Cronologia do Antigo Testamento

DESCOBRINDO AS DATAS DE EVENTOS BÍBLICOS

A Bíblia diz-nos como Deus se revelou em pontos específicos no tempo. Para que possamos compreender a relação dessas revelações divinas com outros eventos históricos, precisamos conhecer as datas dos acontecimentos bíblicos. A palavra cronologia, do grego chronos, significa simplesmente a datação de acontecimentos históricos dentro da corrente do tempo. A Bíblia dedica considerável espaço a questões cronológicas. Por exemplo, os profetas datavam seus escritos para mostrar o pano de fundo de sua mensagem. Suas notas cronológicas ajudam-nos a entender por que Deus disse o que disse, e por que fez o que fez em cada época particular. O povo judeu observava um calendário lunar que fixava as festas religiosas em determinadas estações do ano. Os israelitas colhiam a cevada na primavera durante o mês de abibe, o primeiro do ano religioso (Êxodo 23:15). Após o exílio, deram a esse mês o nome de nisã. Celebravam a Festa das Semanas durante o mês de sivã, que começava no verão, na colheita do trigo (Êxodo 34:22). A Festa da Colheita (ou Festa dos Tabernáculos) coincidia com a colheita geral feita no outono, no mês de etanim, mais tarde chamado tisri (Êxodo 34:22). Geralmente os meses eram de trinta dias, mas desde que eram contados a partir da lua nova, o calendário às vezes demandava um mês de 29 dias. O calendário lunar era onze dias mais curto do que o solar; não obstante, para ajustar as estações, os israelitas às vezes tinham de acrescentar um décimo terceiro mês ao ano. Isto lhes dava alguns dias de ano bissexto. O padrão de inserir dias de ano bissexto repetia-se num ciclo de dezenove anos.

O ESTABELECIMENTO DE DATAS ABSOLUTAS

A Bíblia não apresenta sua cronologia de acordo com o calendário hoje em uso. Para estabelecer datas absolutas, precisamos de compreender o sistema bíblico de registrar as datas dos reis e então coloca-lo ao lado das datas correspondentes aos governantes da Assíria e da Babilônia. Os assírios baseavam sua história em dados astronômicos, e assim podemos checar as datas assírias em face do movimento das estrelas, o que nosso conhecimento presente nos capacita a marcar com precisão. Depois podemos usar essa informação para localizar exatamente as datas dos eventos do Antigo Testamento.

A. Listas Assírias. As listas epônimas dos assírios dão as datas dos seus reis. Epônimo é uma pessoa que serviu para dar nome a um período de tempo: por exemplo, a Rainha Elizabeth I da Inglaterra foi o epônimo da Era Elizabetana. Assim, as listas assírias colocam muitos oficiais importantes em sequência e dão nome a cada ano segundo um dirigente particular. As tábulas de argila oriundas de Nínive e de outras cidades assírias arrolam os nomes desses dirigentes, juntamente com os anos consecutivos da história assíria. Essas listas dão-nos uma história que vai de 892 a 648 a.C. Durante esse tempo, vários dirigentes assírios estabeleceram contato com os reis hebreus. As tábulas mencionam Bur-Sagale, governador de Guzana. O registro assírio diz que ocorreu um eclipse do sol no mês de simanu, durante o mandato de Bur-Sagale. Os astrônomos dizem-nos que o eclipse ocorreu no dia 15 de junho de 763 a.C. Portanto, Bur-Sagale governou em 763 a.C, e podemos usar esta data para estabelecer as datas de outros dirigentes assírios.

Uma tábula acerca do líder assírio Daian-Assur diz que ele governou no sexto ano de Salmaneser III. Nesse mesmo ano os assírios travaram uma importante batalha em Qarqar contra um grupo de reis da costa do Mediterrâneo, e a tabula arrola o rei Acabe de Israel entre eles. Outra informação nas listas assírias dá a data dessa batalha — e da morte de Acabe — no ano 853 a.C. Ainda outra lista epônima diz que certo “Rei Ia-a-u” começou a pagar tributo a Salmaneser IH no décimo oitavo ano do reinado de Salmaneser. É muito provável que este fosse o rei Jeú de Israel. A lista assíria mostra que a data foi 841 a.C. Comparando-se os registros assírios e os hebreus, desta forma, podemos aprender muita coisa acerca da cronologia dos reis de Israel e de Judá.

B. Dois Sistemas de Calcular Datas. Como foi que os cronistas da Bíblia dataram o tempo de governo dos reis? Após a morte do rei Salomão e a divisão do reino, parece que os cronistas do reino do Sul (Judá) contavam o reinado oficial de seus reis a partir do mês hebreu de etanim, ou tisri (setembrooutubro) — início do ano civil. No reino do Norte (Israel), os escribas usavam o mês de abibe, ou nisã (março-abril) — o começo do ano religioso. Compare 2 Reis 22:3-13 e 23:21-23 para comprovar. Estes textos dizem como os homens do rei Josias descobriram um livro da Lei no templo, e como Josias restaurou a observância da Páscoa no tradicional décimo quarto dia de abibe. A Bíblia diz que tudo isso aconteceu no décimo oitavo ano do reinado de Josias. Se o escritor de 2 Reis começou contando os anos do reinado de Josias com o mês de abibe, ele estaria dizendo que os sacerdotes purificaram o templo para a Páscoa num máximo de 14 dias — período entre o primeiro e o décimo quarto dia de abibe, o que não é muito provável. Portanto, ele pode ter calculado que o décimo oitavo ano do reinado de Josias começou no outono anterior, no mês de etanim. Nenhuma passagem bíblica indica quando começaram os reinados dos reis de Israel. Contudo, Edwin R. Thiele demonstrou que se admitirmos que Judá começava o ano com o mês de etanim e Israel começava o seu com abibe, “as discrepâncias desconcertantes desaparecem e resulta um padrão cronológico harmonioso”.

C. Dois Sistemas de Tempo Decorrido. Mas o conhecimento com relação a esses dois sistemas diferentes de contar os anos não soluciona todos os problemas. Os historiadores antigos não eram coerentes ao falarem acerca do “primeiro ano” de um rei no trono, porque cada rei decidia pessoalmente como seus livros de história tratariam do caso. Um rei podia chamar o ano em que começou o seu reinado de “primeiro” ano; os estudiosos referem-se a isso como datar o ano de não-ascensão. Por outro lado, podia chamar o primeiro ano após ascender ao trono como seu “primeiro” ano; a isto os estudiosos rotulam como datar o ano de ascensão. Para se estabelecerem datas absolutas com exatidão, é preciso determinar o método que o rei empregava para designar os anos de seu reinado. Suponhamos que os reis de Israel usassem datar o ano de não-ascensão, enquanto os de Judá adotassem datar o ano de ascensão. A Figura 3 mostra como esses sistemas dariam diferentes datas para o reinado de um rei. Se realmente isto aconteceu, os registros de Israel dariam sempre um ano a mais para o reinado de um rei do que dariam os registros de Judá. À medida que cada rei chegava ao trono, o espaço total de tempo do seu reinado pareceria aumentar de um ano. Para correlacionarem-se as cronologias reais das duas nações, precisaríamos, portanto, de subtrair um ano do reinado de cada rei que se assentou no trono do Norte.

