Mimir – Deuses Nórdicos

(Mimr, Mimi)

“O Mais Sábio”

Conhecido como o mais sábio dos deuses Aesir, Mimir era guardião de uma das fontes que brotava das raízes de Yggdrasil. Seu mito é incompreensível, sendo evidente a mistura de alguns elementos de tradições mais antigas com acréscimos mais recentes. Após o armistício entre os deuses Vanir e Aesir, que colocou fim a uma batalha que parecia interminável, Mimir foi enviado como refém para os Vanir, junto com o silêncioso de Hoenir que enfureceu os Vanir que, inexplicavelmente, se vingaram cortando a cabeça de Mimir. Com ervas e encantamentos com runas, Odin embalsamou sua cabeça e colocou-a dentro da fonte de Yggdrasil. Por meio de invocações e símbolos rúnicos, Odin conseguia fazer a cabeça falar e, por meio dela, buscava orientação e conselhos sábios quando precisava. Para adquirir a essência mágica das runas e obter mais sabedoria, Odin se auto-imolou por nove noites e nove dias e sacrificou até mesmo um de seus olhos para beber da fonte encantada guardada pela cabeça de Mimir. Segundo alguns autores, era nessa fonte que se encontravam as runas, “as muitas verdades desconhecidas aos homens”. A descrição de uma guerra entre duas dinastias de deuses é, em várias mitologias, um tema comum que relata, de maneira matafórica, a rivalidade entre religiões e a substituição de uma religião por outra, com a consequente perseguição e difamação das antigas divindades e dos valores dessa tradição. Há uma certa confusão acerca do verdadeiro detentor da sabedoria: um mito a atribui a Kvasir, outro, a Mimir – nos dois mitos, os donos originais são eliminados e Odin adquire seus dons. O que é relevante é o fato de a sabedoria ter sido adquirida pelos Aesir após o armistício firmado contra os Vanir. Mimir descendia dos gigantes, enquanto Kvasir teria sido criado pela mistura da saliva das divindades pertencentes aos dois clãs. Hoenir e Mimir podem ser interpretados como aspectos de Odin, e seus nomes indicam a chave de sua enigmática apresentação: Hoenir se origina de Hugr; Mimir, de Minni, raízes dos nomes de Huginn e Muninn, os corvos totêmicos de Odin, que representam suas habilidades intuitiva e cognitiva. Mimir simbolizava, portanto, a memória de Odin, cujos ancestrais eram os gigantes. A consulta de Odin à cabeça de Mimir simboliza o acesso ao conhecimento oculto, vedado aos novatos e permitido aos iniciados, que deveriam usar recursos mágicos. Ao entregar um olho para Mimir, Odin direciona sua visão para os dois mundos – o real, que enxerga com o outro olho, e o transcendental, no qual penetra com o olho doado e guardado no fundo da fonte de Mimir. Nesse poço sagrado, Heimdall também guarda um de seus ouvidos, o que lhe possibilita a audição ampla de tudo o que se passa no mundo de cima e no de baixo. Na visão feminista, Mimir é visto como a representação de Madr, a Mãe Cósmica, ou Miming, um aspecto das Deusas do Destino. No entanto, independentemente de seu gênero, o importante é ver Mimir como guardião da fonte da inspiração e sabedoria ancestral, na qual o buscador e o iniciado nos mistérios podem mitigar sua sede por conhecimentos – pagando um preço por sua obtenção e uso.

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