Lis Amarela – Conto Celta

Era uma vez, na Irlanda, quando as fadas eram tão numerosas quanto os dentes-de-leão no prado, um rei poderoso e sua boa rainha. Os nomes desses grandes governantes há muito foram esquecidos pelos escritores da história, pois viveram centenas e centenas de anos atrás.

Eles reinavam em Erin e moravam num grande castelo de pedra construído no alto de um penhasco com vista para o mar. Erin era a parte mais bonita da Irlanda, pois suas florestas e grandes extensões de terra eram verdes como a esmeralda, e os céus e águas tão azuis quanto a turquesa. Esse rei e essa rainha tinham apenas um filho, conhecido como o Príncipe de Erin. Era um garoto brilhante e bonito, mas não queria nada além de se divertir. Seu pai costumava dizer-lhe que era errado fazer apostas, mas o rapaz não dava ouvidos a seus conselhos. Um dia, o príncipe foi à floresta caçar veados. Perambulou o dia inteiro, carregando seu arco e suas flechas, mas não conseguiu achar nenhum. Por fim, sentou-se para descansar. Estava quase dormindo quando ouviu um assobio estridente atrás de si e o som de pés pesados sobre os galhos caídos.

— Quem é você? — gritou uma voz alta e rouca.

O príncipe virou-se rapidamente e viu um gigante marchando colina abaixo em sua direção. Era quase tão alto quanto a árvore mais alta e seu rosto era medonho. Os olhos eram como bolas de fogo e as narinas vertiam fumaça negra.

— Ai de mim, é o Gigante de Loch Lein — gritou o príncipe. Quis fugir o mais rápido possível, mas seus pés não se mexeram. Tremia de cima a baixo, pois sabia que o Gigante de Loch Lein caçava garotos na floresta assim como os garotos caçavam animais. Muitos rapazes foram capturados pela terrível criatura, levados ao castelo nas profundezas da floresta e nunca mais voltaram para seus pais.
— Quem é você? — rugiu o gigante outra vez.
— Sou o filho do Rei de Erin — respondeu o garoto, tentando ser corajoso.
— Estou esperando por você há muito tempo — disse o gigante com uma risada que soou como um trovão. — Nunca devorei um príncipe de verdade, embora tenha ouvido falar que a carne deles é muito macia.

O príncipe se virou, trêmulo de temor, mas o gigante o agarrou e disse:

— Não tema. Como você é filho do governante de Erin, vou dar-lhe uma chance de escapar. Ouvi dizer que você sabe jogar bons jogos e aprecia apostas. Vamos jogar uma partida nesta encosta. Se eu ganhar, vou levá-lo ao meu castelo, para nunca mais voltar à sua casa.

O príncipe gostava tanto de jogar que, mesmo amedrontado, concordou em fazer o que o gigante queria.

— Tenho duas belas propriedades, cada uma contendo um castelo — contou o gigante. — Serão suas se me derrotar no jogo.
— E eu também tenho duas propriedades que serão suas se me vencer — respondeu o príncipe. — Nenhum homem em Erin jamais me venceu num jogo.

Então, jogaram até o anoitecer, o príncipe esquecendo por completo o medo que tinha do gigante. Embora o Gigante de Loch Lein fosse um jogador habilidoso, o Príncipe de Erin o derrotou facilmente.

— Pode ir — resmungou o gigante quando o jogo acabou. — Você é mesmo um jogador excelente, o melhor em todo o país.

A maioria dos historiadores antigos concorda que o Príncipe de Erin não contou aos pais que escapou por pouco do gigante. Assim que chegou em casa, subiu ao topo da torre mais alta, de onde podia contemplar a floresta, ao longe, na qual ficava o castelo do gigante.

— Voltarei amanhã e vencerei o gigante, pois vai ser uma grande diversão — disse ele consigo. — Mesmo que eu seja derrotado, o gigante não se atreverá a destruir o filho do Rei de Erin, pois o exército de meu pai vai procurar por mim e arrasar o castelo do gigante quando me encontrar. Além disso, ouvi dizer que ele tem três filhas lindas, as garotas mais formosas de toda a terra. Eu gostaria de vê-las.

Na manhã seguinte, enquanto o príncipe se preparava para caçar, o velho mais sábio da corte, cujo nome era Glic, foi até o rei e disse:

— O príncipe está prestes a sair para caçar. Peço que não o deixe ir, pois receio que vá deparar com um grande perigo.

O rei ordenou que seu filho passasse o dia todo dentro do palácio, mas, quando ninguém estava olhando, o príncipe fugiu para a encosta perto da floresta. Mais uma vez, ouviu um assobio estridente que sacudiu os ramos das árvores como um vendaval, e em instantes viu o gigante marchando em sua direção.

