Tam Lin – Conto Celta

  1. Oh, eu as proíbo, donzelas
    De Carterhaugh visitar
    Com seus cabelos cobertos de ouro,
    Pois o jovem Tam Lin está lá.
  2. Não há ninguém que saia da floresta
    Sem lhe pagar por sua liberdade,
    Seja com seus anéis, seus mantos verdes
    Ou mesmo com sua virgindade.
  3. Janet prendeu seu manto
    Um pouco acima das patelas,
    Os cabelos numa trança contornavam
    A linha dos olhos dela,
    E para Carterhaugh se foi
    Rápida como uma gazela.
  4. Quando chegou à floresta
    Tam Lin estava enfeitiçado
    Ali viu seu cavalo,
    Mas o jovem não foi avistado.
  5. Ela não arrancou uma rosa dupla,
    Não duas flores, apenas uma.
    Então o jovem Tam Lin a advertiu:
    “Donzela, não arranques mais nenhuma.”
  6. “Por que arrancou a rosa, Janet,
    E por que sua haste quebrou?
    Por fim, por que está aqui
    Se Tam Lin não a chamou?”
  7. “Carterhaugh, é minha floresta,
    Meu pai me deu de coração,
    Virei sempre que quiser,
    E não preciso da tua permissão.”
  8. Janet prendeu seu manto
    Um pouco acima das patelas,
    Os cabelos numa trança contornavam
    A linha dos olhos dela,
    E para a casa de seu pai correu
    Rápida como uma gazela.
  9. Vinte e quatro jovens fadas
    Divertiam-se a jogar
    E então surgiu a bela Janet,
    A flor mais linda do lugar.
  10. Vinte e quatro jovens fadas
    Estavam jogando xadrez,
    E então surgiu a bela Janet,
    Sem cor alguma em sua tez.
  11. Então falou um velho cavaleiro,
    Que o muro do castelo tinha pulado:
    “Ah, pobre de ti, bela Janet,
    Mas todos nós seremos culpados.”
  12. “Controle a língua, seu velho
    Ou uma morte terrível enfrentará!
    O pai do meu filho quem escolhe sou eu,
    E nenhum de vocês o será.”
  13. Então falou seu querido pai,
    Em um tom manso e sem esperança
    “Ai de mim, minha doce Janet,
    Mas acho que carregas uma criança.”
  14. “Pai, se carrego uma criança,
    É só a mim que deves culpar.
    Não há um cavaleiro em sua casa
    Cujo nome meu filho terá.
  15. “Pois meu amor não é cavaleiro,
    E sim um elfo da floresta
    Não darei meu amor verdadeiro
    A ninguém sem ser honesta.
  16. “O cavalo do meu amor
    É mais leve que o vento,
    Tem ferraduras de prata e ouro
    E corre mais que o pensamento.”
  17. Janet prendeu seu manto
    Um pouco acima das patelas,
    Os cabelos numa trança contornavam
    A linha dos olhos dela,
    E partiu para Carterhaugh
    Rápida como uma gazela.
  18. Quando chegou à floresta
    Tam Lin estava enfeitiçado
    Ali viu seu cavalo,
    Mas o jovem não foi avistado.
  19. Ela não arrancou uma rosa dupla,
    Não duas flores, apenas uma.
    Então o jovem Tam Lin a advertiu:
    “Donzela, não arranques mais nenhuma.”
  20. “Por que arrancar a rosa, Janet,
    Entre os bosques tão verdes,
    Tudo para matar o lindo bebê
    Que comigo concebeste?”
  21. “Oh, diga-me agora, Tam Lin,
    Em nome daquele que na cruz morreu,
    Se já pisou em uma capela,
    E se a cristandade já conheceu?”
  22. “Roxbrugh era meu avô,
    E me levou com ele para caçar.
    Ao se passar um dia
    O destino veio me buscar.
  23. “Quando um dia se passou,
    Um vento muito frio soprava,
    Caí do meu cavalo,
    Quando com meu avô voltava.
    Foi a Rainha das Fadas que me pegou,
    E me levou para a colina onde morava.
  24. “Agradável é a terra das fadas,
    Mas um mistério se escondeu,
    Ao fim de cada sete anos,
    O inferno cobra o que é seu,
    Tenho o tamanho e o peso certo
    E temo que o tributo seja eu.
  25. “Mas se a noite é das bruxas,
    A manhã é de todos os santos,
    Então me prenda, minha donzela,
    E controle o seu pranto.
  26. “Na escuridão da meia-noite
    O povo das fadas vai desfilar,
    E aqueles que querem o amor verdadeiro,
    Em Miles Cross vão se encontrar.”
  27. “Mas como vou saber, Tam Lin,
    Ou como meu coração saberá,
    Entre tantos cavaleiros que nunca vi,
    Qual deles devo segurar?”
  28. “Deixe passar o cavalo negro, senhora,
    E deixe também o castanho ir ligeiro,
    Mas corra para o corcel branco como leite,
    E derrube dele o cavaleiro.
  29. “Pois no cavalo branco estarei eu,
    E que seja perto da cidade,
    Porque eu era um cavaleiro comum
    Antes de me tornarem essa entidade.
  30. “Minha mão esquerda estará nua
    Mas a direita virá enluvada,
    Verás meu cabelo penteado
    Sob a frente do elmo levantada,
    Não duvide que lá estarei,
    Mas não posso lhe dizer mais nada.
  31. “Quando estiver em seus braços, senhora,
    Uma serpente ou um lagarto me farão parecer
    Mas me segure com força e não tema,
    Pois serei eu, o pai do seu bebê.
  32. “Também me transformarão num urso selvagem
    E num leão cheio de confiança
    Mas me segure com força e não tema,
    E eu amarei a sua criança.
  33. “Mais uma vez mudarei em seus braços
    Um barra de ferro quente e vermelha serei.
    Mas me segure com força e não tema,
    E verás que nunca a machucarei.
  34. “Por último vão me transformar
    Em um carvão em brasa,
    Então me jogue na água do poço,
    E sem demora voltarei para casa.
  35. “Quando eu voltar, me cubra com seu manto,
    Pois estarei sem minhas roupas de cavaleiro
    Não deixe que ninguém veja assim
    Aquele que é seu amor verdadeiro.”
  36. Muito sombria era a noite,
    E misterioso o caminho que se viu,
    Quando a bela Jenny em seu manto verde
    Para Miles Cross feliz partiu.
  37. As rédeas dos cavalos se fizeram ouvir
    Na hora mais escura.
    E aquela jovem pôde sentir
    A alegria mais pura.
  38. Primeiro, deixou passar o negro,
    E logo depois o castanho ligeiro,
    Mas correu para o corcel branco,
    E derrubou dele seu cavaleiro.
  39. Ela se lembrava bem do que ele dissera,
    E o jovem Tam Lin a tudo venceu,
    Ela o cobriu com seu manto verde,
    Muito alegre, quando ele apareceu.
  40. Então falou a Rainha das Fadas,
    De trás de um arbusto florido,
    “Então assim se vai o jovem Tam Lin,
    Tornar-se um digno marido.”
  41. E voltou a falar a Rainha,
    Que era uma mulher irascível:
    “Que ela se cubra de vergonha
    E tenha uma morte terrível,
    Pois levou embora daqui
    Meu cavaleiro de mais alto nível.
  42. “Se eu soubesse o que faria Tam Lin,
    Se soubesse o que tinha planejado,
    Teria arrancado seus olhos cinzentos
    E numa árvore os pregado.”