Temos razão para pensar que o costume em Israel era usar o sistema de datar do ano de não-ascensão? Sim, temos. Já tomamos conhecimento, por via da lista assíria, que o rei Jeú, provavelmente, pagou tributo a Salmaneser III em 841 a.C, 12 anos depois que o rei Acabe combateu na batalha de Qarqar. Os registros de Israel (dos quais presumivelmente são tomadas as datas pertinentes em Reis e Crônicas) dizem que Acabe foi sucedido por Acazias, que governou dois anos (1 Reis 22:52). Depois Jorão (Jeorão) reinou durante doze anos (2 Reis 3:1), perfazendo um total de quatorze anos para esses dois reis. Depois de Jorão, Jeú chegou ao trono e começou a pagar tributo a Salmaneser III. É possível harmonizar os doze anos na cronologia assíria com o período de quatorze anos na cronologia de Israel somente no caso de Israel ter adotado o esquema de datar o ano de não-ascensão. Isso significa que devemos subtrair um ano do reinado de cada um dos reis de Israel. Dessa forma, Acazias realmente reinou apenas um ano e Jorão onze anos. Significa isso que Acazias e Jorão realmente reinaram um total de doze anos, e isto concorda com a cronologia assíria para Jeú. A evidência só se ajusta aí se Israel adotava o método de datar pelo ano de não-ascensão. Por outro lado, os escribas de Judá usaram, indiscutivelmente, o esquema de datar pelo ano de ascensão para os seus reis. Podem ter mudado este sistema uma vez ou outra, quando o reino do Norte exercia estreita influência sobre Judá. Por exemplo, as duas nações se tornaram mais amigáveis quando a princesa Atalia, de Israel, casou-se com Jeorão, filho de Josafá, rei de Judá. A Bíblia diz que Jeorão “Andou nos caminhos dos reis de Israel, como também fizeram os da casa de Acabe” (2 Reis 8:18; 2 Crônicas 21:6). No reinado de Jeorão, conforme veremos, Judá adotou o método do ano de não-ascensão para datar seus reis, e o empregou por vários anos. Ao estudarmos as datas dos reis, precisamos também levar em conta as superposições de reinados. Isso acontecia quando um filho reinava como co-regente com o pai. Os mesmos anos eram então computados para ambos os reinados. Há diversos casos desta natureza, conforme veremos.

GOVERNANTES DO REINO DIVIDIDO

Agora estamos preparados para voltar a trabalhar com a data da morte de Salomão, data essencial quando ocorreu a divisão do reino. A Figura 4 usa as datas bíblicas para os governantes do reino dividido, tendo-se em mente os métodos de datar que já estudamos. Como estamos supondo que Israel seguiu um esquema de datar pelo ano de não-ascensão, precisamos subtrair um ano do reinado de cada rei de Israel quando voltamos a trabalhar com as datas dos assírios de 841 a.C. (começo do reinado de Jeú) e 853 a.C. (morte de Acabe). Use a Figura 2 para comparar o método de datar dos reis de Israel e de Judá. Para maior clareza, o nome de cada rei de Israel aparece em negrito, enquanto o nome de cada rei de Judá aparece com maiúsculas.

Jorão — 2 Reis 3:1; “12 anos” (11 anos). Jorão começou o seu governo no décimo oitavo ano de Josafá. Visto que ele reinou 11 anos antes de Jeú, seu primeiro ano de reinado único foi 852 a.C. (841 a.C. mais 11 anos).

ACAZIAS — 2 Reis 8:25; um ano. Acazias começou seu governo no undécimo ano do reinado de Jorão (2 Reis 9:29). (O motivo pelo qual 2 Reis 8:25 declara que ele começou no décimo segundo ano de Jorão é que Judá havia adotado, nesse tempo, o esquema de datar pelo ano de não-ascensão.) Tanto Jorão de Israel como Acazias de Judá morreram em 841 a.C. (2 Reis 9:24, 27); assim, Acazias provavelmente reinou apenas uns meses, muito embora os registros de Israel digam que ele tenha reinado “um ano”. (Lembre-se de que o método de datação de Israel, não contando o ano de ascensão, teria denominado os primeiros meses do reinado de Acazias como seu “primeiro ano”.)

JEORÃO — 2 Reis 8:17; “8 anos” (7 anos). Jeorão evidentemente adotou o método de datação de Israel pela não-ascensão, de modo que se deve subtrair um ano de seu reinado. Aparentemente Jeorão reinou com seu pai durante cinco anos antes de iniciar seu reinado oficial. Sabemos disso porque, quando 2 Reis 8:16 diz que Jeorão começou a reinar em Judá, também menciona Josafá como rei de Judá. Compare este texto com 2 Reis 3:1 e 2 Reis 1:17, o qual diz que Joião (“Jeorão”) de Israel se tornou rei no décimo oitavo ano do reinado único de Josafá (reinado único ou exclusivo, no sentido de que reinava sozinho) e no segundo ano de Jeorão, rei de Judá. (Já ficamos sabendo que este ano era 852 a.C). Isso indica que Jeorão governou com seu pai durante cinco anos antes de iniciar seu reinado oficial no quinto ano de Jorão (quarto ano de acordo com o datar pela não-ascensão), ou 848 a.C. (852 a.C. menos 4 anos.)

Acabe — 1 Reis 16:29; “22 anos” (21 anos). Acabe morreu no ano 853, de modo que deve ter iniciado o seu reinado em 874 (853 a.C. mais 21 anos).

do o seu reinado em 874 (853 a.C. mais 21 anos). JOSAFÁ — 1 Reis 22:41-42; 25 anos. É difícil fixar as datas de Josafá porque seu reinado se sobrepõe aos de seu pai e de seu filho. Ele começou a governar no quarto ano de Acabe, cujo reinado começou em 874 a.C. O quarto ano de Acabe (o ano em que Josafá subiu ao trono de Judá) foi 870 a.C. Visto como Josafá aliou-se a Acabe na batalha com os sírios em 853 a.C, é natural que ele tivesse posto seu filho Jeorão no trono como co-regente nessa ocasião, no caso de ele não voltar. Já vimos que Jeorão começou a reinar sozinho no quinto ano de Jorão (o quarto ano no sistema de datar pela ascensão). Assim, se tomarmos 852 a.C. (o primeiro ano do reinado de Jorão) e subtrairmos quatro anos, verificaremos que Jeorão foi governante único de Judá em 848 a.C, e supomos ter sido esse o ano em que Josafá morreu. Sabemos que Josafá reinou durante 25 anos (1 Reis 22:42), daí inferirmos que seu reinado começou em 873 a.C. (848 a.C. mais 25 anos). Conforme vimos, o período em que ele governou sozinho formalmente começou em 870 a.C. Ele reinou com seu pai Asa durante três anos, mais ou menos, porque Asa sofria de uma enfermidade nos pés que o tornava inválido, enfermidade que apareceu em seu trigésimo nono ano como rei (2 Crônicas 16:12).

Acazias — 1 Reis 22:52; “2 anos” (um ano). Acazias começou a governar no décimo sétimo ano do reinado único de Josafá, 853 a.C. (870 a.C. menos 17 anos).

ASA — 1 Reis 15:10; 41 anos. Sabendo que Josafá ascendeu ao trono em 870 a.C, esse deve ter sido o ano da morte de Asa. E ele deve ter começado a reinar em 911 a.C. (870 a.C. mais 41 anos).

Onri — 1 Reis 16:15-16, 23; “12 anos” (11 anos). Como sabemos que Acabe começou a reinar em 874 a.C, Onri deve ter morrido nesse ano. Isso quer dizer que Onri começou a reinar em 885 a.C. (874 a.C. mais 11 anos).

