enviada a Jerusalém. Nicanor foi morto em batalha em 161 a.C. perto de Bete-Horom, e com o final de seu comando, pareceu que a tão desejada independência do regime selêucida estava finalmente em vista. Mas reforços pesados já haviam sido enviados para auxiliar Nicanor, e embora tenham chegado tarde demais para servir ao seu propósito original, eles foram lançados na batalha contra as forças de Judas, que foram esmagadas por um número superior de soldados. O próprio Judas foi morto e seus seguidores tiveram que fugir para proteger a própria vida. De acordo com a narrativa de 1 Macabeus 8.31, Judas havia tentado garantir a proteção de Roma, mas instruções do senado a Demétrio solicitando que não oprimisse os amigos e confederados da república, chegaram tarde demais para impedir o ataque a Judas, o que resultou em sua morte.
O Final da Revolta
A guerra religiosa que Matatias havia começado, realmente chegou a um fim com o tratado pelo qual Lísias garantia a restauração das liberdades judaicas (1 Mac 6.59). Embora um forte grupo helenizante ainda permanecesse na Judéia, a maior parte do povo deu um sólido apoio aos macabeus, que frequentemente são conhecidos por seu nome de família: Asmoneus. Jônatas sucedeu seu irmão Judas como líder do movimento legalista, e tentou remover Alcimo da função de sumo sacerdote, para a qual ele mesmo tinha planos. No entanto, suas atividades tomaram uma direção diferente depois que Alcimo morreu em 159 a.C, e então começou uma série de operações militares contra a Síria que resultaram em uma retirada das forças sírias da Judéia em 153 a.C. Jônatas tornou-se governador militar da Judéia, e aumentou seu controle da região, a tal ponto de Demétrio buscar a sua amizade. Alexandre Balas, que sucedeu Demétrio em 150 a.C, ajudou Jônatas a alcançar a sua ambição nomeando-o como sumo sacerdote da nação (1 Mac 10.20), e isto foi confirmado por Demétrio II, que sucedeu Balas como rei da Síria em 145 a.C.
A Independência da Síria
Jônatas poderia ter levado a nação a uma soberania independente se não tivesse se envolvido com dissidências internas do império sírio. Um general ambicioso que havia apoiado as reivindicações de Antíoco VI, filho de Balas, ao trono sírio, tramou contra Jônatas e o matou em 142 a.C. Simão, o último filho sobrevivente de Matatias, sucedeu Jônatas, e tirou proveito da luta interna na Síria para ganhar a isenção de tributos para o seu povo (1 Mac 13.41) em 142 a.C. Naquele mesmo ano, a guarnição síria na antiga cidade de Jerusalém se rendeu, e o triunfo dos asmoneanos foi completo. Em 141 a.C, foi emitido um decreto formal reconhecendo Simão como sumo sacerdote hereditário e governador dos judeus (1 Mac 14.41). Estando agora independente do controle sírio, a nação desfrutou de um período de paz e prosperidade, durante o qual Simão reforçou os costumes e as crenças tradicionais dos judeus, e estabeleceu a supremacia da lei. Ele deu considerável atenção à economia do reino, e desenvolveu os recursos naturais do país. Devido ao fato do comércio estrangeiro ser importante para a estabilidade da vida nacional, estimulou o desenvolvimento de um vigoroso negócio de importação e exportação com a sua base no porto marítimo de Jope.
O Governo de João Hircano
Apenas sete anos após ter assumido a liderança na Judéia, Simão foi traiçoeiramente assassinado, juntamente com seus dois filhos, por seu genro Ptolomeu. Em 135 a.C, João Hircano, o único filho sobrevivente, sucedeu Simão e começou a consolidar a sua posição na Judéia. Mas a independência da nação foi logo desafiada por um novo rei sírio, Antíoco VII Sideta (139-129 a.C), que exigiu da Judéia o pagamento de tributos. Ao ter o seu pedido ignorado, invadiu o país e fez um cerco contra Jerusalém. Hircano foi forçado a chegar a um acordo, e concordou em se tornar tributário, mais uma vez, do regime selêucida. Mas quando Antíoco VII foi morto em uma expedição contra a Partia em 129 a.C, para estender as fronteiras do seu próprio reino, Hircano repudiou o acordo e se rendeu à fraqueza interna do império sírio. Ele travou várias batalhas na Transjordânia, e então atacou Siquém, o principal centro dos samaritanos cismáticos, em 128 a.C. Após subjugar os edomitas, fez um cerco contra Samaria, que caiu depois de uma luta demorada. Hircano, além de líder poderoso, era também um brilhante administrador, cujo alvo principal parece ter sido a expansão territorial de seu reino para as proporções da monarquia durante a era salomônica. No entanto, foi menos característico como uma figura religiosa, e durante o seu reinado se afastou do grupo religioso que era então conhecido como os fariseus, e que tinha se tornado herdeiro dos ideais dos hasideanos. Até o final de sua vida, a sua antipatia às doutrinas farisaicas o levou para a companhia dos saduceus, cujos objetivos eram seculares e políticos, e não religiosos.
