(Frija, Frowe, Frea, Fro, Vanadis, Vanabrudr, Mardöll, Hörn, Syr, Gefn)
“A Senhora”
Segundo Snorri Sturluson, Freyja é “a mais gloriosa e brilhante” das deusas nórdicas. Alguns autores consideram Freyja e Frigga aspectos de uma mesma Deusa – porém, as diferenças são obvias. Enquanto Frigga é a padroeira da paz e da vida doméstica e protetora da família, Freyja é a regente do amor e da guerra, da fertilidade, da magia e da morte. Chamada de “Afrodite Nórdica”, Freyja é considerada “A Senhora” e seu irmão Frey, “O Senhor”, ambos invocados para atrair a fertilidade da terra e a prosperidade das pessoas.
Filha da deusa da terra Nerthus e do deus do mar Njord, Freyja fazem parte das divindades mais antigas, Vanir, e foi cedida junto com o pai e irmão ao clã dos Aesir, como parte do acordo firmado entre os dois clãs de deuses. Da análise de seu arquétipo, podem ser feitas algumas comparações com deusas de outras culturas e identificadas semelhanças. Como Perséfone, Freyja também se ausenta da terra por alguns meses, causando a queda das folhas e a chegada do inverno. Da mesma forma que Hécate, Freyja ensinou as artes mágicas às mulheres e é a padroeira das magas e das profetisas (völvas e seidhkonas).
Assim como Afrodite, Freyja rege o amor e o sexo e tem numerosos amantes (segundo os comentários de Loki, todos os Aesir, todos os elfos, quatro gnomos e alguns mortais), sendo considerada adúltera e promíscua em todas as literaturas extra-nórdicas. É casada com Odr, mas, em razão de seu desaparecimento por alguns meses do ano, Freyja chora lágrimas de âmbar e ouro, procura-o e lamenta sua ausência. As duas deusas são aficionadas por ouro e joias: Afrodite tem seu cinto mágico, Freyja usa o famoso colar Brisingamen e o nome de suas duas filhas – Hnoss e Gersemi – significam, respectivamente “tesouro” e “joia”. Cibele, em seu mito, era servida por sacerdotes eunucos; os magos nórdicos que usavam as práticas seidhr eram considerados efeminados e vistos com desdém pelos guerreiros, que os apelidaram de ergi. Enquanto a carruagem de Cibele é puxada por leões, a de Freyja é conduzida por gatos.
Também são citadas as deusas celtas Maeve, Morrigan e Macha, pois Freyja tanto é guerreira, quanto sedutora, e usa a magia ou a astúcia para atingir seus objetivos. Ao contrário das deusas celtas, que sobrevoam os campos de batalha metamorfoseadas em corvos, Freyja pode assumir a forma de um falcão ou usar um manto feito com suas penas. Outras deusas correlatas são Anat, Ishtar e Inanna, que têm em comum com Freyja os traços guerreiros, a licenciosidade amorosa, as habilidades mágicas e a morte e renascimento (ou retorno) de seus amados. A escritora Sheena McGrath compara Freyja não apenas a essas deusas, mas também a Odin, pois ambos se valem do sexo para atingir seus propósitos. Ambos são adúlteros e ardilosos, viajam metamorfoseados entre os mundos e recebem as almas dos guerreiros mortos em seus salões. Freyja possui um colar mágico – Brisingamen -, obtido de quatro gnomos ferreiros, em troca do qual ela dormiu uma noite com cada um.
Odin, com inveja dos poderes mágicos do colar, enviou Loki para que o roubasse. Ele se transformou em uma pulga e mordeu o pescoço de Freyja que, ao se coçar, soltou o colar, permitindo que Loki o roubasse. Para reavê-lo, Freyja teve que fazer algumas concessões para Odin com relação à disputa sobre os ganhadores nas batalhas (cada um deles queria a vitória para os seus protegidos). Freyja vive na planície de Folkvangr (“campo de batalha”), em um palácio chamado Sessrumnir (“muitos salões”). Diariamente, ela cavalga – como condutora das Valquírias – e recolhe metade dos guerreiros mortos em combate. Nesse aspecto, seu nome é Val-Freyja. Como recompensa por ter iniciado Odin na magia seidhr, Freyja pode escolher quais heróis deseja – os demais cabem a Odin.
Ela também recebe as almas das mulheres solteiras. Como Vanadis, Freyja é a regente das Dirsir, que personificam aspectos das forças da natureza (sol, chuva, fertilidade, abundância e proteção) e são as matriarcas ancestrais das tribos, reverenciadas com o festival anual Disirblot, na noite de 31 de outubro. A escritora Monica Sjöo considera Freyja e Frigga deusas gêmeas ou, juntamente com Hel, parte de uma tríade -, embora tenham atributos totalmente diferentes. Freyja também tem seu aspecto solar: chamada de “Sol brilhante”, ela chora lágrimas de ouro e âmbar, que são também os nomes de seus gatos, chamados por Diana Paxson de Tregul (“ouro da árvore”) e Bygul (“ouro da abelha”). Sua busca por Odr segue a trajetória do Sol, conforme a mudança das estações, o que também a liga a terra. Com o nome de Mardal ou Mardöll, Freyja é reverenciada como “o brilho dourado que aparece na superfície da água iluminada pelos raios do Sol poente”. Supõe-se que Gullveig (a enigmática giganta que disseminou a cobiça entre os deuses Aesir) tenha sido um disfarce usado por Freyjja, enfatizando sua paixão pelo ouro. E foi como a maga Heidr, “A Brilhante”, que ela ensinou a magia seidhr a Odin.
Outras de suas manifestações são Hörn, “A fiandeira”, regente do linho; Syr, representada como “A porca”, real significado do seu nome (Frowe, Fru ou Frau).Atributos: Representação da feminilidade, do amor, do erotismo, da vida, da prosperidade e do bem-estar. Também é a regente das batalhas, da guerra e da coragem. É a senhora da magia, a padroeira das profecias e das práticas xamânicas seidhr ou sëidr (compostas por transe, necromancia, magia e adivinhação). Suas sacerdotisas são as völvas e seidhkonas. Freyja é a deusa nórdica mais cultuada e conhecida; seu nome deu origem à palavra fru – que significa “mulher que tem o domínio sobre seus bens” -, que acabou por se tornar, com o passar do tempo, o equivalente a “mulher”. Renomada pela beleza extraordinária e pelo poder de sedução, ela tinha formas exuberantes e aparecia com os seios desnudos, o manto de penas de falcão nos ombros e inúmeras joias de ouro e âmbar.
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[…] Freya é provavelmente Afrodite da mitologia grega. […]
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