Zinri — 1 Reis 16:15; sete dias. Zinri matou a Elá, filho de Baasa. Por sua vez, Onri depôs Zinri (1 Reis 16:17-18).

Elá — 1 Reis 16:8; “2 anos” (1 ano). Elá foi morto no golpe de Zinri, em 885, de modo que ele começou a governar em 886.

Tibni — 1 Reis 16:21-24. Não sabemos por quanto tempo governou este rival de Onri. Supomos que ele tenha começado a governar ao mesmo tempo que Onri, em 885; eles simplesmente reinaram em regiões diferentes de Israel. Sabemos que Onri governou em Tirza seis anos (realmente, cinco), até 880. Então ele se mudou para Samaria e estabeleceu aí o seu governo, o que sugere que Tibni estava morto.

Baasa — 1 Reis 15:33; “24 anos” (23 anos). Uma vez que Elá foi entronizado em 886, sabemos que Baasa morreu nesse ano. Assim, ele começou a reinar em 909 a.C. (886 a.C. mais 23 anos).

Nadabe — 1 Reis 15:25-31; “2 anos” (1 ano). Baasa assumiu o controle de Israel assassinando a Nadabe, de modo que Nadabe deve ter reinado de 910 a.C. a 909 a.C.

Jeroboão — 1 Reis 14:20; “22 anos” (21 anos). O reinado de Jero-boão começou em 931 (910 a.C. mais 21 anos).

ABIAS (Abião) — 1 Reis 15:2; três anos. Visto como Abias começou seu reinado três anos antes de seu sucessor Asa, isso teria sido em 914 a.C. (911 a.C. mais 3 anos).

ROBOÃO — 1 Reis 14:21; 17 anos. Roboão começou seu governo em 931 a.C, 17 anos antes de Abias (914 a.C. mais 17 anos). Começou a reinar em Judá no mesmo ano em que seu rival Jeroboão foi entronizado em Israel, na época da divisão do reino. Este teria sido também o ano da morte de Salomão.

OS TRÊS PRIMEIROS REIS DE ISRAEL

Havendo estabelecido a data da morte de Salomão (931 a.C), podemos recuar na história de Israel, usando a cronologia bíblica para estabelecer datas (Veja a Figura 5). Jeroboão I e Roboão dividiram o reino em 931 a.C. e Salomão morreu nesse ano. A Bíblia diz que Salomão reinou em Israel durante 40 anos (1 Reis 11:42). De modo que na Figura 5 o início do reinado de Salomão é fixado em 971 a.C. Esse deveria ter sido o ano da morte de Davi. Davi reinou durante 40 anos, o que coloca o começo do seu reinado em 1011 a.C. Contudo, Davi governou somente sobre Judá enquanto Is-Bosete, filho de Saul, contava com a lealdade das outras tribos- Lemos em 1 Reis 2:11 e 2 Samuel 2:11 que Davi reinou em Hebrom sete anos e seis meses. Quando os inimigos de Is-Bosete o assassinaram, os chefes tribais de Israel reuniram-se em Hebrom e empenharam sua lealdade a Davi (2 Samuel 5:3). Desse modo, Davi começou a reinar sozinho em 1004 a.C, e esse período durou 33 anos. Saul, que morreu em 1011 a.C, também teve um reinado de 40 anos (Atos 13:21). (Algo deve ter-se perdido do texto hebraico em 1 Samuel 13:1. “Dois anos” não poderiam ser o número completo.) Não obstante, o número 40 pode incluir tanto o reinado de Saul como o de seu filho IsBosete. Se assim for, isto deixaria cerca de 33 anos para o período em que Saul governou sozinho, o que significa que ele teria começado seu governo em 1043 a.C. em vez de 1057 a.C.

MOISÉS E OS PATRIARCAS

Há dois pontos essenciais na cronologia do Antigo Testamento. O primeiro é a data em que foram lançados os alicerces do primeiro templo. Diz 1 Reis 6:1 que Salomão começou a edificar o templo no quarto ano de seu reinado sobre Israel, no segundo mês (zive), 480 anos depois que os israelitas saíram do Egito. Sabemos que Salomão iniciou seu reinado em 971 a.C, e assim seu primeiro ano, de acordo com o sistema de datar de Israel, teria começado no outono de 970 a.C. O quarto ano seria 967/66 a.C, contando-se de outono a outono. Uma vez que zive era o segundo mês do calendário religioso, concluímos que Salomão começou o templo na primavera de 966 a.C. Nesta base, a saída de Israel do Egito teria iniciado em 1446 a.C, e Canaã teria sido conquistada por volta de 1406 a.C. A outra data essencial no Antigo Testamento é a da mudança de Jacó para o Egito, que se deu 430 anos antes do Êxodo (Êxodo 12:40-41)- Isso nos leva ao ano 1876 a.C. (1446 a.C mais 430 anos). Tendo esses números como ponto de partida, podemos preencher datas para eventos do período de Abraão ao primeiro rei de Israel, Saul.

A. Data do Êxodo. Muitos estudiosos da Bíblia ainda questionam a data do Êxodo. Desenvolveram-se dois esquemas para determinar a data — uma data primitiva que toma 1 Reis 6:1 como uma nota precisa do tempo, e uma sugestão alternativa a que chamamos de “data tardia” ou “data recente”. Aqui apresentamos os argumentos de ambos os lados:

1. Data Primitiva. Este argumento insiste em que os antigos sabiam elaborar um calendário e manter registros exatos do tempo, e que demonstravam a duração das épocas com exatidão cronológica. Assim, o argumento aceita os 480 anos de 1 Reis 6:1 e a declaração de Jefté, um juiz que disse que Israel havia ocupado a terra de Canaã cerca de 300 anos (Juízes 11:26). Desde que já calculamos que o Êxodo de Israel começou em 1446 a.C, podemos deduzir 40 anos para suas peregrinações no deserto e colocar a entrada em Canaã no ano 1406 a.C. Se subtrairmos os 300 anos mencionados neste versículo, vemos que Jefté teria vivido em 1106 a.C.. e isso proporciona tempo suficiente para o período dos juízes, que governaram várias regiões de Israel antes da monarquia.

Os estudiosos da Bíblia que sustentam a data primitiva do Êxodo nessas bases também apontam para as tábulas de Amarna, datadas mais ou menos de 1400 a.C. Essas tábulas, descobertas no Egito, contêm correspondência internacional durante a décima oitava dinastia do faraó Amenotepe (Amenófis) III (1410-1377 a.C). Contêm numerosas solicitações das cidades-estados cananeias rogando aos egípcios que os ajudassem a expulsar os habiru, ou invasores nômades; mas é pequena a evidência de que esse grupo incluísse os israelitas. Se aceitarmos a data primitiva do Êxodo (1446 a.C.) e concedermos 40 anos para a peregrinação dos israelitas no deserto, eles teriam invadido Canaã em 1406 a.C. e teriam sido os habiru.