— Ho, ho, meu jovem príncipe! — exclamou o gigante. — Eu sabia que você voltaria hoje. Vamos jogar outro jogo. O que vai apostar contra mim?
— Aposto meu rebanho — respondeu o príncipe, não tão amedrontado quanto antes.
— E eu aposto quinhentos bois com chifres de ouro e cascos de prata — disse o gigante. — Tenho certeza de que você não consegue me vencer outra vez.
— Combinado — respondeu o príncipe, e imediatamente começaram a jogar.

Em pouco tempo, o príncipe ganhou o jogo e o gigante soltou um uivo de raiva. Voltando-se para a floresta, assobiou alto três vezes, e quinhentos bois com chifres de ouro e cascos de prata vieram de lá.

— São seus — disse o gigante. — Leve-os até o portão do palácio e volte amanhã.

O príncipe, tomado pelo prazer do triunfo, levou o gado até o portão do palácio, onde o pastor do rei se encarregou deles. Então ele se apressou a falar com o pai e a mãe e pediu que fossem ver a valiosa aposta que havia ganhado do Gigante de Loch Lein.

O rei, a rainha e toda a corte ficaram encantados com os bois, cujos chifres de ouro e cascos de prata cintilavam à luz do sol.

Na manhã do terceiro dia, o Príncipe de Erin vestiu novamente suas roupas de caça e quis ir para a floresta; mas Glic, o adivinho, mais uma vez o deteve.

— Nada de bom pode vir dessa jogatina, pois no fim o gigante o derrotará e você nunca mais voltará para nós — disse Glic.
— Não tenho medo — declarou o príncipe, rindo —, pois, se ele me aprisionar, cortarei a cabeça dele.

Assim, partiu outra vez, cantando uma melodia alegre. Mal se sentara na encosta quando ouviu o assobio do gigante. O príncipe não ficou nem um pouco amedrontado, embora o gigante estivesse com uma carranca de raiva porque fora obrigado a abrir mão de seu rebanho.

— O que vai apostar hoje? — rugiu o gigante.
— Aposto minha cabeça contra a sua — respondeu o príncipe, audacioso.
— Rá, rá! Você ficou bem valente — riu o gigante, zombeteiro. — Aposto minha cabeça que posso vencê-lo hoje. Se você perder o jogo, cortarei a sua antes de o sol nascer amanhã.

Eles jogaram na encosta até o anoitecer. O jogo foi tenso, cheio de interesse e exaltação ansiosa; mas o príncipe foi derrotado. Com um grito de triunfo, o gigante dançou, pisoteando pequenas árvores e arbustos.

O príncipe realmente lamentou ter apostado uma propriedade tão útil quanto a própria cabeça, mas não se queixou.

— Você é um rapaz honesto, apesar de imprudente — disse ele. — Vou deixar que viva um ano e um dia a mais. Volte para seu palácio, mas não conte a ninguém que vou cortar sua cabeça. Quando o tempo tiver acabado, volte à encosta para pagar sua aposta.

O gigante desapareceu, deixando o pobre príncipe sozinho e de coração muito abalado. Ele não foi para casa, só perambulou sem se importar para onde ia. Finalmente, descobriu que estava numa terra estranha muito além da fronteira de Erin. De cada lado havia pastos verdes e, ao longe, colinas altas e verdes; mas não se via nenhuma casa. Ele continuou a andar, fraco de fome, até chegar a uma velha cabana que ficava no sopé de uma colina. Estava iluminada por uma vela. Ele entrou e ficou cara a cara com uma velha que estivera curvada sobre o fogo. Os dentes dela eram tão longos quanto o cajado que ela trazia e os cabelos escassos pendiam soltos em torno do rosto. Antes que o príncipe pudesse falar, a velha disse:

— Você é bem-vindo à minha casa, filho do Rei de Erin.

Ela o pegou pela mão, levou a um canto da sala e o mandou lavar o rosto e as mãos. Enquanto isso, preparou um mingau quente para ele e pediu que comesse uma farta refeição.

O príncipe ficou muito surpreso por ela saber seu nome e tentou imaginar por que continuava tão quieta. Pensou que devia ser uma bruxa; mas um garoto faminto, não importa quão elevada seja sua posição, tende a esquecer o perigo diante de uma boa ceia. Depois de comer e beber tudo o que quis, ele se sentou perto do fogo até que ela o levasse para um quarto e o mandasse para a cama. Na manhã seguinte, a bruxa o acordou, pedindo que se levantasse e tomasse o desjejum de pão e leite. Ele fez o que ela mandava, sem sequer lhe oferecer bom dia.

— Sei o que o atormenta, filho do Rei de Erin — disse ela. — Se fizer o que digo, não terá motivos para se lamentar. Aqui está um novelo de linha. Segure uma ponta do fio e jogue o novelo à sua frente. Quando começar sua jornada, o novelo vai rolar, mas você deve continuar a segui-lo e enrolar o fio o tempo todo, ou vai se perder outra vez. Você ficou comigo ontem à noite; esta noite, ficará com minha irmã.

