RESUMO DO NÚCLEO
Muito tempo atrás, quando as dimensões ainda eram unidas e estavam acessíveis pelo portal de Keshuah, e a perversidade havia corrompido toda Fonte Azul, Nuhat ordenou o selamento do portal. O guardião, por sua vez, lançou uma maldição contra o povo que ficaria do outro lado. Ele fechou o portal e prometeu uma guerra terrível que os pegaria de surpresa. Pois, um dia, o portal se abriria novamente. Eles não mais ficariam impunes. Assim que terminou sua fala, para evidenciar o que disse, o guardião bateu seu cajado ao chão, disparando uma onda de choque na horizontal, com um risco que subiu alto e pintou os céus. O anúncio e o céu amaldiçoado foram vistos e entendidos por cada humano e drish.
O guardião era sagaz. Na realidade, não havia maldição alguma. A consciência pela culpa e o pavor dessa espera eram a própria punição.
A HISTÓRIA
Quando Nuhat mandou Keshuah selar o portal, o guardião sabia exatamente o motivo: era uma punição primordialmente para Rohä que, no Dilúvio, entraria num estado de pré-punição, sofrendo, mas não tanto quanto sofreria no Dia do Tormento, no fim dos tempos. E tudo isso havia começado por causa dos teokosa (os humanos), que insistiram em seduzir os insurgentes, dos quais o próprio Keshuah também fazia parte. Os culpados, para ele, eram os teokosa.
Ao receber o anúncio e a ordem do selamento, seu corpo ferveu de ódio. Como os humanos de um lado, junto com os nefilins e seus descendentes, seriam todos mortos, enquanto o outro lado sairia ileso? Porém, os insurgentes, apesar de discordarem de Nuhat, não ousariam jamais desobedecê-lo. O que ele fez, então, foi agir dentro das possibilidades das rédeas, armando a ameaça psicológica contra todo o povo que nem sequer saberia o que se passaria do outro lado (o Dilúvio). Ele foi enfático: um dia o portal se abriria novamente quando eles menos estivessem esperando, e seria o fim.
O terror da profecia e a sensação da iminente abertura do portal foram a própria maldição para aquele povo. E essa não foi toda a consequência.
Tanto humanos quanto drishs se prepararam por longos anos, observando o portal, contando os segundos, por medo de serem surpreendidos e punidos quando o portal se abrisse.
Nos primeiros séculos, isso aconteceu tanto com humanos quanto com drishs. Os povos humanos, depois dos primeiros séculos, foram perdendo a sensação de desespero e continuando as suas vidas, pois a cada nova geração, a profecia parecia menos provável, mais distante e pouco confiável. Ainda assim, toda a cultura da região (música, arte, arquitetura, tecnologia, etc.) foi desenvolvida em torno dessa tensão.
Por outro lado, os drishs, que são seres mais instintivos e preocupados com a sobrevivência, jamais deixaram de se preparar. Além disso, eles estavam estabelecidos justamente nas imediações do portal, tal como uma colônia (um cupinzeiro, formigueiro, colmeia, algo assim), o que não os deixava esquecer da iminente batalha. Em outras palavras, como essa raça nunca perdeu de vista o problema da abertura do portal. Ou seja, a maldição permeou toda a evolução da comunidade de forma muito profunda. Eles é que são o risco do mundo.
E enquanto toda a cultura dessa raça se desenvolvia a partir da profecia e a aguardava por milênios, esperando o momento de agir e responder com todo poder de fogo que tinham, do lado de cá do portal, a humanidade nem sequer faz ideia de absolutamente nada disso. Desde o Dilúvio, a humanidade do lado de cá apenas recomeçou, e sem nenhuma informação sobre o portal ou a profecia. Ninguém sabe o que houve no passado, nem do portal, muito menos da tal espera desse povo pela abertura dele.
Enquanto o povo mais poderoso de um lado contava os segundos, a humanidade do lado de cá nada sabia.
E, sim, chegado o tempo, o portal realmente se abrirá novamente.
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