2. Data Tardia ou Recente. Os estudiosos que sustentam este ponto de vista creem que Moisés tirou os israelitas do cativeiro durante a décima nona dinastia egípcia, que começou em 1318 a.C. A principal linha de evidência para a data tardia é o aparecimento de novas formas culturais na Palestina, especificamente a destruição de Jericó por invasores de fora mais ou menos nesta data. Os estudiosos que defendem esta data salientam que o faraó da época foi Ramessés (Ramsés) II (cerca de 1304-1238 a.C), e creem que os escravos hebreus construíram as cidades-celeiros de Pitom e Ramessés durante seu reinado(Êxodo 1:11; 12:37; Números 33:3). Ramessés II menciona ter usado o trabalho escravo dos apiru — talvez a palavra egípcia para “he breus” — para edificar suas cidades-celeiros. Outros eruditos crêem que um faraó anterior construiu essas cidades, mas nesse caso Ramessés II certamente as reconstruiu e deu a uma delas o seu próprio nome. As descobertas arqueológicas parecem indicar que assim ocorreu. Se admitirmos que os hebreus edificaram essas cidades para Ramessés II, eles teriam deixado o Egito alguns anos mais tarde, por volta de 1275 a.C, e conquistaram Canaã depois de 1235 — data que esses eruditos creem confirmada pelas provas arqueológicas de que as cidades cananeias foram destruídas. Deveríamos notar, porém, que os faraós da época de Ramessés usavam os próprios nomes empregados pelos reis hicsos do Egito (1730-1570 a.C; veja “Egípcios”). Ramessés adorava os mesmos deuses que os reis hicsos. Assim, os escravos hebreus poderiam ter trabalhado nessas cidades sob as ordens dos hicsos. Em verdade, os hicsos teriam bons motivos para oprimir os israelitas, visto que eles também eram de origem semítica e consideravam os israelitas inimigos cruéis.2 Nesse caso, Êxodo 1:13 e seguintes podem descrever eventos ocorridos sob a décima oitava dinastia, que expulsou os hicsos. Topamos com muitas dificuldades se supusermos que o Êxodo ocorreu no século décimo terceiro. Se ele for datado por volta de 1275 a.C, e a conquista depois de 1235 a.C, e se Saul chegou ao trono mais ou menos em 1043 a.C, somente cerca de 230 anos teriam decorrido desde o Êxodo até Saul, e somente 190 desde a conquista até Saul.

B. A Vida de Moisés. A Figura 6 mostra a décima oitava dinastia do Egito e os acontecimentos de Israel desde o nascimento de Moisés até o reinado de Saul. Dividimos a vida de Moisés em três partes:

Primeiros Tempos. Considerando que Moisés tinha 120 anos quando os israelitas se achavam preparados para entrar em Canaã em 1406 a.C. (Deuteronômio 34:7), ele deve ter nascido no ano 1526 a.C, quase no começo da décima oitava dinastia do Egito. Até os 40 anos de idade ele viveu no palácio real como filho adotivo de Hatshepsut, filha de Tutmés I. Em 1486 a.C. (1526 a.C. menos 40 anos) ele fugiu para o deserto (cf. Atos 7:23).

Confrontação com o Faraó. Moisés passou 40 anos no deserto, cuidando dos rebanhos do seu sogro, Jetro. Então Deus o chamou para libertar a Israel do jugo do Egito, em 1446 a.C. (cf. Atos 7:30).

Vida no Deserto. Até 1406 a.C, Moisés conduziu os israelitas num curso incerto para a Terra Prometida.

Amenotepe (Amenófis) III (1410-1377 a.C). As tábulas de argila de Amarna mostram que os príncipes de Canaã apelaram para o faraó Amenotepe Iü a fim de ajudá-los a combater os invasores conhecidos como habiru. Os israelitas, que fugiam do Egito, podem ter feito parte desta onda de invasores.

Deus escolheu a Josué para conduzir Israel na conquista de Canaã, que levou seis anos — até cerca de 1400 a.C. (Josué 14:7,10). Sabemos disto porque Calebe tinha 40 anos quando foi espiar Canaã no segundo ano do Êxodo, 1444 a.C, e estava com 85 anos quando os israelitas dividiram o território de Canaã em 1400 a.C. (1445 a.C. menos 45 anos). Josué viveu 110 anos (Josué 24:29), mas não sabemos exatamente quando morreu. Os anciãos governaram Israel por algum tempo depois da liderança de Josué (Josué 24:31). Podemos supor um período de 15 a 20 anos desde o fim da conquista (1400 a.C) até à morte dos anciãos que serviram com Josué (cerca de 1380 a.C). O livro dos Juízes cobre um período de mais ou menos 337 anos, de 1380 a 1043 a.C. Os mandatos dos juízes e os períodos de opressão totalizam cerca de 410 anos consecutivos. Visto que Paulo diz que os juízes governaram “cerca de quatrocentos e cinquenta anos” (Atos 13:20), muitas das carreiras dos juízes podem ter sido superpostas. Na Figura 7 tentamos reconstruir esse período. Contudo, esses números são aproximados porque não sabemos exatamente quando Josué e seus anciãos morreram, nem por quanto tempo certas tribos de Israel se rebelaram contra Deus. Mas a declaração de Jefté em Juízes 11:26, de que os israelitas conquistaram Canaã cerca de 300 anos antes de seu tempo, dá-nos um ponto de referência. Se ele está falando em 1106 a.C. (1406 a.C. menos 300 anos), está muito próximo da data de 1089 a.C. que temos calculado para as incursões dos amonitas. Todavia, usaremos a data de 1106 a.C. para Jefté a fim de reconstruir as datas dos juízes posteriores. Este novo mapa leva-nos aos dias de Samuel, às batalhas de Israel e dos filisteus no oeste e no sudoeste, e a nomeação de Saul como rei em 1043 a.C.

C. Os Patriarcas e a Mudança para o Egito. Havendo aceitado a data de 1446 a.C. para o Êxodo, podemos recuar à história dos patriarcas. A Figura 8 mostra a disposição desta cronologia.

Estada de Israel no Egito. Já vimos que os israelitas viveram no Egito cerca de 400 anos (Gênesis 15:13). Êxodo 12:40 diz-nos que a família de Jacó chegou ao Egito 430 anos antes do Êxodo, ou por volta de 1876 a.C. (cf. Gaiatas 3:17). Isto quer dizer que a família de Jacó entrou no Egito numa época em que o país não era uma nação especialmente forte.

Alguns estudiosos insistem em que a família de Jacó deve ter entrado no Egito após a época dos hicsos, porque os israelitas teriam encontrado acesso mais fácil sem a presença deles. Todavia, os hicsos não deixaram o Egito senão depois de 1570 a.C. Isso empurraria o Êxodo para 1270 a.C, a “data tardia”, que já vimos ser duvidosa com base em outros motivos. As Escrituras dizem que Jacó tinha 130 anos quando entrou no Egito (Gênesis 47:9,28). José estava com 39 anos (idade de 30 mais 7 anos mais 2 anos, Gênesis 41:46-47; 45:6). Com a data de 1876 a.C. para a mudança de Jacó para o Egito, podemos determinar as datas desses homens.

2. José. A data do nascimento de José seria 1915 a.C. (1876 a.C. mais 39 anos). De acordo com Gênesis 50:26, ele teria morrido em 1805 a.C. (1915 a.C. menos 110 anos).

3. Jacó. Jacó contava 130 anos quando entrou no Egito e aí viveu 17 anos. Estava, pois, com 147 anos quando morreu em 1859 a.C. (1876 a.C. menos 17 anos). Trabalhando com o outro método, verificamos que ele nasceu em 2006 a.C. (1876 a.C. mais 130 anos).

4. Isaque. Isaque, pai de Jacó, tinha 60 anos quando Jacó nasceu (Gênesis 25:26), o que significa que Isaque nasceu em 2066 a.C. (2006 a.C. mais 60 anos). Ele viveu 180 anos; quer dizer que morreu em 1886 a.C, cerca de 10 anos antes de Jacó levar sua família para o Egito.