O príncipe pegou o novelo de linha, jogou-o diante de si e começou a andar devagar, enrolando o fio em outro novelo. A cada passo que dava, o novelo se afastava mais e mais dele. O dia todo ele andou morro acima e vale abaixo, cada vez mais rápido, até seus pés e mãos estarem tão cansados que mal conseguia mexê-los. Por fim, o novelo de linha parou na porta de uma cabana que ficava no sopé de uma montanha alta. Uma vela tremeluzia na janela. Ele pegou o novelo e correu até a porta, onde encontrou outra velha bruxa cujos dentes eram tão longos quanto muletas.

— Bem-vindo, filho do Rei de Erin! — exclamou ela. — Você ficou com minha irmã caçula ontem à noite, esta noite ficará comigo e amanhã com minha irmã mais velha.

Ela o levou para dentro da cabana, mandou-o lavar as mãos e o rosto, deu-lhe uma ceia farta de mingau e bolos e o mandou para a cama.

Na manhã seguinte, a bruxa o chamou para o desjejum. Quando ele terminou de comer, ela deu-lhe um novelo de linha e mandou que ele o seguisse como antes. O príncipe o seguiu por campos e plantações, cada vez mais rápido, até tarde da noite seguinte, quando parou na porta de uma cabana que ficava no sopé de uma colina. Uma vela crepitava na janela como se lhe desse as boas-vindas. Uma bruxa, mais rústica que as outras, estava parada junto do fogo fazendo mingau. Ela cumprimentou o príncipe como suas irmãs haviam feito, mandou que lavasse o rosto e as mãos, deu-lhe a ceia e o mandou para a cama. Na manhã seguinte, no desjejum, ela lhe entregou um novelo de linha e disse:

— Filho do Rei de Erin, você perdeu a cabeça para o Gigante de Loch Lein, que mora perto daqui num grande castelo cercado de espinhos. Um dia, perderá a cabeça para a filha dele. Siga este novelo de linha até o lago atrás do castelo. Quando chegar ao lago, ao meio-dia, o novelo estará desenrolado.

“Pouco depois, as filhas do cruel Gigante de Loch Lein vão ao lago tomar banho. Seus nomes são Lis Azul, Lis Branca e Lis Amarela. A última é a mais sábia e a mais bonita das três. Roube as roupas dela e não as devolva até ela prometer ajudá-lo, pois é a única pessoa no mundo capaz de ser mais astuta que o Gigante de Loch Lein.”

O príncipe agradeceu o conselho da bruxa e seguiu o novelo de linha até o Castelo dos Espinhos, que era uma construção escura e sombria, escondida das vistas por grandes árvores. Quando chegou ao lago atrás do castelo, o novelo desapareceu. Ele ficou parado por um tempo olhando para o lago, que parecia uma turquesa brilhante ao sol. Nessa hora, ouviu gritinhos e gargalhadas femininas. Escondeu-se atrás de um grupo de arbustos de onde podia ver sem ser visto. Três lindas garotas vieram correndo até a beira do lago, onde pararam para olhar ao redor.

Foi muito fácil para o príncipe identificar seus nomes. A mais alta, que usava um vestido azul-claro, tinha olhos tão azuis quanto o céu; ele sabia que ela devia ser Lis Azul. Uma delas era tão alva que parecia ter sido esculpida em mármore; ele teve certeza de que ela era Lis Branca. Mas Lis Amarela era pequena e esbelta, com cabelos que cintilavam como ouro à luz do sol. Era maravilhosamente graciosa e bonita.

Lis Amarela tirou o manto de fios de ouro e ficou com um traje de banho do mesmo material. Com um grito de alegria, ela pulou na água, seguida de suas irmãs. O Príncipe de Erin pulou de seu esconderijo e pegou o manto de ouro. Lis Amarela o viu e gritou o mais alto que pôde:

— Devolva meu manto dourado. Meu pai vai me matar se eu o perder. Por favor, não fuja.
— O que você me dá por ele? — perguntou o príncipe, afastando-se devagar do lago.
— Qualquer coisa que você deseje, pois sou protegida por uma fada madrinha que torna todas as coisas possíveis — respondeu Lis Amarela.
— Vim me entregar ao seu pai, o Gigante de Loch Lein, de acordo com minha promessa — contou o príncipe. — Gostaria que você o fizesse me libertar. Aqui está seu manto.

Ele deixou o manto na grama e subiu a colina em direção ao castelo. Momentos depois, Lis Amarela juntou-se a ele, usando seu manto dourado.

— Você é o filho do Rei de Erin — disse ela, sorrindo docemente e alcançando-o. — Se fizer o que eu digo, não perderá a cabeça, mas, no futuro, espero que nunca seja tolo o bastante para apostar sua cabeça ou qualquer outra ninharia que possa ter.
— Prometo não fazer isso — respondeu o príncipe, olhando a com admiração. — Se seu pai tivesse apostado sua linda cabeça dourada, creio que eu poderia tê-lo vencido no jogo.

