Os Perigos da Interpretação Bíblica – RESENHA

Carson abre o livro levantando uma questão importante: será que realmente não temos como entender certas passagens, mesmo usando os mesmos métodos exegéticos corretamente, ou será que existem outros compromissos em nós que não nos permitem investigar certas interpretações tradicionais e denominacionais, como o orgulho, a vergonha, a preguiça e a imperícia?

A partir daí, Carson começa a mostrar um tipo de falácia após outro, dando exemplos (alguns simples e outros nem tanto), de grandes nomes ou não (incluindo erros dele mesmo em publicações passadas), investigando regras exegéticas (às vezes óbvias) que foram deixadas para trás nos tais exemplos, e que precisam ser recuperadas.

Os erros citados são uma mescla de falácias e imperícias, listadas a seguir, agrupadas pelos tópicos que definem seus capítulos:

1) Falácias Vocabulares:
Falácia do radical, anacronismo semântico, obsolescência semântica, reivindicação de significados desconhecidos ou improváveis, negligência no uso de material de apoio, paralelomania verbal, associação entre língua e mentalidade, falsas pressuposições sobre significados técnicos, problemas envolvendo sinônimos e análise de componentes, uso seletivo e preconceituoso das evidências, disjunções e restrições semânticas injustificadas, restrições injustificada do campo semântico, adoção injustificada de um campo semântico expandido, problemas relativos ao contexto semítico do NT grego, negligência injustificada de particularidades distintivas de um grupo de palavras, associação injustificada de sentido e referência.

2) Falácias Gramaticais:
Falácias relacionadas a tempos e modos verbais, falácias ligadas às unidades sintáticas.

3) Falácias Lógicas:
Falsas disjunções, não reconhecimento de distinções, uso de evidência seletiva, uso inadequado de silogismos, confusão de cosmovisões, falácias de estrutura interrogativa, confusão injustificada entre verdade e precisão, apelos emotivos, generalização e especificação demasiada, inferências negativas, inferências injustificadas, falsas declarações, o non sequitur, rejeição arrogante, argumentações equívocas, falsas analogias, reivindicações de autoridade.

4) Falácias Históricas e de Pressupostos:
Reconstrução histórica livre, falácias de causalidade, de motivação, paralelomania conceitual, falta de distanciamento.

O livro é um excelente exercício mental, além, é claro, de apresentar meios fundamentais e dicas preciosas de como interpretar corretamente um texto bíblico.