5. Abraão. Diz a Bíblia que Abraão tinha 100 anos quando nasceu Isaque (Gênesis 21:5); isso quer dizer que ele nasceu em 2166 a.C. em Ur dos Caldeus. Entrou em Canaã com a idade de 75 anos (Gênesis 12:4) em 2091 a.C Morreu em 1991 a.C. com 175 anos (Gênesis 25:7).

DATAS ANTERIORES A ABRAÃO

Nosso estudo da cronologia anterior a Abraão divide-se em duas seções: 1) desde o Dilúvio até Abraão e 2) desde a Criação até o Dilúvio. Desnecessário é dizer que este espaço de tempo apresenta os maiores problemas porque já não podemos comparar as datas bíblicas com os registros históricos das nações circunvizinhas de Israel. As histórias antigas dessas nações são muito resumidas e parcamente entendidas. Até mesmo as diferentes versões do Antigo Testamento estão em nítido desacordo quanto aos eventos da história anterior aos patriarcas. Geralmente seguimos o texto massorético (hebraico), mas compararemos seu relato com as demais versões antigas em pontos específicos.

A. Desde o Dilúvio até Abraão. O rol da família de Abraão (Gênesis 11:10-26) proporciona-nos a informação de que necessitamos para esse período. A Figura 9 mapeia a vida dos ancestrais de Abraão. Primeiro, note-se que a data de nascimento de Abraão é 2166 a.C, e a de sua morte, 1991 a.C. Esses dados baseiam-se nos cálculos que já efetuamos.

1. Terá, Pai de Abraão. O pai de Abraão, Terá, havia adorado ídolos durante vários anos (Josué 24:2) quando transferiu sua família de Ur Para Harã. Terá viveu em Harã até morrer, com 205 anos (Gênesis 11:32). Deus ordenou a ida de Abraão para Canaã quando ele estava com 75 anos (Gênesis 12:4). Parece que tal fato aconteceu imediatamente após a morte de Terá. Isto fixaria a morte de Terá no ano 2091 a.C. (2166 a.C. menos 75 anos), dando-lhe 130 anos quando Abraão nasceu (idade de 205 menos 75 anos). Verificamos, pois, que Terá nasceu em 22% a.C. (2166 a.C. mais 130 anos ou 2091 a.C. mais 205 anos).

2. Naor. Terá nasceu quando seu pai, Naor, estava com 29 anos de idade (Gênesis 11:24). Naor viveu mais 119 anos (Gênesis 11:25), de modo que ele deve ter nascido em 2325 a.C. (22% a.C. mais 29 anos).

3. Serugue. Serugue, pai de Naor, estava com 30 anos quando este nasceu, e depois disto viveu 200 anos (Gênesis 11:22-23). Portanto, a data do nascimento de Serugue foi 2355 a.C. (2325 a.C. mais 30 anos) e ele morreu em 2125 a.C (2325 a.C menos 200).

4. Reú. Reú, pai de Serugue, tinha 32 anos quando este nasceu, e depois disto viveu 207 anos (Gênesis 11:20-21). Assim, a data do nascimento de Reú foi 2387 a.C. (2355 a.C. mais 32 anos), e sua morte ocorreu em 2148 a.C. (2355 a.C. menos 207 anos).

5. Pelegue. O pai de Reú, Pelegue, estava com 30 anos quando aquele nasceu; depois disto, ele viveu 209 anos. Quer dizer que a data do nascimento de Pelegue foi 2417 a.C. (2387 a.C. mais 30 anos) e a data de sua morte foi 2178 a.C. (2387 a.C. menos 209 anos).

6. Héber. Estava Héber com 34 anos quando lhe nasceu Pelegue, e depois do nascimento de Pelegue ainda viveu 430 anos (Gênesis 11:16-17). Assim, calculamos que Héber nasceu em 2451 a.C. (2417 a.C. mais 34 anos) e morreu em 1987 a.C. (2417 a.C. menos 430 anos). Isto significa que Héber viveu além da época em que Abraão entrou na terra de Canaã. Se a evidência das tábulas escavadas em Ebla estiver correta, o termo hebreu pode derivar-se do nome deste homem.

7. Sala. Sala, pai de Héber, estava com 30 anos quando este nasceu; viveu mais 403 anos (Gênesis 11:14-15). Portanto, a data do nascimento de Sala foi 2481 a.C. (2451 a.C. mais 30 anos) e a data de sua morte, 2048 a.C. (2451 a.C. menos 403 anos).

8. Cainã. O texto hebraico da Escritura não menciona a vida de Cainã; há, porém, uma declaração a seu respeito na versão Septua-ginta de Gênesis 10:24 e 11:12-13, bem como 1 Crônicas 1:18. Lucas 3:36 também o menciona. A Septuaginta indica que Cainã estava com 130 anos por ocasião do nascimento de Sala e viveu 330 anos depois do nascimento deste. Isto significaria que Cainã nasceu em 2611 a.C. (2481 a.C. mais 130 anos) e morreu em 2151 a.C. (2481 a.C. menos 330 anos).

9. Arfaxade. O texto hebraico diz que Arfaxade era pai de Sala, mas a Septuaginta declara que Arfaxade era pai de Cainã. Em face dessas declarações conflitantes, não tentaremos datar o nascimento ou a morte de Arfaxade. Sabemos, contudo, que ele nasceu dois anos após o Dilúvio (Gênesis 11:10) e viveu cerca de 400 anos após o nascimento ou de Sala ou de Cainã.

10. Sem. Sem contava 100 anos quando nasceu seu filho Arfaxade, e a duração de sua vida foi cerca de 600 anos (Gênesis 11:10-11).

Esses dados colocam-nos diante de problemas definidos. Em face da grande duração de vida atribuída aos primitivos patriarcas, deveriam os anos ser entendidos sempre como anos completos? Por que a Septuaginta inclui Cainã na lista, enquanto o texto hebraico não o faz? Poderia haver lacunas nas listas genealógicas? Em verdade, parece que as listas de Gênesis 5 e 11 não são registros completos, mas seleções de homens preeminentes.

Além disso, note-se que o espaço de tempo desde Cainã (em 2611 a.C.) até à entrada de Abraão em Canaã (em 2091 a.C.) é de mais ou menos 520 anos. Podíamos ter de adicionar cerca de 60 anos se Arfaxade é pai de Cainã ou de Sala. E que dizer de Héber? Se tomamos o texto massorético por seu significado manifesto, Héber viveu além do tempo em que Abraão entrou em Canaã. Foi realmente assim? Não necessariamente. Se houver lacunas na lista, Héber pode ter morrido bem antes de Abraão ter chegado a Canaã. Eis outro problema: O espaço de 520 anos desde Cainã até à entrada de Abraão em Canaã não se harmoniza com os números dados por outras versões do Antigo Testamento. A Septuaginta diz que decorreram 1.232 anos desde o Dilúvio até à viagem de Abraão para Canaã, enquanto o Pentateuco Samaritano diz que foram 942 anos. Não temos como comprovar esses números. Mas desde a descoberta dos pergaminhos de Qumran, o texto massorético tem sido considerado como autêntico. Ainda assim, o texto massorético está em desacordo com os registros da antiga história egípcia e mesopotâmica. Os relatos da história do Egito e da Mesopotâmia para essas regiões começam cerca de 3000 anos antes de Cristo. O Dilúvio deve ter ocorrido antes dessa época, e num tempo anterior ao que vemos na Figura 9. A melhor conclusão é a de que a lista de Gênesis 11 não é um registro cronológico mas o registro de uma época. Em outras palavras, ela dá os nomes de certos indivíduos preeminentes na linha genealógica correta, mas nem sempre numa sequência de pai para filho. Assim, a extensão de tempo coberta é mais longa do que podia parecer. A Bíblia oferece-nos diversos outros exemplos de listas referentes a épocas, como em Mateus 1:8, onde Jorão parece ser pai de Uzias. Realmente, Jorão foi bisavô de Uzias. Mateus não poderia esperar que esta omissão passasse despercebida a seus leitores, nem parece ter ele esperado que eles encontrassem falhas e as apontassem. Por estranho que pareça, este método de genealogia por época era bem compreendido no mundo antigo.

