Faça um favor a você e, antes de ler este post, leia os três artigos abaixo. Vai fazer muita diferença.
Verbis Diablo é um termo original da série Penny Dreadful que explicamos neste artigo, pois o emprestamos para designar algo em Anthares que é muito parecido com o que significa na própria série: a língua profana do diabo. O nome, em nosso universo ficcional, veio a ser cunhado apenas muito tempo depois, por volta de 1800. Em Anthares, porém, trata-se de algo muito, mas muito mais sofisticado.
PANO DE FUNDO HISTÓRICO
Depois da Insurgência, o diabo e seus seguidores começaram a se organizar, e eles não deixaram passar nenhum detalhe. Uma das regras que eles estabeleceram foi não usar mais o Idioma Criacional. Aliás, não usá-lo mais do jeito certo. Para isso, o próprio diabo usou toda a sua inteligência e malícia e ressignificou as palavras do idioma de forma que pudesse ser usado não apenas como uma língua profana, mas literalmente para amaldiçoar. Para explicar melhor o que ele fez, vamos a alguns exemplos.
A RESSIGNIFICAÇÃO
I love; Maite dut; Jeg elsker — Todas essas combinações significam a mesma coisa em idiomas diferentes: Eu amo. Nenhuma dessas palavras existe ou faz qualquer sentido em Português. Mas… e se um grupo de brasileiros quisesse (ou precisasse) trocar alguma palavra proibida do Youtube ou Facebook por uma delas para não cair no filtro de censura? Para isso fazer sentido, bastaria que a audiência fosse avisada sobre a troca, certo? Assim, automaticamente, “Jeq” poderia passar a significar, por exemplo, “feminista”, e assim por diante. Mas aqui estamos falando de palavras de outros idiomas colocadas no nosso, então vamos dar um passo além.
Você sabia que “bunda” em tcheco significa jaqueta? Pois é. E tem exatamente a mesma pronúncia. É realmente a mesma palavra, mas com um significado completamente distinto desse que nós damos no Brasil. O que aconteceria se todos os brasileiros decidissem simplesmente trocar um significado pelo outro? Nada de mais: a palavra apenas mudaria de uso e pronto. Aqui, ainda estamos falando de uma palavra de outro idioma, mas que existe em Português com o mesmo som para significar outra coisa.
Até em Português mesmo nós já temos palavras iguais que significam coisas diferentes, não é? Isso se chama polissemia. Por exemplo: manga (fruta e parte da camiseta); letra (o grafema, o jeito de escrever e o texto de uma música); banco (de sentar e de guardar dinheiro).
Agora, imagine o seguinte: e se nós pegássemos 500 palavras das que mais usamos em Português e trocássemos os seus significados entre si? Por exemplo, se nós trocássemos as seguintes palavras:
eu > agora
quero > engasgue
água > depressa
Como ficaria a frase “eu quero água”? E qual seria o seu sentido usando o uso comum das outras 3 palavras?
Isso parece mais uma automaldição do que um pedido de água, não é?
E olha que nós estamos usando o Português, que é apenas um monte de barulhos que nós mesmos, com o tempo, fomos significando. Mas o Idioma Criacional não é isso. Se não leu ainda, por favor, leia o conteúdo clicando no link. O Idioma Criacional é a equivalência exata da realidade, de forma que as suas palavras estão harmônicas e conectadas com as coisas. Além disso, a própria realidade foi desenhada e responde a essa linguagem. É por isso que, com o Idioma Criacional, pode-se lançar comandos ao universo, mudando as coisas, certo?
Então, imagine que ao invés de “agora engasgue depressa”, a pessoa use as palavras equivalentes a estas no Idioma Criacional, porém, sem saber que está fazendo isso!
Os demônios todos dominam o Idioma Criacional e, orientados pelo diabo, decidiram deturpá-lo. Este é o Verbis Diablo.
