A Grande Equação

PRESSUPOSTOS DE ANTHARES

A Grande Equação fala da Teogonia de Anthares. Trata-se de um item de pouco uso e pouca utilidade para a criação das histórias. Foi uma escolha complexa necessária para algumas questões que explicaremos mais adiante. Antes disso, é preciso entender os pressupostos de Anthares e para que eles servem.

Anthares é universo de baixa fantasia. Em outras palavras, ele se utiliza do mundo real e, a este, acrescenta fantasia. Entretanto, não é como em “Bastardos Inglórios”, onde apenas o pano de fundo tem base no mundo real. Anthares pressupõe o mundo real e não contradiz os eventos históricos com alta historiografia.

Um exemplo sobre uma limitação óbvia aos contos: se alguém quer escrever um conto que se passa na Alemanha nazista, especificamente no período de Hitler, então precisa, no mínimo, levar em conta que isso tudo estava acontecendo, ainda que não trate, nem cite nada disso. Um romance entre dois jovens brasileiros que se passe em Curitiba na década de 80 é plenamente compatível. Mas deixa de ser compatível se o autor disser que Curitiba nessa época tinha como prefeito alguém diferente da realidade. Outro exemplo: mitologias que ainda não estejam no cânon de Anthares, para serem inseridas precisam ser reinterpretadas a partir da realidade do universo, com toda adaptação necessária. Por exemplo, um deus grego pode existir, desde que tenha sua origem em um acsi, em uma alucinação ou algo mais que se encaixe dentro dos fundamentos de Anthares. Esses fundamentos englobam a cosmogonia, toda a mitologia e a forma como algumas coisas funcionam, como a magia.

A Grande Equação trata dos eventos mais anteriores possíveis deste nosso universo ficcional. Portanto, entenda: não se trata de uma propaganda religiosa e sim de uma decisão literária. Ateus podem lidar com isso da mesmíssima forma com que lidam com absolutamente quaisquer outros universos ficcionais, como a Terra Média, Nárnia, os cenários de RPG, o Universo Marvel, etc.: Anthares é um universo ficcional com um mito fundante próprio. Apesar de baseá-lo na cosmogonia hebraica e pressupor como parte do seu mito fundante a narrativa bíblica, esses elementos não precisam de forma alguma aparecer em histórias que não digam respeito a eles. Se não entendeu, pergunte.

A TEOGONIA

Praticamente todas as religiões e mitologias do mundo todo têm em comum estes três elementos fundantes: teogonia, cosmogonia e antropogonia. Mas há uma grande diferença entre o judaísmo e o cristianismo em relação às demais que aparece no primeiro desses itens.

Na cosmovisão de praticamente todas as religiões, então, os deuses tiveram uma origem (teogonia). Na mitologia grega, egípcia, iorubá, nórdica, xintoísta e taoísta, por exemplo, os primeiros deuses vieram a partir de fluidos corporais (saliva, suor, sêmen ou qualquer outro tipo) expelidos ou vindos de um deus-criador cósmico, cuja existência é posterior a um caos e, às vezes, decorrente dele. Assim, a frase “no início, havia o caos” é a introdução que representa quase todas as mitologias e religiões, mas não o judaísmo e o cristianismo, onde tudo se inicia já com a criação, pressupondo Deus.

Mas a partir do caos, como um deus viria a existir (ontologia)? Bem, no mundo antigo, algo veio à existência quando foi separado como uma entidade distinta, com uma função designada e um nome dado. Isso leva à conclusão de que os deuses só eram considerados “existentes” à medida que fossem nomeados e suas funções no universo claramente e especificadas. Em outras palavras, o binômio nome-função fazia parte da essência de cada deus, fora do qual ele não poderia existir. Na mitologia acadiana, embora a teogonia seja similar à egípcia, os deuses vêm à existência por meio de matrimônios e conjunções cósmicas. Dessas conjunções, nasce o mundo físico e material (cosmogonia).