B. Desde a Criação até ao Dilúvio. Visto como não podemos estabelecer data específica para o Dilúvio, teremos problema se quisermos recuar até à data de Adão e Eva. Tudo o que podemos fazer é seguir a linha da família de Adão até ao tempo do Dilúvio, usando as cronologias encontradas em Gênesis 5 e 7:11. Consulte a Figura 10 à medida que explorar a história anterior ao Dilúvio.

Lista de reis sumários. Um historiador da antiga Suméria registrou os reinados dos reis sumários neste prisma antigo, entre 2250-2000 a.C. A lista menciona um grande dilúvio que destruiu o mundo, exatamente como o faz o livro do Gênesis.

1. Adão a Enoque. Adão estava com 130 anos quando nasceu Sete (Gênesis 5:3). Podemos ignorar a família de Caim, visto que Gênesis não nos oferece datas específicas para seus descendentes. E a Bíblia não menciona nenhum descendente de Abel quando ele foi assassinado. Portanto, a genealogia deve começar com Sete. Adão viveu ainda 800 anos após o nascimento de Sete (Gênesis 5:4). Sete contava 105 anos quando lhe nasceu Enos. Depois do nascimento deste, Sete viveu 807 anos (Gênesis 5:6-7). Enos estava com 90 anos quando lhe nasceu o filho Cainã, e depois disso ele viveu 815 anos (Gênesis 5:9-10). Cainã estava com 70 anos quando nasceu Maalaleel, e ele ainda viveu mais 840 anos (Gênesis 5:12-13). Maalaleel tinha 65 anos quando gerou a Jarede, e ele viveu mais 830 anos (Gênesis 5:15-16). Jarede estava com 162 anos quando gerou a Enoque, e depois do nascimento deste ele ainda viveu 800 anos (Gênesis 5:18-19). Estava Enoque com 65 anos quando nasceu Metusalém, e depois disso ele ainda viveu 300 anos. “Andou Enoque com Deus”, e Deus o levou para o céu (Gênesis 5:21-24).

2. Metusalém a Noé. Metusalém estava com 187 anos quando lhe nasceu o filho Lameque, e a Bíblia diz que depois de gerar a Lameque ele viveu 782 anos (Gênesis 5:25-26). A duração da vida de Metusalém daria como ano de sua morte o ano do Dilúvio, segundo o relato bíblico. Significa isto que Metusalém morreu durante o Dilúvio? Talvez. A Bíblia não o diz. Contava Lameque 182 anos por ocasião do nascimento de Noé, e ele viveu ainda 595 anos (Gênesis 5:28-31). Noé tinha 500 anos quando gerou seus três filhos (Gênesis 5:32). Noé construiu um navio para transportar a si próprio e à sua família, juntamente com determinados animais, durante o Dilúvio que Deus enviou para destruir a vida pervertida da terra no ano 600 de Noé (Gênesis 7:6). Após o Dilúvio, Noé viveu 350 anos, e morreu com a idade de 950 anos (Gênesis 9:28-29). Se somarmos as idades de cada um desses homens (de Adão a Noé), obteremos um total de 1.656 anos até o Dilúvio, mas outras versões do Antigo Testamento nos dão números diversos. A Septuaginta dá 2.242 anos para o mesmo período, e a versão Samaritana, 1.307 anos. Essas diferenças, deixando de lado tudo o mais, tornariam impossível fixar uma data definida para Adão. Segundo esta cronologia, Noé nasceu 1.056 anos após a Criação (1.656 anos menos 600 anos). Não temos registros seculares confiáveis desse período. As listas de reis sumérios mostram de seis a oito reis governando cerca de 30.000 anos antes do Dilúvio! Obviamente, trata-se de lendas. Não podemos dar uma resposta exata à pergunta sobre quanto tempo o homem tinha vivido na terra, mas não favoreceríamos a sugestão de milhões de anos. Apenas nos aventuraríamos a dizer que muitas gerações viveram entre Adão e o Dilúvio, e este ocorreu antes de 2611 a.C. (nascimento de Cainã).

DATAS PARA ISRAEL E JUDÁ DESDE 841 a.C.

Uma vez mais, tenhamos em mente que Israel adotou o esquema de datar pelo ano de nãoascensão, e por isso se deve subtrair um ano do reinado de cada rei. Visto como Israel exerceu influência sobre judá desde o tempo de Jeorão, Judá também seguiu nessa época um esquema de não-ascensão. Mas ambas as nações mudaram para um esquema de ascensão durante este período.

Jeú — 2 Reis 10:36; “28 anos” (27 anos). Este rei matou seu predecessor em Israel, Jorão, e também o rei de Judá, Acazias. Desde que estamos admitindo que Jeú começou a reinar em 841, seu reinado teria terminado em 814 a.C. (841 a.C. menos 27 anos).

ATALIA — 2 Reis 11:4, 21; “Sete anos” (seis anos). Esta era esposa de Jeorão e filha de Jezabel de Israel. Vendo que Jeú havia matado a Acazias, seu filho, ela executou toda a descendência real para que pudesse tomar o trono. (Contudo, alguns leais seguidores de Acazias deram sumiço a Joás, filho do rei, levando-o para um esconderijo.) Atalia chegou ao trono em 841 a.C. e governou sete anos segundo o método de não-ascensão, ou em realidade seis anos. Seu reinado terminou em 835 a.C. (841 a.C. menos 6 anos).

JOÁS Heoés”) — 2 Reis 12:1; “40 anos” (39 anos). Joás começou a reinar quando menino, em 835 a.C. e reinou durante 40 anos de não-ascensão, ou 39 anos reais. Isto quer dizer que ele foi assassinado em 796 a.C. (835 a.C. menos 39).

Jeoacaz — 2 Reis 13:1; “17 anos” (16 anos). Jeoacaz começou seu reinado após a morte de Jeú, em 814 a.C, e reinou 17 anos de não-ascensão, ou 16 anos reais, até 798 a.C. (814 a.C. menos 16 anos).

Jeoás — 2 Reis 13:10; 16 anos. Parece que Israel agora adotou um sistema de datar pelo ano da ascensão até ao fim do reino. Jeoás começou a reinar em 798 a.C. e governou até 782 a.C. (798 a.C. menos 16 anos).

AMAZIAS — 2 Reis 14:1-2; 29 anos. Por essa época, Judá havia, evidentemente, voltado ao sistema de datar pelo ano da ascensão. Amazias subiu ao trono em 796 a.C, antes ocupado por Joás, e reinou por 29 anos, até 767 a.C. A Bíblia diz também que Amazias viveu 15 anos após a morte de Jeoás de Israel — 782 a.C. menos 15 anos, ou 767 a.C (2 Reis 14:17).