E ele só funciona para os anjos. Pois se um humano aprender esse idioma profano, ele apenas usará as palavras já ressignificadas, sem a menor noção do que elas significam para o universo, que é o que importa. Enquanto ele de fato está comunicando uma coisa aos demônios (ou a quem quer que o entenda), ele também está comunicando outra coisa ao universo. E o pior: se ele usar o idioma com o fator “fé”, tal como explicado em A Fé em Anthares, isso é suficiente para que aquelas palavras sejam obedecidas pela realidade à sua volta.
Em outras palavras: o Verbis Diablo amaldiçoa sem que o usuário humano saiba.
E o problema vai muito além. O diabo não apenas inverteu o sentido das palavras. Ele fez algo muito mais perigoso, que tem a ver com o próximo item.
UMA SINTAXE MALDITA
A sintaxe é o conjunto de regras para se criar frases. Cada idioma tem uma sintaxe própria. É por isso que, por exemplo, a pergunta “O que você mais gosta daqui?”, em inglês, não fica “The that you most like here?”, mas sim “What do you most like here?”. Veja que as palavras não podem ser traduzidas uma por uma e colocadas na mesma ordem. Se você sabe um pouco de inglês, isso é bastante óbvio.
Tanto em Inglês quanto em Português, ou qualquer outro idioma, além das palavras precisarem ser postas numa sequência muito específica para as frases terem qualquer sentido, existem ainda palavras sem tradução que servem apenas para dar sentido às frases.
O que o diabo fez com o Idioma Criacional, além de trocar o sentido de praticamente todas as palavras, foi o seguinte: usar certas palavras muito específicas para criar um idioma com uma sintaxe de um jeito que praticamente qualquer frase formulada é uma maldição, às vezes para quem fala, às vezes para quem ouve.
No uso comum do Idioma Criacional, nem todas as frases são comandos. Um comando precisa estar no modo imperativo ou encontrar alguma outra forma sintática para indicar que trata-se de um pedido de inserção de códigos no sistema. Caso contrário, mesmo com “fé”, a frase simplesmente não funciona, pois ela não é um código válido. Mas isso não é verdade no Verbis Diablo.
A própria sintaxe do Verbis Diablo foi planejada com maestria para amaldiçoar em quase qualquer tipo de frase.
Para fazer a língua, o diabo distorceu foneticamente as palavras, em algumas situações simplesmente deu significado oposto, algumas outras vezes as palavras estão quebradas sem nenhuma razão específica, em outros casos muda de significado de acordo com a sentença, e os componentes auxiliares podem aparecer ou não. A razão para tal complexidade é evitar que as pessoas possam entender e aprender a língua. Só aqueles que realmente foram tocados pelo diabo podem compreender o que o profanador quer dizer. Ou, é claro, se você for um anjo caído da primeira incursão.
Entenda: “amaldiçoar”, aqui, é no sentido de causar algum malefício no usuário, algum efeito indesejado e que tenha sentido dentro da agenda dos Insurgentes, como foi esclarecido no artigo sobre os Acsï, seus grupos e agendas.
UM QUESTIONAMENTO
Ora, então como é que os próprios demônios não saem lesados usando esse idioma?
Resposta: Por dois motivos: (1) a sintaxe foi feita pensando em coisas que geralmente afetam seres humanos; (2) numa conversa normal, no dia a dia, as palavras não surtem efeito algum, pois o “Ok, Google” (que é a “fé”) não foi dado; assim, o universo não acata os comandos; (3) mesmo naquelas vezes em que o Verbis Diablo afeta o meio (e não os usuários diretamente), isso não afeta anjos, pois o Idioma Criacional altera apenas a realidade material de sua própria dimensão; e os Acsï (anjos e demônios) não fazem parte de sua substância.
E, sim, nós já estamos desenvolvendo esse idioma. Em breve, este artigo trará alguns exemplos.
Fizemos também um post bem breve mostrando a relação entre a criação do Universo narrada em Gênesis, a missão da humanidade e o Idioma Criacional, sob o título A Missão da Humanidade.
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