Fizemos um post para comparar em detalhes as mitologias e religiões, que você pode ler neste link.

A Bíblia Hebraica apresenta sua teogonia e a antologia do Deus de Israel de forma totalmente oposta. Yahweh, o único Deus de Israel, não tem gênese. Não foi criado, nem teve um momento específico em que veio à existência. Seu próprio nome revela essa eternidade (“Eu sou o que sou”, Êxodo 3:13-14). Além disso, a narrativa em Gênesis já começa com o relato da criação dos “céus e da terra” (elementos que nas outras religiões surgem do nada ou emanam de alguma divindade que surgiu do próprio caos). Na cosmogonia hebraica, a criação do Universo não depende da existência de uma narrativa sobre a criação de Deus, uma vez que sua existência absoluta e eterna é pressuposta. Diferente dos demais deuses, o Deus de Gênesis não depende de nenhuma causa anterior para existir, sendo Ele mesmo o supremo governante de todas as coisas. Em outras palavras, a narrativa do texto sagrado judaico-cristão não existe para explicar a origem do Deus a quem eles adoram, mas como Ele criou a realidade e a humanidade (cosmogonia e antropogonia), além do seu propósito. Este, por fim, é outro item destoante das demais narrativas mitológicas, nas quais praticamente não existe a ideia de teleologia criacional.

Assim é a teogonia de Anthares, com Nuhat, sua divindade suprema.

A COSMOGONIA

Como todo universo fantástico, o Universo Anthares tem uma cosmogonia própria. Ou seja, tem sua própria maneira de explicar como aquela realidade veio à existência. É disso que se trata A Grande Equação.

Em nossa cosmogonia, Anthares foi criado por Nuhat, a divindade onipotente e pré-existente. Aqui, já vemos a nossa primeira grande escolha em termos mitológicos: Anthares não era (nem é) um universo caótico.

Antes de ser uma simples narração de como tudo veio a existir, a Grande Equação é uma explicação mais filosófica e poética de como a realidade em Anthares funciona, a começar pelo fato de que Nuhat antecede o Tempo e o Espaço, e nada escapa aos seus intentos. Ou seja, é o único absoluto. Em suma, Nuhat precede a própria realidade ou, se preferir, a existência.

Em resumo, este núcleo serve a este propósito: todo arcabouço filosófico ou científico acerca da origem da realidade, seja teleológica ou não, precisa ser derivada daqui. Por isso, a Grande Equação não é exatamente um núcleo narrativo, mas uma descrição de um dos fundamentos de Anthares.

Segue abaixo parte do texto canônico a esse respeito.

A GRANDE EQUAÇÃO

Na eterna completude, perfeição, satisfação e suficiência daquele que veio a ser chamado de Nuhat, a Vida, algo aconteceu: a Grande Equação iniciara na perpetuidade. Um espontâneo presente perpétuo em movimento preservava o imediato absoluto na mente da comunidade pré-existente e suficiente, autora e doadora da vida.

Todos os instantes, tais quais os lugares, só passariam a coexistir quando fossem chamados. Mas desde o instante primevo até a eternidade, tudo estava concluso e desnudo diante dos seus olhos. A Grande Equação não era sobre a Criação, mas sobre toda a História, composta e regida; a Soberania e a Providência.

A exatidão daqueles pensamentos equacionara todos os caminhos, tornando previsível o andamento de tudo; até que se satisfez, e então, discursou.

Veja que Soberania e Providência são duas faces da mesma moeda. Em Anthares, Aquele que compôs, também rege. A Soberania é o conjunto de decisões; a Providência é o ajuste fino, que incluiu desde o início suas próprias intervenções durante a regência.

Acerca do problema do mal, a discussão pode ser iniciada a partir deste daqui: a continuidade da consciência temporal é necessária para que a experiência de dor seja processada subjetivamente como sofrimento.

