O Fim dos Tempos – Nórdicos em Anthares

Ragnarök , O Fim dos Tempos – “O Crepúsculo dos Deuses”

Os povos nórdicos antigos temiam o poder das forças naturais (por eles chamados de “gigantes”), que deveriam ser controladas a qualquer preço pelos “deuses” para evitar o desastre simbolizado pelo Ragnarök. Uma das características marcantes da mitologia nórdica é a antiga crença de que os deuses eram mortais. Por terem nascido da união de elementos opostos, fogo e gelo (respectivamente gigantes e deuses), as divindades nórdicas não eram perfeitas nem eternas, sendo submetidas às mesmas leis naturais que os outros seres da criação. A cosmogonia nórdica tem um perfil dramático, pois se desenvolve em etapas até alcançar um clímax. Encerra-se com um fim trágico, permeado, porém, de castigo e recompensa, antecipando assim o começo de uma nova era.

                                                         “O Sol fica escuro, a Terra afunda no mar
                                                         As estrelas somem da abóbada celeste,
                                                         O vento e o fogo entrelaçam-se enraivecidos,
                                                         Até que as chamas gigantescas alcancem o céu”

(Poema Völuspa, do manuscrito islandês Poetic Edda)

Pronunciado por um inverno sem fim, chamado Fimbul, e iniciado após a trágica morte do deus solar Baldur, filho de Odin, o mundo tornou-se palco de guerras, ódio e violência entre os homens. Catástrofes naturais acompanharam a degradação humana; a neve caia sem parar, os ventos sopravam das quatro direções e a terra estava imersa na escuridão. Os lobos Hati e Skoll, que perseguiam o Sol e a Lua, conseguiram enfim alcançá-los e os devoraram. A terra estremeceu, as estrelas caíram da abóbada celeste e a serpente Jormungand saiu de seu esconderijo marinho, causando maremotos e dilúvios. O deus Loki e os monstros Fenrir e Garm conseguiram se soltar das amarras que os mantinham em cativeiro e saíram sedentos de vingança em busca de seus acusadores. O dragão Nidhogg conseguiu roer as raízes de Yggdrasil, estremecendo assim todos os nove mundos. Os galos de Valhalla e Midgard e o pássaro vermelho da deusa Hel alertaram com seu canto o deus Heimdall, que soou sua corneta dando o temido aviso: “Ragnarök estava começando”.

Imediatamente, todos os deuses e a tropa de elite de Odin (Einherjar) sacaram suas armas, montaram seus cavalos e galoparam pela Ponte do Arco-Íris para a planície de Vigrid, palco da grande batalha final. Ao mesmo tempo chegavam os gigantes: alguns conduzidos por Surt, brandindo sua espada flamejante; outros vindo com o navio Nagilfar (construído com as unhas de todos os mortos), chefiado por Loki, que trazia reforços do fogo de Muspelheim.

Surt e seu bando foram atear fogo nos palácios dos deuses de Asgard, despedaçando, em sua passagem, Bifrost, a Ponte do Arco-Íris. Os deuses sabiam que seu fim estava próximo e lutaram com todas as suas forças, mas em vão. Odin tinha somente um olho; Tyr, apenas um braço; Frey, em vez de espada, estava armado apenas com chifres de alce – mesmo assim, eles se colocaram calmamente na frente dos gigantes, que soltavam chamas e nuvens de fumaça. O embate foi catastrófico: Odin não sobreviveu ao ataque do lobo Fenrir; Thor venceu a “Serpente do Mundo”, mas sucumbiu ao seu veneno; Tyr dominou o cão infernal Garm, mas não resistiu aos ferimentos. Loki cruzou armas com Heimdall, seu velho inimigo, e ambos caíram mortos.

Nenhum dos outros deuses ou guerreiros Einherjar sobreviveu ao massacre. Somente os filhos de Odin – Vali e Vidar – escaparam, após terem vingado a morte do pai, matando o lobo Fenrir. Os filhos de Thor, Magni e Modhi, ficaram feridos, mas foram salvos por Vidar. Surt, vitorioso, brandiu novamente sua espada flamejante e os nove mundos de Yggdrasil, juntamente com a própria árvore, pereceram nas chamas. Tudo foi reduzido a cinzas e a Terra, totalmente queimada, afundou lentamente no mar revolto.

A tragédia tinha chegado ao fim: Ragnarök cumpriu sua missão, levando o mundo de volta ao caos.

Passado um certo tempo, a Terra, purificada pelo fogo e pela água, emergiu vagarosamente do oceano. A escuridão deu lugar ao Sol, puxado por uma nova carruagem, conduzida pela filha da deusa Sunna, nascida um pouco antes de o lobo ter devorado sua mãe. Os raios solares não eram mais tão causticantes, o que permitiu que a terra renovasse seu manto verde em pouco tempo, cobrindo-se de flores e frutos. Um casal  Lif e Lifthrasir – apareceu de seu refúgio, uma gruta (ou os galhos de Yggdrasil), onde tinham ficado desmaiados durante toda a catástrofe. Seus descendentes povoaram novamente a terra e veneraram os novos deuses, descendentes dos antigos: os filhos de Thor – Modhi e Magni – salvos no campo de batalha; a filha da deusa solar Sunna; os filhos de Odin – Vidar, Vali e Baldur (este ressuscitado e de volta do reino dos mortos) – juntamente com Hodur, seu outro irmão, e Hoenir. Unidos, eles reconstruíram sua habitação celeste, de onde iriam vigiar e proteger a nova humanidade. Eles designaram moradas também para os anões e os gigantes, por não terem sido eles os responsáveis por algo que já tinha sido programado pelos desígnios das Nornes, desde o começo dos tempos.


Harmonização com Anthares

Pressupondo a cosmogonia de Anthares, o Ragnarök é claramente, em primeiro lugar, um resquício do medo e da sensação posterior ao evento do Dilúvio, inclusive narrada na própria mitologia nórdica (causada pelo sangue de Ymir nas batalhas do início dos tempos, onde ele foi morto por seus netos: Odin e seus dois irmãos). O Ragnarök é um prenúncio, não necessariamente profético, de uma segunda destruição, mas dessa vez com a derrota dos deuses e não dos gigantes. Em Anthares, isso também faz sentido, visto que no Dilúvio houve, do ponto de vista humano, uma derrota catastrófica dos gigantes, enquanto os acsï tiveram apenas o anúncio de sua punição no fim dos tempos. O Ragnarök está quase que plenamente alinhado ao Cataclisma em Anthares. Mais detalhes, inclusive sobre cada um dos personagens, você encontra no post específico sobre a harmonização entre a mitologia nórdica e o nosso universo (link abaixo).

Post sobre a harmonização entre a mitologia nórdica e Anthares:

Harmonização: Mitologia Nórdica - Universo Anthares

Harmonização: Mitologia Nórdica - Universo Anthares

[…] violentos que, para eles, prenunciava o “inverno sem fim” (Fimbul), precursor do Ragnarök, o “fim dos tempos”. Isso, por si só, já diz muita coisa sobre a mitologia […]

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