Lis Amarela jogou os cachos e riu alegremente, dizendo:

— Meu pai tem uma cama macia para você num tanque fundo; mas não se aflija, pois vou ajudá-lo.

Passaram em silêncio pelos portões de pedra do Castelo dos Espinhos. Os grandes pátios de pedra, sacadas e ameias estavam completamente desertos. Lis Amarela levou o príncipe para a cozinha, a maior que ele já vira. O chão era de pedras brancas, e um caldeirão de latão borbulhava sobre as chamas da grande lareira. Lis Amarela escondeu o príncipe atrás de uma cortina num canto do cômodo. Nessa hora, o Gigante de Loch Lein apareceu e se jogou numa cadeira diante do fogo. Começou a farejar o ar e finalmente rugiu:

— O filho do Rei de Erin está aqui! Traga-o para cá, Lis Amarela.

A garota fez o que ele pedia. O príncipe não pôde deixar de tremer ao ficar diante do gigante feroz, embora sentisse que Lis Amarela cumpriria sua promessa.

— Você deve estar muito cansado — rugiu o gigante, tão alto que os pratos nas prateleiras trepidaram. — Tenho uma cama boa e macia para você.

Ele agarrou o príncipe, carregou-o pela cozinha, abriu um tanque e o atirou dentro dele. Splash! O príncipe caiu de cabeça em um metro de água. O mais terrível foi que o gigante fechou a tampa do tanque. O príncipe temia muito mais a escuridão do que a água, mas não gritou. Ficou tremendo por mais de uma hora, imaginando se Lis Amarela o havia esquecido e desejando estar em casa a salvo em sua cama de seda e ouro. Por fim, a tampa se ergueu e Lis Amarela olhou para ele do alto com um sorriso travesso.

— Devo roubar suas roupas e fugir, como você tentou fazer hoje? — sussurrou ela.
— Não, não me deixe aqui. Farei o que você quiser — implorou o príncipe, com os dentes batendo.
— Então saia, vista estas roupas quentes e secas que eu trouxe para você e coma a ceia — disse ela.

O príncipe não demorou a sair de sua cama macia. Encontrou o gigante num sono pesado diante da lareira, roncando alto o bastante para abafar a mais terrível trovoada.

Lis Amarela não disse uma palavra, mas deu ao príncipe algumas roupas secas e o mandou ficar no canto até ela voltar. Logo ela reapareceu com uma ceia tentadora fumegando numa bandeja e disse para ele comer. Estava faminto e comeu com muito entusiasmo. Depois, ela o levou para outro canto da sala e levantou uma cortina pendurada ali. Ele viu uma cama branca e macia e uma mesa com água fresca e toalhas. Lis Amarela desejou-lhe bons sonhos e saiu apressada.

Ao amanhecer, ela voltou e disse, animada:

— Acorde, Príncipe de Erin! Não perca nem um instante ou estaremos perdidos. Vista as roupas que usou ontem e venha comigo.

O príncipe se levantou e se vestiu o mais rápido possível. Afastou a cortina que escondia sua cama e seguiu a garota.

— Quando as galinhas começarem a cacarejar, meu pai acordará — sussurrou ela. — Volte para dentro do tanque e fecharei a tampa.

O príncipe hesitou.

— Faça o que digo ou nós dois estaremos perdidos — insistiu a garota.

O príncipe pulou no tanque e Lis Amarela fechou a tampa. O barulho despertou o gigante, que esticou os membros pesados, esfregou o nariz e bocejou. Ele abriu os olhos, espiou ao redor, atravessou a sala, abriu o tanque e gritou:

— Bom dia, Príncipe de Erin; o que achou de passar a noite na sua cama macia?
— Nunca dormi melhor, obrigado — respondeu sinceramente o príncipe.
— Então, saia — ordenou o gigante.

O príncipe obedeceu.

— Já que dormiu tão bem, vai trabalhar duro hoje — disse o gigante. — Vou poupar sua cabeça se você limpar meus estábulos. Lá ficam quinhentos cavalos e ninguém os limpa há setecentos anos. Estou ansioso para encontrar o alfinete do sono da minha bisavó, que se perdeu em algum lugar nesses estábulos. A pobre e velha alma nunca mais dormiu depois de perdê-lo, e assim morreu por falta de sono. Quero o alfinete do sono para meu uso particular, pois tenho sono muito leve.
— Farei o melhor que puder para encontrar o alfinete — respondeu o príncipe, quase desanimado, pois nunca havia limpado nem mesmo a ponta das próprias botas.
— Aqui estão duas pás, uma antiga e uma nova — disse o gigante grosseiramente. — Pode pegar a que preferir. Cave até encontrar o alfinete do sono. Espero vê-lo quando voltar para casa hoje à noite.

O príncipe pegou a pá nova e seguiu o gigante até os estábulos, onde centenas de cavalos começaram a relinchar, fazendo um barulho ensurdecedor.

— Lembre-se, Príncipe de Erin, quero o alfinete do sono ou então a sua cabeça — disse o gigante, enquanto ia embora.

