A deusa da magia: Ticê!
Deusa da Maldade e da Inveja
A deusa Ticê foi considerada, dentro da mitologia tupi-guarani, a deusa do submundo. Diz a lenda que as pessoas a temiam muito pela grandiosidade de poder que ela tinha. Suas habilidades mágicas dentro da feitiçaria eram justificadas pela quantidade de segredos que Ticê conhecia.
Ticê começou como feiticeira, buscando conhecimento mágicos e querendo elevar seus poderes. Fazendo isso, a feiticeira conseguiu ser elevada ao nível de deusa. Além disso, a deusa era conhecida por dominar a maldade e a inveja no coração de todos. Era como se esses sentimentos fossem plantados por ela.
Ticê & Anhangá – Reis do Submundo
Ticê também ficou muito marcada na história da mitologia tupi-guarani por ter se tornado esposa do Deus do submento, Anhangá. Isso faz com que ela virasse a primeira-dama do mundo dos mortos. É claro que uma mulher tão poderosa quanto Ticê não deve nunca ser lembrada apenas pelo status de seu relacionamento e não foi assim que aconteceu. O que fez com que a história dos dois fosse uma das mais conhecida entre os deuses foi a maneira como se apaixonaram.
Anhangá também era muito poderoso, ele era encarregado de castigar as pessoas ruins e cruéis. Além disso, ele era o protetor da flora e arqui inimigo de Tupã, Deus poderoso. Como Anhangá tinha que castigar todos aqueles que maltratam mulheres, fêmeas grávidas e etc, ele tinha uma forma peculiar de fazer isso. De acordo com as histórias, qualquer um que olhasse em seus olhos era atingido por uma loucura que seria capaz de acabar com a alegria da vida, levando a pessoa para a morte.
No meio de tudo isso, Ticê encontrou Anhangá e usou seus poderes para enganá-lo. Ou seja, ela não foi atingida pela loucura e morte do Deus do submundo. Isso fez com que, por um breve momento, os dois parassem e se olhassem profundamente olho a olho. O resultado dessa troca de olhares foi uma paixão fulminante, que acabou em casamento. Depois disso, os dois passaram a reinar o submundo juntos.
Ticê é de nossa herança, também, dentro do Sagrado Indígena. Eles, os povos indígenas, são os verdadeiros donos deste lugar, e são nossos ancestrais originários. Nossos povos originários, assim como outros povos, a exemplo da mitologia grega, das deidades estudadas em Goétia e outras egrégoras, buscavam no esoterismo o reconhecimento de figuras míticas sentido para todos esses eventos que não se podiam explicar, mas que aconteciam e acontecem.
Para exemplificar melhor, podemos dizer que existe o gênio das pessoas, o íntimo que conversa com a consciência, a natureza pessoalíssima de cada um, quase que como um ser dentro de si: alguns se dão à maldade, violência e crueldade, sem que, aparentemente, tenham motivos para tal. “É o gênio”, dizem. Outras pessoas já nascem transcendendo a paz e a bondade, a voz do gênio vibra ressoando harmonia com o ser. Assim entendemos esses fenômenos relacionais entre gênio, personalidade e existência, que se confundem com a não explicação contundente para com os meteoros no céu, o girar da Terra em seu eixo, e mesmo a vida e sentido da Via-Láctea e todos os acontecimentos sobrenaturais que se dão em natural harmônico, por si.
A história de Ticê nos foi presenteada pela mitologia tupi-guarani. Tem seu valor guerreiro originário como parte do empoderamento de mulheres e da resistência cultural. Muitos serão os céticos, porém existem aqueles que conhecem as deusas e seus poderes. A Deusa Ticê foi chamada de “a feiticeira sem medo”. Alguns a consideram como a Deusa da maldade e da inveja. Na mitologia é a deusa do submundo.
Ticê causava medo às pessoas pela grandiosidade de poder que possuía. Manuseava suas habilidades mágicas dentro da feitiçaria com sigilo e muitos segredos. Fluídica desde o telúrico ao etéreo: força pura.