Perturbação na Judeia
A morte de Hircano em 105 a.C. foi seguida pelos curtos reinados de seus três filhos, Aristóbulo, Antígono, e Alexandre Janeu. Este último, que reinou de 104 a.C. a 78 a.C, foi um indivíduo fraco e dissoluto, cujas políticas militares provocaram muito ressentimento entre aqueles que nutriam os ideais do judaísmo. Tentou aumentar o território sobre o qual seu pai havia governado, e depois de várias tentativas conquistou a maioria das cidades grandes na costa filistéia, e também garantiu grandes áreas da Transjordânia. Mas, domesticamente, seu reinado foi marcado pelo aumento da luta e do descontentamento civil, porque Janeu foi um defensor ardente do helenismo. Como consequência disso, entrou em conflito crescente com os fariseus, e formou uma oposição amarga às suas tentativas de secularizar o sumo sacerdócio. A guerra civil finalmente irrompeu, e por seis anos Janeu usou tropas mercenárias contra o povo da Judéia em uma tentativa de recuperar o controle da situação. Depois disso, os fariseus pediram a ajuda da Síria, e forçaram Janeu afugir. Ele fez um apelo desesperado ao sentimento nacional, e garantiu apoio popular retratando-se como o sucessor dos macabeus. A oposição dos fariseus foi esmagada, e Janeu executou uma represália cruel mandando crucificar oitocentos dos principais fariseus e mandando matar seus dependentes. Quando morreu em 78 a.C, sua viúva, Alexandra, tornou-se rainha, e chegou a um acordo com os fariseus a ponto destes assumirem, de fato, o governo na Judéia. Hircano II, o filho mais velho de Alexandra, foi nomeado como sumo sacerdote, mas era fraco de caráter e se submeteu prontamente à manipulação farisaica.
Hircano II tinha um irmão mais novo, Aristóbulo, um indivíduo astuto e hábil que detestava as tramas políticas dos fariseus. Durante o reinado de Alexandra, ele foi mantido fora do contato com os assuntos públicos, mas quando ela morreu em 69 a.C, Aristóbulo obrigou seu irmão a abdicar em seu favor.11 Com a sua ascensão, a influência da família asmoneana começou a declinar, e ele mal havia se firmado no cargo com o auxílio dos saduceus quando os acontecimentos tiveram uma reviravolta inesperada.
O Governo de Aristóbulo
Antipas, governador da Iduméia, estava do lado de Hircano II. E, após enfraquecer a posição de Aristóbulo por meio de intriga, encorajou Hircano a tentar recuperar a posse de seu trono. Nesta empreitada, Hircano foi apoiado por forças árabes fornecidas pelo rei, a quem ele tinha recorrido buscando refúgio em um momento anterior. Aristóbulo foi derrotado em batalha, e quando a maior parte do seu exército desertou, ele e seus defensores se refugiaram em uma cidadela perto do Templo, que Hircano também cercou. Neste momento crítico Roma interveio, mas em 65 a.C. um dos oficiais encarregados de Pompeu aceitou um suborno para apoiar Aristóbulo e ordenou a retirada de Hircano. No ano seguinte o próprio Pompeu entrou na Síria e depôs Antíoco XIII, o último da dinastia selêucida, fazendo da Síria e da Fenícia uma província romana. Pompeu então se preparou para agir como árbitro na disputa, mas após um apelo dos fariseus pela abolição do governo asmoneu, suspendeu o julgamento temporariamente. Aristóbulo aproveitou a calmaria para ocupar a fortaleza de Alexandria, para a qual Pompeu marchou contra ele e ordenou que se rendesse. Mas indivíduos fanáticos das classes judaicas rejeitaram este apelo à razão, e, fugindo para o monte do Templo, resistiram às forças romanas por três meses. Quando finalmente sucedeu um ataque ao Templo, ocorreu uma carnificina geral de ressurgentes, na qual doze mil pessoas pereceram. Sacerdotes foram mortos enquanto conduziam os sacrifícios no Templo, e o próprio Pompeu marchou com espada em punh o para dentro do Lugar Santo e inspecionou o Santo dos Santos. No entanto, não saqueou o Templo; e, quando a luta terminou, ele ordenou que o santuário fosse purificado e que os sacrifícios fossem retomados.
