Meu Encontro com Deus

Ele nasceu em uma família pobre e mal tinham o que comer. Trabalhava duro construindo casas junto com seu pai, que sempre dizia para ele voltar à realidade, pois aquela era a única que eles tinham.

Todos os dias acordava cedo, lavava o rosto na bica, comia o que tinha e ia trabalhar. Suas mãos estavam sempre doendo e com pequenos cortes de carregar as pedras para fazer paredes.

Além de toda dificuldade, vivia sempre com medo. A guarda romana cobrava e vigiava todos os lugares. Ali na cidade todos deviam alguma coisa e os impostos estavam cada vez maiores e impossíveis de pagar.

Todos estavam condenados diante da lei e os guardas a usavam para ameaçar e abusar das pessoas. Além disso, todo mês escolhiam alguém de forma aleatória para punir com açoites ou matar como forma de exemplo.

O medo era constante e a morte rondava os lares como um urubu. Era questão de sorte continuar vivo. A vida não tinha sentido.

Ele não tinha qualquer ambição e, apesar de ser criado a acreditar no Deus de Abraão, não tinha mais fé havia muito tempo. Estava tão enterrado na lama da realidade que acreditava apenas na morte eterna.

Pensava assim, mas não falava na frente da família, pois não queria magoar sua mãe, tão devota.

Seus dias eram assim, todos iguais. Mas houve um dia onde tudo foi diferente.

Estava colocando as pedras no muro, quando viu uma grande multidão se aproximando. Parou tudo e foi correndo para ver o que estava acontecendo e, só de se aproximar, sentiu algo inexplicável.

Não sabia o que era, mas teve uma sensação maravilhosa: uma leveza e uma paz de espírito que nunca tinha experimentado.

Ia chegando perto e via pessoas chorando de emoção por todos os lados. Não sabia o que era, mas foi sentindo uma vontade incontrolável de descobrir o que causava aquele sentimento e começou a entrar no meio da multidão.

Foi chegando perto e começou a ouvir as pessoas gritando “ele curou aquele homem cego”, “a mulher não está mais doente” e “ele fez um paralítico andar”.

Ouvia a palavra “milagre” por todas as partes e, ao invés de estranhar toda aquela situação, apesar da histeria coletiva, aquela confusão não causava espanto ou descontrole nem nele, nem na multidão. Ao contrário, sentia uma felicidade tão grande no peito que tinha vontade de chorar.

Foi se enfiando no meio daquelas pessoas e olhava para todos os lados, mas não tinha ideia do que estava procurando. Até que uma porta se abriu na sua frente e saiu dali uma pessoa. Uma simples pessoa.

As pessoas ao seu redor gritavam, choravam e se ajoelhavam. Não tinha como explicar, parecia sair luz daquele homem. A emoção era tão grande que também caiu de joelhos e começou a chorar. O homem pegou na sua cabeça e disse, “meu filho, agora você está curado, você acredita em Deus”.