A Mitologia Taoísta

Assim como quase todas as demais, a mitologia taoísta (um dos mitos fundantes da China) também começa com um caos primordial. No caos havia uma nuvem, dentro da qual um “princípio” começou a se agitar: o Yang, o princípio ativo, quente e luminoso, que começa a se dissociar desse caos. Se destacando do caos, restou o Yin, sua contrapartida: o passivo, frio e escuro. A interação de Yin e Yang gera toda a criação.

O taoísmo tem uma forma romantizada de narrar isso, desta forma: no início, havia um “ovo cósmico” que deu origem a Pan Ku, um gigante que cresceu dentro dele por 18 mil anos até romper sua casca. Ao nascer, um líquido translúcido, como a clara, jorrou dando origem ao céu, enquanto uma substância, como a gema, deu origem à terra. Pan Ku, então, empurra com as mãos os céus para cima e empurra com os pés a terra para baixo, afastando os dois elementos. Semelhante a Atlas (grego), segurou os céus com as mãos, separando-o da terra por mais 18 mil anos. Ao término desse tempo, vendo que a distância havia se firmado, resolveu descansar. E assim, cumprindo seu propósito, ele morreu. Tal como acontece no mito grego, sumério, xintoísta, nórdico, etc., cada parte do seu corpo serviu para dar origem às diferentes partes da natureza. A partir daí, há várias versões contraditórias e excludentes, das quais veremos as duas principais.

Uma versão conta-se que depois da cosmogonia, havia a deusa Nu Gua. Sentindo-se extremamente sozinha, ela decidiu ir até o Rio Amarelo e, com o barro das margens, moldou várias criaturas. Cansada disso, pegou uma corda suja com o mesmo barro e girou-a, espalhando gotas por toda a parte. A essas gotas, ela doou porções de Yin e Yang, formando homens e mulheres. Das esculturas iniciais, surgiu a nobreza chinesa. A outra versão diz que o Imperador de Jade, o soberano da mitologia taoísta, foi quem moldou as formas humanas do barro. Veio uma chuva e começou a desfazer seu trabalho. Na pressa, ele pegou suas obras deixando algumas para trás, originando as pessoas enfermas.


Fizemos um post comparando a cosmogonia de várias outras religiões e mitologias, que você pode ler neste link.