O príncipe começou a trabalhar, mas, toda vez que jogava o volume de uma pá pela janela, o volume de duas entrava voando para tomar seu lugar. Por fim, cansado e desanimado, sentou-se para descansar.

Nessa hora apareceu Lis Amarela, mais bonita do que nunca, com outro vestido de ouro e prata, e flores amarelas nos cabelos dourados.

— O que está tentando fazer, Príncipe de Erin? — perguntou, com um riso que formou covinhas nas bochechas.

— Estou tentando encontrar o alfinete do sono da sua trisavó — foi a resposta lamentável.

— Você é um príncipe poderoso e meu pai é um gigante poderoso, mas ambos são tolos como todos os homens — disse ela. — Como imagina que minha trisavó poderia perder o alfinete do sono nos estábulos? Eu é que estou com o alfinete do sono; aqui está. Eu o coloquei no bolso do meu pai ontem à noite para que ele não pudesse acordar e nos pegar.

— Você é uma garota muito habilidosa! — exclamou o príncipe, fora de si de tanta alegria e admiração.

Passaram o dia todo juntos, até Lis Amarela dizer que precisava ir, pois ouviu os passos de seu pai a uma légua de distância, e ele chegaria em dois minutos. Quando o gigante viu que o príncipe havia encontrado o alfinete do sono, ficou imensamente surpreso.

— Ou minha filha Lis Amarela o auxiliou, ou então foi o Espírito do Mal — murmurou ele.

Antes que o príncipe pudesse responder, o gigante o agarrou, levou-o de volta para a cozinha e o atirou novamente no tanque. Então, sentou-se diante da lareira, segurando o alfinete do sono. Logo, começou a roncar como mil locomotivas. Abriu-se a tampa do tanque, e Lis Amarela, doce e sorridente, gritou o mais alto que pôde:

— Levante-se da sua cama macia, Príncipe de Erin; coma a ceia que preparei e fale tão alto quanto quiser, pois meu pai foi dormir segurando o alfinete do sono da minha trisavó.

As horas que passaram juntos foram alegres e, depois que Lis Amarela se juntou às irmãs na torre de vigia, o príncipe voltou a dormir na cama macia no canto da cozinha. Ao amanhecer, Lis Amarela o acordou mais uma vez e o mandou voltar correndo para o tanque. Assim que a tampa se fechou, Lis Amarela correu até o pai, pegou o alfinete do sono e o jogou no chão. O gigante deu um rugido e caiu esparramado no chão de pedra.

— Quem me acordou? — rosnou ele, tentando ficar de pé.
— Fui eu, querido pai — disse a garota com ar meigo. — O senhor teria dormido para sempre se eu não tivesse tirado o alfinete do sono de seu poder. É muito tarde.
— Você é uma filha boa e confiável — respondeu o gigante. — Vou dar-lhe uma coisa bonita.

Ele foi ao tanque e ordenou que o príncipe saísse de sua cama boa e macia.

— Você ficou tanto tempo deitado na cama que precisará trabalhar ainda mais hoje — acrescentou. — Faz muito tempo que ninguém refaz o telhado dos meus estábulos, e quero que você faça isso hoje. Eles se estendem por muitos hectares, mas, se terminar antes do anoitecer, pouparei sua cabeça. Só que eles devem ser cobertos com penas, que devem ser colocadas uma por uma, e não pode haver duas iguais.

O príncipe ficou cabisbaixo outra vez, mas disse que faria o possível.

— Mas onde encontrarei os pássaros? — perguntou depois de um tempo de silêncio desamparado.

— Onde você acha? Espero que não tente encontrá-los na lagoa dos sapos — respondeu o gigante, impaciente. — Aqui estão dois apitos, um antigo e um novo. Pode pegar o que preferir.

— Vou pegar o novo — disse o príncipe, e o gigante deu-lhe um apito que parecia nunca ter sido usado.
— Um dia você aprenderá que as coisas antigas são melhores — avisou o gigante, desdenhoso.

Quando o gigante se foi, o príncipe tocou o apito até que seus lábios ficassem inchados, mas nenhuma ave veio em seu socorro. Por fim, sentou-se numa pedra, prestes a chorar. Mas Lis Amarela reapareceu, mais encantadora do que nunca, com outro vestido amarelo bordado com asas de libélulas e pérolas nos cabelos magníficos.

— Por que está sentado tocando um apito em vez de trabalhar? — perguntou ela. — Pobre príncipe, deve estar com fome. Aqui está uma pequena mesa posta para dois debaixo desta grande árvore. Quando as coisas o preocuparem, não desista. Quem mantém o apetite não tem motivo para se desesperar.

Eles se sentaram e comeram línguas de pavão, bolos cobertos com glacê, amêndoas e muitas outras delícias, e ficaram mais felizes do que nunca.

