A Cosmogonia Nórdica – Parte 2

Este post é a continuação direta deste aqui.


[…] Como sustentação do pálio celeste, foram colocados nos quatro pontos cardeais – Nordhri, Sudhri, Austri e Vestri – quatro anões, cujos nomes significavam Norte, Sul, Leste e Oeste. Para iluminar esse lindo mundo novo, os deuses pegaram centelhas de luz de Muspelheim e as fixaram como estrelas no firmamento celeste.

Duas grandes faíscas foram transformadas no Sol e na Lua e colocadas em vistosas carruagens, uma dourada e outra prateada. A carruagem solar era puxada por dois cavalos: Arvakr (“o madrugador”) e Alsvin (“o veloz”), protegidos do intenso calor por selas recheadas de ar gelado. Para evitar que o calor e o brilho do Sol queimassem a terra e os seres que nela iriam habitar, os anões confeccionaram o escudo Svalin (“o resfriador”) e prenderam-no à frente da carruagem. A carruagem lunar, de prata, era puxada por um único cavalo, Alsvidar (“o ligeiro”), e dispensava o escudo, pois a luz da Lua era fria.

Para conduzir os dois luminares em sua viagem pelo céu, os filhos do gigante Mundilfari, Mani e Sol – cujos nomes significavam Lua e Sol -, foram escolhidos pelos deuses. Em seguida, para conduzir uma carruagem preta puxada pelo cavalo Hrim-faxi (“crina de gelo”), que enquanto corria espalhava gotas de orvalho e granizo sobre a terra, foi escolhida uma giganta, Nott (“a noite”), filha de Norvi. Outra carruagem ainda foi providenciada para Dag, filho de Nott (cujo nome simbolizava a luz do dia), puxada pelo cavalo Skin-faxi (“crina brilhante”), que fazia com que seus raios luminosos fossem distribuídos para todos os recantos da terra.

No entanto, o equilíbrio entre o bem e o mau, o começo e o fim, deveria ser mantido. Por isso, os ferozes lobos Skoll (“repulsa”) e Hati (“raiva”) perseguiam o Sol e a Lua, que de vez em quando eram abocanhados, provocando os eclipses. Assustados com o barulho dos tambores e com os gritos dos homens, para eles fenômenos inexplicáveis, os lobos largavam suas presas e se escondiam, até recomeçar suas eternas perseguições, que se encerrariam somente em Ragnarök, quando os lobos finalmente engoliriam o Sol, prenúncio do fim, fazendo a terra mergulhar na escuridão.

Para finalizar sua obra, a tríade Odin, Vili e Vé criou também a Manhã e a Tarde, o Meio-Dia e a Meia-Noite, o Verão e o Inverno, o Crepúsculo e a Alvorada. Enquanto os deuses se ocupavam da criação da Terra, do corpo esfacelado de Ymir começaram a sair inúmeras criaturas minúsculas e rastejantes, que posteriormente foram divididas pelos deuses em duas classes de gnomos. Os seres escuros, ladinos e traiçoeiros, foram levados para Svartalfheim (“Morada dos Gnomos Escuros”), um reino subterrâneo de onde não podiam sair, sob o risco de petrificarem se expostos à luz. De nomes variados – trolls, kobolds, míneros, gnomos e anões -, sua tarefa era explorar as entranhas da terra e extrair dali os metais e pedras preciosas, transformando-os em joias para os deuses. Os seres claros, bons e prestativos, foram chamados de Fadas e Elfos e enviados para Alfheim (“Morada dos Elfos Claros”), situada entre o céu e a terra, onde eles podiam se locomover à vontade, cuidando das plantas e voando com os pássaros, as abelhas e as borboletas.

Apesar de Midgard ter sido projetado, desde o início, para ser a morada da humanidade, os seres humanos ainda não existiam. Um dia, Odin e seus irmãos Vili e Vé (ou Hoenir e Lodhur) passeavam à beira-mar, quando acharam dois troncos de árvores semelhantes à forma humana. Após contemplá-los por um breve instante, decidiram dar-lhes vida: do freixo criaram o homem – Askr – e do olmo, a mulher – Embla. Odin conferiu-lhes o espírito e a consciência; Vili, os movimentos e a capacidade mental; Vé, a fala, a circulação do sangue e os sentidos. Assim dotado – com pensamentos e a capacidade de falar, amar, trabalhar, viver e morrer -, o primeiro casal humano foi instalado em Midgard, aos poucos povoado pelos seus descendentes e protegido dos ataques dos gigantes pelos seus criadores divinos.


O poema “Rigstula”, da coletânea Poetic Edda conta a peregrinação do deus Heimdall – ou Rig – entre os mortais, em Midgard. Na primeira noite, ele pernoitou na casa de Edda (“avó”) e AE (nomes comuns entre os sami), que eram pobres e ignorantes. Rig fez sexo com Edda, que veio a gerar um filho negro chamado Tral (“escravo”). Ele era feio, deformado e tinha a pele escura, mas era forte e trabalhador, cuidava da terra e dos animais e se alimentava de pão preto e frutas. Na segunda noite, Rig se hospedou na casa dos camponeses Ave e Amma (“ama”), pessoas respeitáveis e trabalhadoras; ela, tecelã e ele, entalhador de madeira. Rig também teve relações sexuais com Amma, e esta deu à luz Karl, um menino forte, de cabelos ruivos e olhos e pele claros. Quando adulto, Karl passou a arar a terra e a construir casas, enquanto sua mulher cuidava da horta e do pomar. Rig, na terceira noite, entrou na casa de um casal rico; Fadir (“pai”) e Modir (“mãe”). Eles não trabalhavam, somente se divertiam: o homem caçava e a mulher cuidava da sua pele branca como a neve e se enfeitava com joias. Rig ficou com eles e copulou com a mulher, que teve um lindo filho chamado Jarl. Ele era alto, tinha pele branca e olhos azuis; vestia-se de seda e veludo e comia carne em pratos de ouro. Jarl foi treinado pelo próprio Rig para ser guerreiro e dirigente, tendo também aprendido os mistérios das runas. Jarl lutou e conquistou muitas terras, acumulou riquezas e glórias e foi morar em um castelo, onde um de seus filhos tornou-se rei e o outro, sacerdote de Odin.

Leia ainda sobre outros tópicos, em posts já com explicações breves de harmonização com Anthares:

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A Cosmogonia Nórdica em Anthares - Universo Anthares

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