Os líderes da insurreição foram imediatamente executados, e o próprio Aristóbulo foi conduzido acorrentado para Roma. Embora tenha sido permitido que Hircano retivesse o título de sumo sacerdote e etnarca, não lhe foi franqueado o direito de governar como rei. A esfera de sua autoridade era severamente restrita, de forma que na verdade a sua jurisdição se estendia apenas sobre a Judéia. Jerusalém foi guarnecida por tropas romanas, enquanto os distritos fora da Judéia foram incorporados a uma província recém formada, a Síria. A Judéia foi obrigada a pagar tributo a Roma, e com esta imposição a soberania do estado judeu chegou a um fim. Hircano caiu sob o controle de Antipas, pai de Herodes, o Grande, e embora os asmoneus tenham feito muitas tentativas abortivas para recuperar o poder entre 57 e 54 a.C., eles não foram capazes de aniquilar a dinastia herodiana. Antes de Antipas ser assassinado em 43 a.C., ganhou o firme controle sobre a Judéia nomeando seu filho mais velho como governador de Jerusalém e seu filho mais novo, Herodes, o Grande, como governador da Galiléia. Herodes era um indivíduo brilhante, porém cruel, e a sua astúcia política permitiu que ganhasse o apoio de Antônio, depois da batalha de Filipos em 42 a.C. Mas o filho de Aristóbulo II, com o apoio partiano, lançou um ataque contra ele, e embora Herodes tenha sido vitorioso, acabou tendo que fugir para Roma, onde Augusto o reconheceu como o legítimo rei da Judéia em 40 a.C. No ano seguinte, em uma rápida sequência, Herodes retornou a Ptolemaida com um exército e conquistou Iduméia, Samaria e Galiléia. Após um cerco que durou três meses, tomou Jerusalém em 37 a.C, degolou o filho de Aristóbulo II em Antioquia, e recuperou o controle completo da Judéia.
Pouco antes de Jerusalém cair, Herodes havia se casado com Mariane, que como descendente tanto de Aristóbulo como de Hircano II, representava as duas seções opostas da dinastia asmoneana. Mas o governante temperamental e inescrupuloso só se sentiu seguro como rei dos judeus quando assassinou Mariane e seus parentes sobreviventes. Quando isto aconteceu, na primeira década de seu reinado, a dinastia asmoneana estava chegando ao fim. Embora Herodes tenha servido como um instrumento aos sentimentos religiosos dos judeus aumentando o Templo, seus atos de brutalidade e violência durante os trinta e três anos de seu reinado (37-4 a.C), fizeram com que ganhasse o ódio de seus súditos, em geral. As esperanças de independência para a nação, que os asmoneanos haviam nutrido, não existiam mais. A partir desta época, a dinastia herodiana controlou a vida política da Judéia sob a supervisão romana. O Sinédrio já estava dominado pelos fariseus, que usaram sua posição para impor uma grande variedade de restrições sobre a vida religiosa da nação em uma tentativa de resistir às incursões do helenísmo. Embora os seus ideais políticos e econômicos divergissem consideravelmente dos ideais dos saduceus, estavam determinados a manter o seu interesse controlador na vida da nação, e ao mesmo tempo mostrar o respeito devido à autoridade romana. Mas a maioria da população desejava ardentemente ficar livre da repressão externa, e começou a olhar de forma crescente para o personagem misterioso do Messias, há muito tempo prometido através de profecias. Eles entendiam que o Messias viria no devido tempo para restaurar um estado teocrático independente na Judéia, e livrar a terra de uma vez por todas de seus opressores, que eram tão difíceis de suportar.
A Seita Qumran
Este reavivamento da visão messiânica era apenas uma indicação da comoção religiosa que tinha sido uma característica conspícua da vida do século II a.C. na Judéia. Havia muita insatisfação por parte do povo em geral com a maneira como os saduceus e os fariseus estavam competindo pelo poder no estado judeu. Alguns grupos ficaram tão desiludidos com o que eles consideravam o gritante mau uso das funções sacerdotais, que romperam com o ponto central do judaísmo e formaram suas próprias comunidades religiosas. No século anterior ao nascimento de Cristo, havia na Judéia várias seitas que praticavam batismo judeu, sendo que os vestígios das mais notáveis delas foram descobertos em 1947, em algumas cavernas no alto das colinas do Uádi Qumran, e também em uma ruína próxima. Por acaso alguns árabes beduínos descobriram jarros e manuscritos nas cavernas de Qumran, e assim chamaram a atenção do mundo para os Pergaminhos (ou Rolos) do mar Morto.’ O maior destes manuscritos era uma cópia do livro de Isaías, que ao ser examinado provou ser quase mil anos mais antigo do que qualquer outra cópia anteriormente conhecida. Na mesma caverna, foi recuperado um comentário sobre Habacuque, uma Lei Comunitária que regulava a conduta da seita de onde os manuscritos tinham vindo, e um outro manuscrito que estava em péssimas condições e que posteriormente se descobriu que se tratava de uma paráfrase de porções do livro de Gênesis. Outros manuscritos que pertenciam à mesma coleção haviam sido removidos, tempos antes, por membros de tribos árabes, e subsequentemente passaram para a posse da Universidade Hebraica de Jerusalém. Dentre estes manuscritos incluíam uma cópia menor e fragmentada do livro de Isaías, alguns hinos de ação de graças, e um documento alegórico intitulado, “A Guerra dos Filhos da Luz e dos Filhos das Trevas”.
