Este post trata especificamente das propostas de harmonização e adaptação da mitologia nórdica para o Universo Anthares. Como se imagina, iremos pressupor toda a mitologia de Anthares, enquanto da mitologia nórdica iremos pressupor apenas o elemento da tradição oral. São fatos apenas aqueles elementos que concordam com a descrição de Anthares, enquanto o restante é adaptação da tradição oral.
Estamos pressupondo também que você leu o texto introdutório sobre A Cosmogonia Nórdica em Anthares.
Vamos tratar dos elementos em ordem cronológica. Todos os links abaixo são referências diretas.
O INÍCIO DOS TEMPOS
Na visão da profetisa, o universo nasceu da união dessas energias opostas: a expansão, pela força ígnea, e a contração e a cristalização, pelo gelo. Perceba que essa é apenas uma forma mais material/palpável de descrever o que aconteceu no Primeiro Discurso, Enquanto o Völuspa narra apenas a própria criação, Anthares narra não apenas o desenrolar dos eventos, mas o que havia antes e quem trouxe tudo à existência (aqui). Ou seja, o Völuspa fala da criação apenas da perspectiva da própria criação.
As regiões Muspelheim (fogo) e Niflheim (gelo) podem ser associadas ao Paraíso e ao Inferno ou ao Éden e ao Tártaro. A primeira solução é mais complexa e demandaria uma informação revelacional, talvez dada por um acsi. A segunda é mais simples, pois foi assistida pela família de Noé e repassada pela tradição oral que se deturpou. Como? Simples: o Jardim do Éden também tinha uma fonte. Depois que Adão e Eva foram banidos do Éden, um guardião foi posto para guardar o local e protegê-lo da humanidade (Gênesis 3:24), o que combina perfeitamente com a figura de Surt e sua espada flamejante, que também combina perfeitamente com a figura de Daxa, o temido Vapor de Ferro.
O conteúdo do post introdutório também mostra que no início havia apenas um vazio, um grande abismo, e a partir daí surgiram duas regiões distintas, uma fria e outra quente. Esse abismo combina perfeitamente com a narrativa também canônica em Anthares que está em Gênesis 1:1-2. Novamente, enquanto Anthares trata da perspectiva divina, o Völuspa traz apenas a perspectiva da criação, por isso as coisas “brotam” do nada.
OS SERES NÓRDICOS EM ANTHARES
1. Os deuses. Você precisa ler os nossos posts sobre os Acsï. É relativamente simples justificar na tradição oral o aparecimento de classes diferentes para gigantes, tanto quanto para os deuses. Basicamente, todos os deuses são acsï, tal como acontece com a harmonização da Mitologia Grega em Anthares.
2. Os gigantes. Como vimos no início, não há justificativa em nenhum conto nórdico para as disputas eternas entre os gigantes e os deuses. Isso se alinha com Anthares, onde os gigantes (nefilins) são filhos dos acsï, o que não impede que eles tenham se enfrentado em vários momentos. Vimos também que existem 3 tipos de gigantes. Em Anthares, também temos uma variação entre os gigantes, que você pode ler no post sobre os Nefilins.
3. Os anões. Infelizmente, não temos anões sobrenaturais em Anthares. Ainda não tivemos nenhuma ideia de como justificar esses personagens em nosso universo. Aceitamos sugestões.
4. Os elfos. Também não temos elfos em Anthares. Mas é possível associá-los ao segundo nível dos gigantes, que são os filhos dos nefilins, como explicamos no post.
Outras associações podem ser feitas com deturpações na tradição oral acerca dos Drishs. Leia os artigos sobre eles.
A GRANDE BATALHA
O Völuspa descreve como, logo no início dos tempos, Odin e seus dois irmãos entraram na guerra entre deuses e gigantes, derrotando o grande Ymir, trazendo um grande dilúvio. Essa é apenas mais uma referência que concorda com dezenas acerca dessa catástrofe mundial, narrada por tradições em volta de todo o globo, e que também temos em Anthares, com suas peculiaridades.
1. O Dilúvio. Em Anthares, o dilúvio foi a punição de Nuhat à humanidade, que foi reiniciada com a família de Noé, mas sua principal função foi exterminar os gigantes e aprisionar Rohä, como você pode se informar nestes links.