— Mas está ficando tarde, e ainda resta cobrir os estábulos! — gritou o príncipe, lembrando-se de repente de sua tarefa assim que satisfez o apetite.
— Olhe para trás — disse a garota.

O príncipe, para sua grande surpresa, viu que os estábulos estavam cobertos de plumas macias de aves, nenhuma igual à outra.

— Você é um prodígio — disse ele, segurando as mãos da moça em agradecimento.
— Nem um pouco — respondeu ela. — Como os pássaros poderiam trabalhar para você enquanto estava lá tocando aquele apito terrível? Os pássaros seriam amigos tão bons quanto os cães se as pessoas não os assustassem tanto. Mas não diga mais nada. Ouço meu pai bebendo na fonte a três quilômetros daqui, e ele chegará em quatro minutos.

Ela segurou as saias junto do corpo e, com um sorriso doce, correu para dentro do castelo.

— Quem cobriu aquele telhado? — gritou o gigante assim que chegou.
— Minha própria força fez isso — respondeu o príncipe humildemente, sentindo que não havia contado uma falsidade, pois Lis Amarela era ainda mais do que força para ele.

O gigante, em vez de agradecer a ele por seus serviços, o agarrou novamente e o jogou de cabeça no tanque da cozinha. Em seguida, sentou-se diante do fogo. A cabeça do gigante mal começara a pesar quando Lis Amarela colocou o alfinete do sono sobre o nariz do pai para ter certeza de que ele não conseguiria acordar. Então, libertou o príncipe, e eles passaram a noite como antes, porém com muito mais alegria. Na manhã seguinte, o gigante abriu o tanque e ordenou que o príncipe saísse.

— Tenho uma tarefa para você que nem mesmo um príncipe pode cumprir — disse ele. — Tenho certeza de que cortarei sua cabeça antes do anoitecer. Perto do castelo há uma árvore com trezentos metros de altura. Tem apenas um galho, que fica próximo do alto. Esse galho contém um ninho de corvo. No ninho há um ovo. Quero esse ovo para a ceia hoje à noite. Se você não o trouxer, vai se arrepender.

O gigante levou o príncipe até a árvore, que se erguia como uma grande coluna de vidro liso, tão escorregadia que nem mesmo uma formiga conseguiria rastejar sobre ela sem deslizar. Quando o gigante se foi, o príncipe tentou uma dezena de vezes subir até o alto, mas a cada vez voltava à terra mais rápida e dolorosamente do que antes. Ficou muito feliz quando Lis Amarela apareceu.

E agora vem a parte do conto que é de gelar o sangue, e eu preferiria omitir; mas devo contar tudo a você do mesmo modo como as queridas criancinhas irlandesas ouviram séculos atrás, do contrário vou sentir que desfigurei esta antiga obra do folclore das fadas. Lis Amarela, como sempre, trouxe algo para comer e, depois que comeram, pela primeira vez ela se voltou para o príncipe com ar tristonho.

— Lamento que meu pai tenha dado essa tarefa a você, mas devemos nos submeter ao que não podemos evitar — disse ela. — Ai de mim! Querido príncipe, você tem que me matar.
— Matá-la? — gritou ele, horrorizado. — Nunca! Prefiro perder a cabeça mil vezes.
— Mas, se você tomar cuidado, voltarei a viver — insistiu a garota. — Minha fada madrinha cuidará de mim. Você verá que é fácil arrancar minha carne, pois só precisa dizer: “Lis Amarela de Loch Lein”. Repita e meus ossos vão se separar. Você verá que meus ossos se fixarão a esta árvore como pequenos degraus. Pela escada de ossos, você poderá subir até o alto da árvore. Pegue o ovo e desça com cuidado, a cada vez tirando um dos meus ossos da árvore, até chegar à terra. Em seguida, empilhe os ossos sobre a minha carne e diga: “Volte, Lis Amarela de Loch Lein”, e eis que voltarei a ser eu mesma. Mas tome cuidado… tome cuidado para não deixar nenhum dos meus ossos na árvore.

Por um longo tempo, o príncipe se recusou a obedecer o pedido, até Lis Amarela se irritar e dizer:

— Então contarei ao meu pai que o venho ajudando, e ele matará a nós dois. Apresse-se, pois o tempo é curto.
— Lis Amarela de Loch Lein! — gritou o príncipe, sem olhar para ela. — Lis Amarela de Loch Lein! — gritou novamente.

O príncipe olhou para baixo e viu a seus pés uma pilha de ossinhos brancos. Ele os recolheu e, subindo devagar, fez uma pequena escada fixando-os na árvore. Logo alcançou o ninho do corvo, encontrou o ovo, guardou-o no bolso e desceu, arrancando os ossos da árvore enquanto seguia. Depois, empilhou-os sobre a carne e as roupas da garota e, com lágrimas nos olhos, gritou:

— Volte, Lis Amarela de Loch Lein!

E, imediatamente, Lis Amarela apareceu diante dele, mas não estava mais sorrindo.