Todos valorizavam seus conhecimentos mágicos e admiravam sua dedicação na busca incessante para a elevação de seus poderes. Adquiriu intenso conhecimento sobre as profundezas da magia e conseguiu alcançar o elevado nível de deusa. A força ancestral da mulher indígena soube harmonizar seu gênio e magia transformando-os em equilíbrio natural.
A Deusa Ticê era conhecida por dominar e plantar a maldade e a inveja no coração de todos; “gênio” talvez devesse ter um correspondente mais digno do feminino. Em sua sabedoria e feitiçaria toda, possuía dons em manipular poções e venenos mortais com ervas e outros elementos. Ainda hoje há quem diga que Ticê sobe desde o pé esquerdo da mulher preparada e corajosa que se adentra em matas em busca de conhecimento e mostra segredos da magia natural das plantas. Para danos, domínios, ou até não. Sabedoria é árvore nova, pende para onde a sopramos.
Ticê, usando de seu encantamento e feitiço, tornou-se esposa do Deus do submundo: Anhangá. Também muito poderoso, carregava a missão de punir e castigar as pessoas ruins e cruéis. Protetor da mata e flora e arqui-inimigo de Tupã, Deus permissivo e do livre arbítrio. Anhangá fazia sua própria justiça contra quem maltratava mulheres, fêmeas grávidas e seres indefesos. Nesses eventos, o cometedor da maldade era obrigado a encarar Anhangá nos olhos e, imediatamente, era acometido por uma loucura extrema, que levava esse infrator à morte.
Ticê foi levada a Anhangá com fama de espalhar maldade e inveja e pelo poder de seus feitiços. Ela encarou Anhangá e não foi atingida pela loucura e morte. Essa troca de olhares resultou em paixão, desejo e lascívia. Desde então, o casal passou a reinar no submundo juntos. Ticê passou a comandar as trevas e a retornar à superfície para punir ou abençoar aqueles que a veneravam, ensinando e praticando seus poderosos feitiços, entre eles o encantamento amoroso e as amarrações.
Sua magnífica e irresistível beleza aliada aos seus tão assombrosos poderes levaram-na a se tornar a rainha de regiões infernais. Ticê é admirada e temida porque soube contar com o seu poder de mulher guerreira e forte.
Ela nunca dependeu de outros poderes, nem dos de Anhangá. Bastou-se através de sua dedicação ao estudo da arte da magia e de feitiços e continua sendo quem ela quer ser. Uniu-se a Anhangá por opção, e entre eles reinou a igualdade. Ao olhar profundamente nos olhos de Anhangá, saíram de sua bela boca as seguintes palavras: “Nós somos igualmente valorosos. Você me deve o mesmo respeito que eu devo a você”.
No Vale do Anhangabaú (mau espírito), em São Paulo, passava um rio. Nas regiões abissais desse rio moravam Anhangá e Ticê. Porém, o homem branco renegou sempre os mitos e lendas para implantar o progresso e achar espaço para sua ganância e seu suposto poder. E assim foi construindo a cidade nos arredores do rio. Injustiças sociais e outras modernidades sobrepujaram os poderes de Ticê e Anhangá.
Ticê era uma poderosa feiticeira que era muito temida por seus segredos e conhecimentos. Ela foi elevada ao nível de divindade e reina as regiões infernais.
História
Certa vez, Ticê utilizou seus encantos para não ser atingida pela loucura e morte que eram causados pelos olhos de Anhangá, a divindade do submundo. Assim, com ambos podendo se olhar diretamente nos olhos, eles se apaixonaram. Anhangá então casou-se com Ticê e a levou para reinar ao seu lado no submundo, assim tornando-a uma divindade.
Correspondências:
É deusa: da magia, da inveja, da raiva, da maldade, das mulheres, do submundo, dos mortos.
Cores: preto, verde escuro, e tons de marrom escuro.
Oferendas: velas, incensos de ervas (não os industrializados, os naturais), penas, ossos, ervas, bonecas de ervas.
Chamada em rituais de: passagem (principalmente a morte), para realizar magias, para punir aqueles que falam mal, ou para punir os inimigos, para conhecer mais sobre suas próprias sombras, muitas vezes ela é chamada junto de Anhanga.
Leia mais sobre a Mitologia Tupi-guarani.
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