O evento pode ter sido precedido por batalhas entre gigantes e os Acsï que ficaram nas memórias dos filhos de Noé e depois foram sendo adaptadas em cada tradição, como aconteceu também para os hindus, os povos pré-colombianos e os gregos. Os motivos para as batalhas podem ser diversos, mas existe um em específico que pode ter sido o principal: o fato de que os gigantes trouxeram um grande transtorno ao mundo, que praticamente exigiu uma intervenção imediata de Nuhat, punindo junto Rohä. O anúncio foi feito com antecedência, então não seria de se estranhar que houvesse batalhas.
2. Odin contra Ymir. Quanto a Odin ter exterminado Ymir, isso tem outra explicação, com uma confusão entre eventos e seres envolvidos no momento pré-diluviano e em acontecimentos posteriores. Preste atenção:
Odin, em Anthares, é um dos insurgentes que também teve as inclinações de Rohä, mas no último momento, por causa de Laqauszi (busque o termo no post), desistiu da ideia e permaneceu na agenda do acsi opositor. Depois do dilúvio, foi justamente Odin quem convenceu outros para a Segunda Crise, gerando novos nefilins. Ou seja, Ymir pode ser o nome de um acsi de Rohä, que não foi realmente derrotado por Odin, mas aprisionado. A confusão da narrativa nórdica se dá pelo fato de Odin ter presenciado a batalha anterior ao dilúvio e ter ele mesmo “sobrevivido” ao evento.
3. O gigante sobrevivente. O mito conta que Bergelmir foi o único gigante que sobreviveu à destruição pelo dilúvio e foi ele mesmo quem tratou de repovoar um dos planetas com sua espécie. Em Anthares, está óbvia a confusão: na própria Bíblia, há gigantes antes e depois do dilúvio sem que haja qualquer esforço de explicar a conexão. Por quê? Porque realmente não há conexão. Os gigantes pós-dilúvio não têm qualquer relação com os anteriores, a não ser pelo fato de terem sido gerados também pela relação de humanos com os acsï, porém, numa “segunda onda”. Então, Bergelmir pode ter lastro em algum gigante de Anthares, exceto pelo fato de que a notícia de que ele seria um sobrevivente é a mais pura fake news.
OS NOVE MUNDOS DA YGGDRASIL
O mito nórdico fala sobre Nove Mundos, contando com Midgard, que é o planeta Terra. Mas como já vimos, em Anthares dois deles não são planetas, mas lugares muito específicos (Éden e Tártaro).
Em Anthares, temos 3 dimensões que podem ser associadas cada uma com um plano ou mundo de Yggdrasil. Além disso, temos (4) um outro planeta habitado em uma dessas dimensões, (5) o Tártaro e (6) o Inferno, que poderiam ser confundidos facilmente, na tradição oral, com outros desses planos ou mundos. Podemos ainda incluir o (7) Paraíso e (8) o Éden. Então, até aqui temos apenas 8 deles. Aceitamos sugestões de como fechar os nove.
De qualquer forma, fica evidente que esses lugares míticos e sobrenaturais ganharam narrativas que os colocaram gradualmente no mesmo nível dos planetas e até dimensões.
O mito também fala de Bifrost, uma ponte dimensional que fazia conexão entre os mundos. Isso combina com o Portal entre as dimensões em Anthares, que depois foi selado e se tornou um ponto de referência para os Acsï.
O portal nada mais era do que um transubstanciador de matéria, emulando a capacidade nata dos Acsï. Depois de fechado o portal, restou a projeção astral para acessar as dimensões, algo que foi descoberto ainda no período pré-diluviano, devido aos esforços humanos diante dos sinais dos tempos. Isso contribuiu tanto para formar o imaginário com relação a uma ponte divina entre os mundos. Além disso, os próprios Acsï podem ter começado um tipo de culto mediante sacrifícios para que seus seguidores tivessem algum tipo de auxílio para acessar essas dimensões.