— Patife! — gritou ela. — Você me deixou aleijada pelo resto da vida! No fim das contas, não passa de um garoto descuidado.
— Ah, o que deixei de fazer? — gritou o príncipe, pálido de medo.
— Um dos meus dedinhos do pé ainda está pendurado na árvore. Ah, que criatura desajeitada é um príncipe!

O príncipe pediu perdão de joelhos e, finalmente, Lis Amarela abriu seu doce sorriso de antes e disse:

— Sou grata por não ser pior. Que visão eu seria se você tivesse esquecido minha espinha dorsal!

Eles se alegraram e conversaram novamente até a hora do gigante chegar. Lis Amarela foi para a torre e o príncipe ficou à espera no portão do castelo, segurando o ovo do corvo.

— Você com certeza é mágico! — arfou o gigante ao ver o príncipe. — Não posso cortar sua cabeça, senão um destino pior se abaterá sobre mim. Vá para casa agora mesmo. Não fique aqui nem mais um minuto.

O príncipe queria se despedir de Lis Amarela, mas é claro que foi impossível, por isso ele partiu para casa o mais rápido que pôde. Quando chegou ao Palácio de Erin, o rei, a rainha, o velho Glic e toda a corte correram para recebê-lo. Nunca antes houve tanta alegria por lá. Houve dias e dias de festejos e danças ao som de músicas melodiosas, e realizou-se um torneio em que os melhores arqueiros do reino testaram suas habilidades. Um ano depois, o velho Glic, que estava sempre arranjando problemas, disse ao rei que estava na hora do príncipe se casar com uma dama nobre de grande riqueza. O príncipe queria se casar com Lis Amarela, mas o rei disse que ele deveria escolher uma princesa cuja posição se equiparasse à dele. Desesperado, o príncipe mandou que Glic escolhesse uma esposa para ele em breve, do contrário voltaria a perambular e nunca mais retornaria.

— Encontrei uma dama adequada — disse Glic. — O pai dela é o Rei de Loch Lein, o reino ao lado do nosso. O pai é poderoso, a família é famosa, sua riqueza é incalculável e ela é tão bela quanto a Rainha das Fadas.
— Se ela me aceitar, eu me casarei com ela — respondeu o príncipe —, mas não vou procurá-la pessoalmente.

O rei enviou Glic à corte de Loch Lein, levando presentes valiosos e escoltado por soldados e serviçais. Poucas semanas dedepois, ele voltou e disse ao Rei de Erin que o Rei de Loch Lein havia consentido em dar ao príncipe sua filha em casamento. Na mesma hora começaram os preparativos para um casamento grandioso. Na corte haveria todo tipo de passatempos, várias danças e outros divertimentos a desfrutar, e as famílias reais de muitos reinos diferentes, até mesmo das ilhas do mar, compareceriam. O próprio príncipe finalmente se interessou muito em se preparar para o grande evento. Na verdade, quase se esqueceu de Lis Amarela e da ajuda que ela havia lhe dado para salvar sua cabeça. No entanto, pediu que seu pai convidasse o Gigante de Loch Lein para comparecer à festa que aconteceria antes do dia do casamento. Também concordaram em convidar Lis Azul, Lis Branca e Lis Amarela, e tratá-las como princesas do sangue real. No momento certo, o Rei de Loch Lein, que era um homem idoso, chegou com sua filha e uma enorme comitiva de serviçais. O porteiro tocou sua trompa e toda a corte de Erin saiu para cumprimentá-los. O Rei e a Princesa de Loch Lein foram conduzidos ao salão de recepções, onde a Rainha e o Príncipe de Erin lhes deram as boas-vindas. O príncipe ficou muito decepcionado ao contemplar a princesa e zangado com Glic, pois ela era arrogante e nada bonita. Parecia estar mais satisfeita com os móveis e tapeçarias caras do que com o príncipe.

O dia da festa finalmente chegou. A mesa no salão de festas estava repleta de frutas e carnes requintadas de todos os tipos a serem servidas em pratos de ouro maciço. Todos pareciam felizes, principalmente o velho Glic, que deveria receber uma grande quantia por ter encontrado uma esposa para o príncipe. No final da festa, o Rei de Erin cantou uma balada e o Rei de Loch Lein contou uma história. Naqueles tempos, as pessoas apreciavam feitos de magia, e o príncipe pediu a Glic que chamasse o poderoso Gigante de Loch Lein, para que ele pudesse realizar alguns truques. Em instantes o gigante entrou no salão, curvando-se rigidarigidamente, enquanto as pessoas batiam palmas e davam vivas. Ele não olhou para o príncipe, mas fez uma reverência aos dois reis.

— Suas Majestades — disse ele —, minha filha é a verdadeira mágica. Sei que ela ficará feliz em entretê-los por um momento. Na verdade, ela consentiu em tomar o meu lugar.