Jeroboão II — 2 Reis 13:10; 14;23; 41 anos. Embora o reinado total de Jeroboão tenha sido de 41 anos, parece que ele reinou com Jeoás por algum tempo. Oficialmente tornou-se rei no décimo quinto ano de Amazias, 781 a.C. (796 a.C. menos 15 anos). Azarias (“Uzias”) sucedeu seu pai no trono de Judá 14 anos mais tarde (29 anos menos 15 anos), mas ele tornou-se rei no vigésimo sétimo ano do reinado d e Jeroboão (2 Reis 15:1-2), 794 a.C. (767 a.C. mais 27 anos). Portanto, deve ter havido uma superposição de 13 anos entre Jeroboão e seu Pai, Jeoás. Isso significa que o reinado conjunto de Jeroboão com Jeoás começou em 794 a.C, e o período em que ele reinou sozinho começou em 781 a.C. (Aparentemente seu governo oficial começou com o novo ano, visto como o calendário diz que Jeoás morreu em 782 a.C.) Ele governou até 753 a.C. (794 a.C. menos 41 anos). Talvez Jeoás tenha estabelecido o governo conjunto com Jeroboão para proteger o trono de Israel enquanto ele combatia Amazias de Judá (2 Reis 14:8-11).

Zacarias — 2 Reis 15:8; seis meses. O governo de Zacarias cobriu o período de 753-752 a.C, e depois foi assassinado.

AZARIAS (“UZIAS”) — 2 Reis 15:1-2, 8; 52 anos. Sabemos que Zacarias tornou-se rei de Judá no trigésimo oitavo ano de Uzias; assim, este se tornou rei em 791 a.C. (753 a.C. mais 38 anos). Mas a Bíblia diz também que Uzias se tornou rei no vigésimo sétimo ano de Jeroboão II, em 767 a.C. Portanto, Uzias deve ter tido um reinado a dois de 24 anos com Amazias, e seu reinado exclusivo começou em 767 a.C, quando Amazias morreu. Já que o reinado total de Uzias começou em 791 a.C, ele governou até 739 a.C. (791 a.C. menos 52 anos). O reinado conjunto de Uzias com Amazias provavelmente começou por causa da batalha entre Amazias e Jeoás de Israel, na qual Amazias foi capturado e levado para Israel (2 Reis 14:8-11). Ele permaneceu ali até à morte de Jeoás. Então Amazias voltou a Judá, onde viveu durante 15 anos após a morte de Jeoás.

Salum — 2 Reis 15:13; um mês. Salum governou no trigésimo nono ano de Uzias; isso quer dizer que ele governou e morreu em 752 a.C. (791 a.C. menos 39 anos).

Menaém — 2 Reis 15:17; dez anos. Ele também começou seu governo no trigésimo nono ano de Uzias, 752 a.C, e governou durante sete anos, até 742 a.C.

Pecaías — 2 Reis 15:23; dois anos. Tornando-se rei em 742, ele reinou até 740 a.C. (2 Reis 15:23 diz-nos que Pecaías começou a reinar no quinquagésimo ano de Uzias, ou 741 a.C Evidentemente, este é outro caso em que o novo rei chegou ao trono no começo do novo ano).

Peca — 2 Reis 15:27; 20 anos. Parece que temos aqui um verdadeiro problema. 2 Reis 15:27 diz-nos que Peca começou a reinar no quinquagésimo segundo ano de Azarias (Uzias), o que seria em 739 a.C. (791 a.C. menos 52 anos). Se aceitarmos essa declaração, o reinado de Peca começaria em 739 e terminaria em 719 a.C. Teríamos então de somar o reinado de nove anos de Oséias, colocando o fim do reinado deste em 710 a.C. Mas isto não se harmoniza com os registros assírios da queda de Israel. Há frequentes sugestões de que os reinados de Jotão e de Acaz correram paralelamente com o de Peca, que começou em 752 a.C. Em outras palavras, Peca começou a governar a Israel ao mesmo tempo que Menaém. De acordo com esta suposição, Peca teria governado , 752 a 732 a.C. A referência ao ano cinquenta e dois do reinado de Azarias indica o ano em que Peca reinou sozinho no Norte, e a declaração de que seu reinado durou 20 anos refere-se ao reinado total de Peca, com início em 752 a.C.

JOTÃO — 2 Reis 15:32-33; 16 anos. Jotão começou a reinar no segundo ano de Peca, 751 ou 750 a.C. (dependendo do mês em que peca começou o seu reinado). Já vimos que Uzias reinou até 739 a.C, de modo que Jotão e Uzias devem ter reinado juntos diversos anos. Em verdade, a Bíblia diz que Uzias ficou leproso no final de sua vida (2 Crônicas 26:21); isto teria obrigado a uma co-regência, visto que os leprosos tinham de ser isolados. De acordo com 2 Reis 16:1, Acaz sucedeu a Jotão no décimo sétimo ano de Peca, ou 735 a.C. (752 a.C. menos 17 anos). Assim, Jotão deve ter reinado de 750 a 735 a.C. Embora a Bíblia diga que Jotão reinou 16 anos, também diz que ele viveu até ao que teria sido o vigésimo ano de seu reinado, 730 a.C. Oséias de Israel tramou a morte de Peca no vigésimo ano de Jotão (2 Reis 15:30). De acordo com a Figura 11, mostramos o fim da vida de Jotão por volta de 730 a.C. Diz a Escritura que os amonitas pagaram tributo a Jotão até ao terceiro ano de seu reinado oficial (2 Crônicas 27:5). Isso seria por volta de 736 a.C. (739 a.C. menos três anos).

Oséias — 2 Reis 17:1; nove anos. Começando a reinar com a morte de Peca em 732 a.C, Oséias viu o término de seu reinado em 723 a.C. quando os assírios levaram embora o reino do Norte. Aqui também os registros oficiais da Assíria ajudam a confirmar a cronologia bíblica. Dizem-nos que Salmaneser V morreu em 722 a.C, logo depois de capturar uma importante cidade da Palestina (cf. 2 Reis 17:3-6). O sucessor de Salmaneser, Sargão II, vangloriava-se de capturar Israel no ano em que ele ascendeu ao trono da Assíria; evidentemente o governo da Assíria mudou de mãos durante esta conquista.

ACAZ — 2 Reis 16:1-2; 16 anos. Lemos em 2 Reis 17:1 que o rei Oséias de Israel começou a reinar no duodécimo ano de Acaz; então, ° governo de Acaz começou em 744 a.C. (732 a.C. mais 12 anos) e terminou em 728 a.C. (744 a.C menos 16 anos). Isto quer dizer que Acaz superpôs-se ao reinado de seu pai, Jotão, durante nove anos.

EZEQUIAS — 2 Reis 18:1-2, 13; 29 anos. Diz-nos 2 Reis 18:1 que Ezequias chegou ao poder no terceiro ano de Oséias, ou 729 a.C. (732 a.C. menos três anos).

Lemos em 2 Reis 18:13 que Senaqueribe atacou Jerusalém no décimo quarto ano do reinado de Ezequias, o que seria 715 a.C, mas os registros assírios mostram que este ataque aconteceu em 701 a.C. Talvez um escriba tenha copiado 2 Reis 18:13 incorretamente, e teria escrito 24 em vez de 14. (E fácil confundir esses números na escrita hebraica.) Nesse caso, o “reinado” exclusivo de Ezequias começou em 725 a.C. (701 a.C. mais 24 anos) e terminou em 696 a.C. (725 a.C. menos 29 anos). Suponhamos que Ezequias tenha estabelecido um governo rival a seu pai, Acaz. Suponhamos também que Acaz tenha deixado o trono mas tenha vivido alguns anos mais, exercendo uma poderosa influência no país. Se assim aconteceu, podemos entender por que 2 Reis 18:1 diz que Ezequias começou a governar em 729 a.C, quando 2 Reis 18:13 sugere que ele se tornou rei em 725 a.C. — ambos estariam certos por causa da forma como a abdicação de Acaz turvou as águas políticas de Judá. Naturalmente, isto ainda deixa sem resposta algumas perguntas. Por que o mesmo livro data de dois modos diferentes o reinado de um rei? Como poderiam Uzias, Jotão e Acaz governar Judá ao mesmo tempo (744-739 a.C.)? Que lutas pelo poder ocorriam em Judá? Francamente, não sabemos. Mas é melhor aceitar algumas dessas questões e continuar investigando, do que rejeitar um trecho da Escritura em favor de outro. Esse curso não pode estar certo.

