Cá, observando o sábio e seus caprichos, me pergunto se ele sabe mesmo algo sobre a eternidade, da qual tanto perde tempo explicando. Ah! seu ensaio sobre o tempo, por fim, terminou. Quem sabe agora me ouça e não leve mais que uma era respondendo às perenes objeções.
Aprendiz: Salve, mestre! Um pouco do seu tempo, por obséquio.
Sábio: Oh, mui simpático aprendiz! Devo me preocupar com esta pausa que fiz?
A: Creio que não! Torço por uma atenção longânima, de respostas breves, se possível.
O sábio, mui sábio, havia se desgastado explicando como as coisas são e sobre as próprias coisas que são ou não são.
A: Desde que o Todo-Poderoso, vivente na eternidade, a mente do infinito, o pensador perpétuo, é também criador de tudo, certamente precisou criar o Tempo. Então…
S: Ora, quem disse que Ele criou o Tempo? Prove antes de afirmar, caro.
A: Se não o criou, não estaria contido ao Tempo? E ainda, se fez-se ação temporal pelo Verbo, não estaria o Criador dentro de sua criação?
S: Ele é a Luz. Esqueceste-te, pois, de que ainda sem o início – já que não ouso dizer “antes do início” – a Luz já existia? E luz não precisa de espaço, tampouco de tempo! No tempo e no espaço, ela apenas tem sua própria forma de se comportar. Acabando-se tudo, incluindo o tempo, resta-se a Luz.
A: Eficiente esquive, mestre. Mas restará somente a Luz… na eternidade?
S: Perspicaz! Certamente que aqueles apropriados pela Luz entrarão na eternidade com ela.
A: Então, o tempo irá com estes, irá para a eternidade! Se há algo fora d’Aquele, há espaço e se há espaço, há tempo.
S: De fato! Pois o tempo não é eterno, mas foi nascido infinito.
A: Se fosse nascido por si só, não seria independente e absoluto, à parte do Criador?
S: Por pouco não me pegas. O tempo não é nascido por si só ou autogerado, mas apenas fruto do que se sucede na criação.
A: Sendo o tempo infinito, consequência da criação, ainda assim está a eternidade aquém do tempo? O tempo subsiste paralelo à eternidade? Ou a acompanha? Se a acompanha, não temporiza o que é eterno? Ou, se está o tempo inserido na eternidade, ora, neste tempo (ou espaço?) da eternidade, não está Nuha temporizado temporariamente? E assim, contido ao tempo?
S: Ora, precisaria Nuha ter tamanho objetivo, desde que criou o espaço? Precisaria Ele de massa, desde que criou matéria? Tal figura que fizeste do Criador desmoronaria bastando que o tempo não existisse. Mas que é o tempo, senão mera medição de instantes, e os instantes, senão meros estados de formação da matéria em constante transformação? Se tudo está no tempo, o criador de tudo é ele mesmo!
A: Deveras. Se o tempo é assim, o tempo é Deus, o que não digo. Mas se o tempo existe e Nuha se tipifica nele, como poderia o tempo deixar de existir?
S: Chegamos ao ponto. Onde está o tempo? O Presente existe? Agora é o Presente? Ora, o Presente a qual me referi primeiro já não existe, e o outro, o “agora” que espero, nem sequer veio a existir enquanto nele penso. De fato, o que é real então? O Passado já não existe e nos resta o que está vindo, sem que o Futuro tenha existido ainda. Definido? Sim! Mas ainda não criado, por consequência.
Pausa.
A: Seria o Presente apenas uma linha que divide Passado e Futuro, enquanto Passado e Futuro as simples representações do nosso pensamento?
S: Sábio aprendiz! Não perdestes não tempo.
Leia mais sobre o Tempo neste post e na parte final deste.
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[…] Com essa noção de tempo em mente, leia novamente a citação feita na parte final do post sobre A Grande Equação e o texto sobre O Eterno. […]