Sério, faça um esforço para entender a frase acima. Leia-a 500 vezes se precisar. É importante. Só depois de entendê-la, leia a citação abaixo, de

O livro de Deuteronômio ensina que o sofrimento pode ser resultado da disciplina divina. Deuteronômio 8 assevera que Deus mando u os israelitas para o deserto para quebrantá-los e humilhá-los, a fim de que aprendessem que “o homem não vive s ó de pão, mas de tudo o que sai da boca de Eu Sou”(v. 3). Para os fiéis, o propósito de Deus para as aflições que ele mesmo traz é aperfeiçoar (i.e., disciplinar e salvar); para o tolo, é trazer castigo definitivo. Entretanto, o livro de Jó apresenta uma perspectiva diferente sobre o sofrimento. Nesse livro, o sofrimento é uma realidade básica origem misteriosa. De alguma forma, no desígnio de Deus e dentro da fronteira do cosmo, existe energia caótica, a qual — de uma perspectiva humana — é misteriosa, inexplicável e traumática; esse caos é hostil à vida. Por motivos desconhecidos. Deus não elimina o caos, mas lhe estabelece limites. Assim, Deus diz ao mar: “Ondas altivas”, — existe arrogância e provocação n a imagem que se faz do mar — “até este ponto e não mais além!”. Dentro do universo ordenado de Deus há lugar para inundações, incêndios e furacões, mas eles estão sempre confinados. (Bruce Waltke – Teologia do Antigo Testamento – p.13)

Outro detalhe é o Tempo, que não existe por si só, mas também não foi “criado”. Sobre isso, fizemos este post.

Para o Primeiro Discurso e o Desdobramento do Tempo, confira A Criação das Dimensões.

Quer escrever uma história a partir disso? Encontrou erros ou quer dar sugestões? Entre em contato aqui.

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[…] • A Grande Equação• A Criação das Dimensões• A Insurgência e a Separação dos Acsï• Jauz, o Portal e os Drishs• Sete nasce – (≈ 3670 a.C.)• Suméria fundada – (≈ 3316 a.C.)• O Clã Hakal• Mafug e Novo Mundo• As Águas de Agazohu• A Queda de Rohä• Os Nefilins e o Guardião do Portal• As Conquistas da Fúria• A Fundação de QeMua• Noé nasce (≈ 2744 a.C.)• O Anúncio da Sentença• O Selamento do Portal – (≈ 2590 a.C.)• A Comunidade da Muralha• Os Sinais dos Tempos• A Pirâmide de Quéops – (≈ 2330 a.C.)• Uni, o grande general egípcio (2300 a.C.)• A Descoberta dos Ambientes Não-físicos• O Dilúvio – ano 1656 (≈ 2144 a.C.)• A Contenção de Rohä […]

A Cosmogonia Egípcia - Universo Anthares

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[…] • A Grande Equação• A Criação das Dimensões• A Insurgência e a Separação dos Acsï• Jauz, o Portal e os Drishs• Sete nasce – (≈ 3670 a.C.)• Suméria fundada – (≈ 3316 a.C.)• O Clã Hakal• Mafug e Novo Mundo• As Águas de Agazohu• A Queda de Rohä• Os Nefilins e o Guardião do Portal• As Conquistas da Fúria• A Fundação de QeMua• Noé nasce (≈ 2744 a.C.)• O Anúncio da Sentença• O Selamento do Portal – (≈ 2590 a.C.)• A Comunidade da Muralha• Os Sinais dos Tempos• A Pirâmide de Quéops – (≈ 2330 a.C.)• Uni, o grande general egípcio (2300 a.C.)• A Descoberta dos Ambientes Não-físicos• O Dilúvio – ano 1656 (≈ 2144 a.C.)• A Contenção de Rohä […]

Hécuba – Mitologia Grega - Universo Anthares

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Xibalba – Mitologia Maia - Universo Anthares

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Tritão – Mitologia Grega - Universo Anthares

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O Guardião da Lua - Universo Anthares

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Jauz, o Portal e os Drishs - Universo Anthares

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