Fim

Outros contos celtas:

A história de Deirdre
Filhos de Lir
O Lobo-Cinzento
O Rei do Deserto Negro
Lis Amarela
Tam Lim
A Floresta de Dooros
O caçador de focas e o sereiano
A Donzela do Mar
O Gigante Egoísta
A Tosa da Lã Encantada
O Dragão Relutante
O Gatinho Branco
A Dama da Fonte
O Cavalo Preto
Os animais gratos
As mulheres chifrudas
As três coroas
O violino de nove centavos
A caverna encantada
A visão de MacConglinney
Nuckelavee
Princesa Finola e o Anão
Oisin na Terra da Juventude


QUER VIRAR ESCRITOR?
PARTICIPE DO UNIVERSO ANTHARESSAIBA COMO CLICANDO AQUI.

Os Celtas em Anthares - Universo Anthares

Os Celtas em Anthares - Universo Anthares

[…] de Deirdre• Filhos de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do Mar• O Gigante […]

Rei Arthur – Mitologia Britânica - Universo Anthares

Rei Arthur – Mitologia Britânica - Universo Anthares

[…] de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do […]

Quem eram os celtas? - Universo Anthares

Quem eram os celtas? - Universo Anthares

[…] de Deirdre• Filhos de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do Mar• O Gigante […]

A história de Deirdre - Universo Anthares

A história de Deirdre - Universo Anthares

[…] de Deirdre• Filhos de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do Mar• O Gigante […]

Comments are closed.