Explorações posteriores da área geral revelaram a presença de algumas outras cavernas no Uádi Qumran, nas quais se descobriram manuscritos ou fragmentos adicionais, enquanto uma ruína adjacente conhecida como Khirbet Qumran, chamou a atenção dos arqueólogos de Jerusalém e do Jordão. Quando o morro foi parcialmente escavado, descobriu-se que ele havia sido o palco dos acontecimentos da comunidade, cujas origens foram subseqüentemente posicionadas no período macabeu. Das ruínas emergiram os vestígios de uma sala comunitária, um salão de jantar, aquedutos e cisternas usados para coletar a água da chuva, oficinas, e um escritório no qual os manuscritos da comunidade tinham sido copiados. Escavações no local desde 1953 mostraram que houve três períodos principais de ocupação, sendo que o primeiro era marcado pela presença de moedas do tempo de João Hircano (135-104 a.C.), que se estendeu até 39 a.C. Talvez um terremoto, que danificou o centro comunitário, tenha feito o local ser abandonado por algum tempo,14 mas, de qualquer modo, a segunda fase de ocupação começou com o reinado de Arquelau (4 a.C. — 6 d.C), como foi indicado por um depósito secreto de moedas deste período. Se algumas moedas contemporâneas recuperadas do local puderem ser consideradas como um fator indicativo, o centro parece ter sido abandonado novamente por volta de 70 d.C, quando talvez tenha sido ocupado por soldados romanos. O estágio final da ocupação, marcado por moedas do tempo de Adriano (117-138 d.C.) mostra que o assentamento foi provavelmente usado durante algum tempo por guerrilhas judaicas, durante o período da Segunda Revolta Judaica.
A literatura dos sectários de Qumran torna evidente que no início do século II a.C. a irmandade religiosa tinha se separado do que se considerava o sacerdócio apóstata dos fariseus e saduceus. Na desolação do deserto da Judéia os dissidentes haviam estabelecido uma comunidade de caráter rigoroso e exclusivo (que praticava o batismo), que se baseava firmemente nos princípios da lei mosaica, e que se considerava o único precursor verdadeiro do Messias judeu. A natureza de seu pensamento messiânico foi indicada pela descoberta de uma coleção de textos autênticos do Antigo Testamento sobre o assunto, e, por meio dos quais a sua alimentação sacramentai antecipava o banquete triunfal que supostamente ocorreria por ocasião do nascimento da era messiânica. Esta é uma das numerosas ironias da história judaica: que esta comunidade profundamente religiosa, que estava buscando com toda sinceridade recuperar o que tinha um valor espiritual permanente na tradição do povo hebreu, tenha sido impedida, por sua própria exclusividade, de receber o Messias de Israel, cuja vinda aguardavam tão decididamente.
Esta expectativa foi realizada pouco antes da morte de Herodes o Grande, na época do nascimento de Jesus Cristo, o Messias de Deus, cuja vinda cumpriu as esperanças dos profetas. O lado trágico da situação foi que os judeus falharam em reconhecer em sua Pessoa e obra, a libertação maior do espírito humano, que por sua própria natureza transcendia as considerações puramente políticas ou territoriais. A liberdade que Jesus iria conquistar para os homens era de ordem espiritual, libertando-os da servidão às instituições puramente humanas, e reivindicando sua lealdade a um reino que não era deste mundo. A expiação que Jesus alcançou na cruz emancipou os homens da subserviência ao pecado, e atingiu um objetivo redentor que estava totalmente além do alcance da antiga lei. Este ato trouxe os seus sinceros seguidores para uma comunhão de liberdade espiritual, transcendendo barreiras de raça e localidade, e estabelecendo sobre a terra um novo e duradouro Israel de Deus.
——- Retirado de R. K. Harrison – Tempos do Antigo Testamento.
Leia também:
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- Os Patriarcas na Palestina
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- Do Egito Antigo ao Período de Amarna
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- A Ascensão de um Governo Centralizado em Israel
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