DATAS DE JUDÁ DE 696 a.C. A 587/86 a.C.

Por esse tempo, o reino de Israel, ao Norte, cessara de existir, e assim já não podemos comparar datas para os reis de Israel e de Judá. Começaremos em 6% a.C. (fim do reinado de Ezequias) e exporemos os reinados dos reis remanescentes de Judá, conforme se vê na Figura 12.

MANASSES — 2 Reis 21:1; 55 anos. Manasses começou a governar em 6% a.C. e governou 55 anos, até 641 a.C.
AMOM — 2 Reis 21:19; 2 anos. Amom começou seu reinado em 641 e reinou até 639 a.C.
JOSIAS — 2 Reis 22:1; 31 anos. Josias começou a governar em 639 a.C. e reinou até 608 a.C, quando perdeu a vida no campo de batalha tentando deter Faraó-Neco e os egípcios. Josias ia juntar-se aos assírios na batalha contra os babilônios (2 Reis 23:29).

JEOACAZ — 2 Reis 23:31; 3 meses. O povo escolheu o primeiro filho de Josias, Jeoacaz, como seu novo rei. Mas Faraó-Neco não o ueria e colocou no trono Jeoaquim, outro filho de Josias.

JEOAQUIM — 2 Reis 23:36; 11 anos. Durante seu reinado, Nabucodonosor veio a Jerusalém pela primeira vez e submeteu Judá ao domínio da Babilônia. Jeoaquim foi confirmado no trono em 605 a.C. Sem dúvida alguma podemos fixar este ano, porque dois eclipses estabeleceram 605 a.C. como o começo do reinado de Nabucodonosor. Um desses eclipses ocorreu no quinto ano de Nabopolassar, pai de Nabucodonosor. Sabemos, também, que Nabucodonosor ascendeu ao trono no vigésimo quinto ano de seu pai. O outro eclipse ocorreu no dia 4 de julho de 568, e a esta altura Nabucodonosor já havia reinado 37 anos. Isto coloca a ascensão de Nabucodonosor ao trono em 605 a.C. Também em 605 a.C. Daniel foi levado para a Babilônia e teve início o exílio judaico de 70 anos (cf. Jeremias 25:9-12; Daniel 9:2). Jeoaquim começou a reinar em 608 a.C. e reinou 11 anos, até 597 a.C. (608 a.C. menos 11 anos) quando morreu.

JOAQUIM — 2 Reis 24:8; 3 meses. Joaquim tornou-se rei depois de Jeoaquim, mas Nabucodonosor atacou Judá pela segunda vez e deportou Joaquim para a Babilônia. Então Nabucodonosor pôs no trono a Zedequias, outro filho de Josias.

ZEDEQUIAS — 2 Reis 24:18; 11 anos. Este foi o último rei da primeira comunidade de Judá. Governou desde 597 até 586 a.C, quando Nabucodonosor veio pela terceira vez, destruiu o templo e pôs fim ao reino judaico.

GEDALIAS — 2 Reis 25:22-26; sete meses. Gedalias tornou-se governador no décimo nono ano de Nabucodonosor, o que confirma que Gedalias chegou ao poder em 586 a.C. (2 Reis 25:22). Evidentemente, Nabucodonosor teve de sufocar outra rebelião em Judá, visto que alguns do povo não aceitavam o fato de que a primeira comunidade havia chegado ao fim. Isto aconteceu no vigésimo terceiro ano de Nabucodonosor, ou 582 a.C. (cf. Jeremias 52:30).

DATAS EXÍLICAS E PÓS-EXÍLICAS

A Bíblia proporciona algumas datas para o período do Exílio. Joaquim foi libertado no trigésimo sétimo ano de seu exílio (2 Reis 25:27). Isto colocaria o livramento por volta de 560 a.C. (597 a.C. menos 37 anos). Ezequiel também menciona datas específicas para os eventos de seu ministério, desde o tempo do cativeiro de Joaquim (Ezequiel 1:l-2; 29:17). Ezequiel ouviu falar da queda de Jerusalém no duodécágono ano de seu exílio, o que a colocaria por volta de 586 a.C. (Ezequiel 33:21). A Babilônia caiu sob o domínio de Ciro e dos persas em 539 a.C, e Ciro imediatamente decretou que todos os refugiados podiam voltar para suas terras de origem (2 Crônicas 36:22; Esdras 1:1). De novo vemos Deus operando na história a fim de realizar seu propósito para o povo de Israel. O povo judeu levou quase um ano para voltar à sua terra natal e estabelecer-se para começar a segunda comunidade. O sistema do calendário persa era diferente do calendário judaico, mas podemos calcular que os judeus começaram a lançar os alicerces do segundo templo em 536 a.C. É interessante notar que o Exílio terminou 70 anos depois que os babilônios sitiaram Judá em 606 a.C, conforme Deus havia predito (Jeremias 25:11). A construção do templo foi interrompida não muito tempo depois de iniciada. Recomeçou no segundo ano de Dario I, em 520 a.C. sob o ministério profético de Ageu e de Zacarias (Esdras 4:24; 5:1-2; Ageu 1:1-15; 2:1-9). Foi completada no sexto ano de Dario (Esdras 6:15), o que seria por volta de 516 a.C. Esta é outra forma de marcar o intervalo de 70 anos do Exílio — desde a destruição do primeiro templo em 586 a.C. até à conclusão do segundo templo em 516 a.C. Ester viveu nos dias de Assuero ou Xerxes (486-464 a.C), e as datas atribuídas a ela são por volta de 483 e 479 a.C. (Ester 1:3; 2:16).

O fecho dos acontecimentos históricos do Antigo Testamento ocorreu no reinado de Artaxerxes I (464-423 a.C). Esdras levou um contingente de judeus para Jerusalém no sétimo ano de Artaxerxes (Esdras 7:7-9), por volta de 458 a.C. Para ajudar a Esdras e ao grupo judaico, Neemias conseguiu a nomeação de governador da terra. Foi-lhe permitido voltar no vigésimo ano de Artaxerxes (Neemias 1:1), o que se daria por volta de 444 a.C. Parece haver um intervalo entre esta primeira viagem a Jerusalém (Neemias 2:1-11) e uma segunda viagem no trigésimo segundo ano de Artaxerxes (Neemias 13:6), a qual teria sido por volta de 432 a.C. Daniel prediz que o Messias remirá seu povo após 70 grupos de 7 anos (“semanas”), começando com o retorno de Neemias a Jerusalém em 444 a.C. (Daniel 9:24). O Messias deve ser “morto” ao fim de 69 conjuntos de setes (Daniel 9:25-26), ou 483 anos, a começar com a proclamação de Artaxerxes em 444 a.C, o que vem a ser a própria semana em que Jesus foi crucificado, levando-se em conta todos os cálculos necessários.

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