O FIM DOS TEMPOS
Como vimos no link acima, o Völuspa foi escrito por uma mulher e isso apenas por volta do ano 1000. E qual o motivo? As pessoas temiam o fim do mundo por causa de três temporadas seguidas de invernos violentos que, para eles, prenunciava o “inverno sem fim” (Fimbul), precursor do Ragnarök, o “fim dos tempos”. Isso, por si só, já diz muita coisa sobre a mitologia nórdica.
O Ragnarök, em Anthares, é um prenúncio, não necessariamente profético, de uma segunda destruição, mas dessa vez com a derrota dos deuses e não dos gigantes. Em Anthares, isso também faz sentido, visto que no Dilúvio houve, do ponto de vista humano, uma derrota catastrófica dos gigantes, enquanto os acsï tiveram apenas o anúncio de sua punição no fim dos tempos. Confira a descrição do Cataclisma.
Sobre o Ragnarök, diz-se que vários gigantes, incluindo Loki, vão ser soltos de suas prisões para liderar o ataque massivo contra os deuses. Agora, considere o seguinte: a mitologia grega diz que na batalha entre os titãs (gigantes) e os deuses, os titãs foram aprisionados no Tártaro. Sabendo da mitologia, o apóstolo Pedro não se incomodou em usar a referência para explicar outra coisa: espíritos aprisionados, usando especificamente a palavra “tartaros” do grego, Τάρταρος), única vez que ela é usada em toda a Bíblia (2Pedro 2:4). Em Anthares, então, o Tártaro é para os acsï (representado pelos deuses no mito grego) e não para os gigantes. No mito nórdico, da mesma maneira que no grego, os deuses venceram a batalha, o que implicaria dizer que os gigantes foram engolidos pelo dilúvio. Em Anthares, os gigantes também foram engolidos no dilúvio, mas não pelo mesmo motivo. No entanto, eles apenas morreram, enquanto os acsï, que são imortais, foram aprisionados. Por isso, se tudo sobre Loki fosse pré-diluviano, ele teria que ser necessariamente um acsi ou, como gigante, apenas morreu no evento. Por outro lado, se os eventos com Loki forem posteriores ao dilúvio, ele pode ser tanto um gigante banido quanto um acsi banido.
PERSONAGENS NÓRDICOS
Loki é a figura mais destoante de todo o imaginário nórdico e não sabemos ainda como reproduzi-lo em Anthares. Aceitamos sugestões.
Thor é um acsi que, por algum motivo, na região da Grécia foi entendido como o rei dos deuses, rei do Olimpo, o próprio Zeus, como explicamos aqui. Há ainda uma associação com um deus alemão, anterior ao mito de Thor. Em todos os templos de Thor existiam pilares ou troncos de carvalhos cheios de pregos, nos quais se batia com um martelo para produzir faíscas e acender o fogo ritual. Os pilares simbolizam o domínio de Thor sobre o céu e o tempo, uma reminiscência das épocas em que seu culto era realizado nos bosques de carvalhos. O predecessor de Thor na Alemanha era Donar que, assim como Zeus, era associado ao relâmpago e aos carvalhos, as árvores mais atingidas pelos raios.
Odin ainda não foi associado a ninguém em específico do panteão grego. Ele tem uma história levemente parecida com a de Zeus. Enquanto Odin matou seu avô no início dos tempos, Zeus matou seu pai. Nos dois casos, eles foram acompanhados de seus dois irmãos. Isso pode ser explicado com a distorção na tradição oral.
Heimdall, em Anthares, apesar de simpático aos Acsï e próximo a eles, não é contado entre eles. Esse personagem está associado ao Observador. Ou seja, a tradição oral nórdica confundiu sua figura.
Surt é Daxa. Como Daxa não está entre os banidos, apesar de ser um insurgente, ele facilmente seria contado como inimigo dos banidos (aqui, representados pelos deuses nórdicos).
Tyr é provavelmente Ares da mitologia grega, o deus da batalha.
Ull é provavelmente Hades da mitologia grega, o deus da morte.
Freya é provavelmente Afrodite da mitologia grega.
Vali talvez possa ser associado ao arcanjo Miguel.
Vidar está associado ao acsi Hanae.
Sol e Lua já têm associações em Anthares, que você pode ler aqui e aqui. Mas a harmonização com os elementos nórdicos está no link abaixo.
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