Nessa hora, Lis Amarela entrou no salão com um vestido dourado que deslizava pelo chão. Seus cabelos dourados brilhavam como o sol. Ninguém ali jamais tinha visto cabelos tão magníficos nem rosto e forma tão belos. Todos ficaram maravilhados demais com sua beleza e elegância para proferir uma palavra de boas-vindas. Lis Amarela sentou-se à mesa e jogou dois grãos de trigo no ar. Eles se acenderam acima da mesa e se transformaram num pombo e numa pomba. Na mesma hora, o primeiro começou a bicar sua companheira, quase expulsando-a da mesa. Para surpresa de todos, a pomba gritou:

— Você não me tratou assim no dia em que limpei os estábulos para você e encontrei o alfinete do sono.

Lis Amarela colocou dois grãos de trigo diante deles, mas o pombo os devorou avidamente e continuou a maltratar sua companheira.

— Você não teria feito isso comigo no dia em que cobri o telhado dos estábulos para você com as penas dos pássaros, nenhuma igual à outra — gritou a pomba.

Quando mais alguns grãos de trigo foram deixados diante deles, o pombo comeu mais avidamente do que antes e, depois de devorar todos, empurrou a companheira para fora da mesa. Ela pousou no chão gritando:

— Você não teria feito isso no dia em que me matou e usou meus ossos para fazer degraus na árvore de vidro com trezentos metros de altura, para pegar o ovo do corvo para a ceia do Gigante de Loch Lein… e esqueceu meu dedinho do pé, e me tornou coxa para o resto da vida!

O Príncipe de Erin levantou-se, vermelho de vergonha, e, voltando-se para o Rei de Loch Lein, disse:

— Quando eu era mais jovem, vagava por aí a caçar e jogar. Uma vez, longe de casa, perdi a chave de um baú valioso. Depois que uma nova chave foi feita, encontrei a antiga. Qual das duas chaves se deve guardar: a antiga ou a nova?

O Rei de Loch Lein ficou confuso, mas respondeu prontamente:

— Guarde a antiga, certamente, pois se encaixará melhor e você está mais acostumado com ela.
— Agradeço seu ótimo conselho — continuou o príncipe com um sorriso. — Lis Amarela, filha do Gigante de Loch Lein, é a antiga chave do meu coração, e não me casarei com nenhuma outra moça. Sua filha, a princesa, é a nova chave que nunca foi experimentada. Ela é apenas a convidada de meu pai, e nada mais; mas ficará melhor por ter comparecido ao meu feliz casamento em Erin.

Houve grande espanto das famílias reais e de seus convidados quando o príncipe pegou Lis Amarela pela mão e a levou a uma cadeira ao lado dele. Mas, quando os músicos começaram a tocar uma ária animada, o palácio ressoou da torre ao calabouço com gritos alegres de “Vida longa ao Príncipe de Erin e sua noiva, Lis Amarela de Loch Lein!”.

Fim,

Outros contos celtas:

A história de Deirdre
Filhos de Lir
O Lobo-Cinzento
O Rei do Deserto Negro
Lis Amarela
Tam Lim
A Floresta de Dooros
O caçador de focas e o sereiano
A Donzela do Mar
O Gigante Egoísta
A Tosa da Lã Encantada
O Dragão Relutante
O Gatinho Branco
A Dama da Fonte
O Cavalo Preto
Os animais gratos
As mulheres chifrudas
As três coroas
O violino de nove centavos
A caverna encantada
A visão de MacConglinney
Nuckelavee
Princesa Finola e o Anão
Oisin na Terra da Juventude


QUER VIRAR ESCRITOR?
PARTICIPE DO UNIVERSO ANTHARESSAIBA COMO CLICANDO AQUI.

O Gatinho Branco - Universo Anthares

O Gatinho Branco - Universo Anthares

[…] A história de Deirdre• Filhos de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do Mar• O […]

A Floresta de Dooros - Universo Anthares

A Floresta de Dooros - Universo Anthares

[…] A história de Deirdre• Filhos de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do Mar• O […]

Tam Lim - Universo Anthares

Tam Lim - Universo Anthares

[…] A história de Deirdre• Filhos de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do Mar• O […]

Boadiceia – A Celta Irredutível - Universo Anthares

Boadiceia – A Celta Irredutível - Universo Anthares

[…] A história de Deirdre• Filhos de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do Mar• O […]

Os Celtas em Anthares - Universo Anthares

Os Celtas em Anthares - Universo Anthares

[…] A história de Deirdre• Filhos de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do Mar• O […]

O Dragão Relutante – Conto Celta - Universo Anthares

O Dragão Relutante – Conto Celta - Universo Anthares

[…] A história de Deirdre• Filhos de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do Mar• O […]

A visão de MacConglinney - Universo Anthares

A visão de MacConglinney - Universo Anthares

[…] A história de Deirdre• Filhos de Lir• O Lobo-Cinzento• O Rei do Deserto Negro• Lis Amarela• Tam Lim• A Floresta de Dooros• O caçador de focas e o sereiano• A Donzela do Mar• O […]

Comments are closed.