O Mago de Cipre é um dos personagens de Fonte Azul, sendo um dos mais poderosos de Anthares.
Segue abaixo parte das lembranças do escrivão de Anthares sobre ele.
[…] cheio de apelidos, mas um mago sem nome. Um dos nomes proibidos até em minhas anotações – seu próprio nome era um encanto. E, por sorte, minha memória não é lá essas coisas.
No livro O Silêncio, ele é descrito em um diálogo sobre os humanos que conseguiram enfrentar Daxa.
– Nosso guerreiro foi o que durou mais? – perguntou Glenan.
– Não. Pelo que sei, houve um outro guerreiro e ainda um mago. Ambos se mantiveram de pé por mais tempo que Aodin, mas também sucumbiram. Aodin, no entanto, foi quem o atingiu com mais força, ao que parece.
– Quem foram esses outros dois – indagou Glenan, e os ouvintes todos, que eram mais de dez silenciosos, mal podiam respirar esperando a resposta da boca de Tsaron.
– O guerreiro foi Ïtaro, dos relatos segundo constam no livro de Jeú, e o outro foi o Mago de Cipre, cujo nome foi esquecido propositalmente pelos antigos que contaram suas histórias.
– Isso é estranho. O nome foi esquecido propositalmente? Qual seria o motivo? Fazê-lo ser esquecido? – questionou Glenan.
– Não, claro que não. Se aqueles que esqueceram seu nome foram os mesmos que contaram suas histórias, a ideia não era ignorá-lo. O problema era outro: eles temiam pronunciar o nome do mago, pois seu nome por si só era um feitiço.
Todos sentiram um frio subindo pela espinha, até Andagon quebrar o clima:
– O Mago de Cipre é aquele que foi esculpido nas rochas pelos Acsï? – Isso provavelmente é só uma lenda. Duvido que aquela estátua tenha sido feita por eles, mas a imagem é do rosto do mago, sim.
De volta à descrição do escrivão, lemos:
Ele foi cruel boa parte da vida; um valente que subjugou muitos homens de fama (incluindo até um rei poderoso – sim, aquele mesmo) e matou toda a linhagem dos alquimistas azuis, aprisionando seus espíritos até seu conflito com o campeão dos Acsï – o terrível Daxa.
Ele sempre soube que Daxa um dia iria até ele. O acsi descia de tempos em tempos para investidas que, aqui em cima, sabemos bem o motivo, mas lá ninguém entendia. A certeza do mago vinha de uma profecia desferida contra ele pelo guardião do Livro do Convênio, meu antigo amigo. O mago cria que o livro poderia lhe acrescentar poderes, ou mesmo sabedoria, então atentou contra o guardião que, apesar de ter lhe resistido bem, definhou por fim, mas não sem antes decretar a sentença do mago com a profecia que o perturbaria pelo resto da vida.
O mago sempre foi muito ativo e realizou incontáveis feitos (em sua maioria, são histórias terríveis), mas paralelo a tudo o que fez, a cada passo preparou-se também para o encontro com o acsi. Os Ascï são seres de outra Concessão e não sei dizer se podem ser mortos – é difícil raciocinar sobre categorias que não existem para humanos – mas o mago bem que chegou perto!
Ah, que belo e engenhoso trabalho de manipulação foi aquele das barreiras ocultas na Floresta Cipreste! Não só as barreias, mas todo o vasto território preparado com recursos engenhosíssimos – como as frestas feitas nas árvores que, ao menor dos ventos, assoviavam um harmonioso e hipnótico canto, e o que dizer das almas azuis, que guardavam o lugar com toda ferocidade?
Daxa, como se quisesse enfrentá-lo em sua melhor condição, esperou um momento – quando o mago estava no auge de seu poder – que ele estivesse próximo o suficiente da floresta para que o embate fosse lá.
Daxa desceu como trovão, colidindo contra o chão, fazendo tudo estremecer. O mago correu para a floresta e tudo começou.
Uma das batalhas mais duras do terrível Daxa (sem dúvida a mais longa), contra o mago mais cruel de todas as eras. Pouco se viu daqui de cima, pois além de tudo, havia uma névoa confusa que cobria tudo na floresta desde a altura dos ombros até a copa das árvores. Mas eu não estava aqui; estava lá, com a proteção e sutileza de sempre, anotando tudo.
Depois de um longo combate, Daxa, todo arranhado, sem fôlego, exausto, teve êxito e venceu o mago cruel. Mas Daxa sempre foi tão orgulhoso que, para a sua vergonha, até hoje permanece intocada na floresta a zombaria esculpida pelos próprios Acsï: uma estátua do apelidado “Mago de Cipre”.
Havia ainda uma profecia curiosa ele que parecia ser sobre a morte de alguém especial pra ele, mas na verdade era sobre a morte moral dele mesmo.
Enfim, há muito, muito mais sobre ele. Mas é preciso estar no grupo de colaboradores para saber.
Também há um texto pequeno sobre ele aqui.
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