Os Nove Mundos de Yggdrasil

Midgard = É o mundo da ação física, das experiências sensoriais, do crescimento intelectual e do início da expansão espiritual. Nesse nível, cada aspecto do ser está interligado, em uma permanente influência mútua, condicionada pelo tempo e pelo espaço. As forças do bem e do mau estão presentes e têm a mesma intensidade; cada ação é consequência de uma escolha ou decisão. Seus aspectos negativos – raiva, cobiça, violência, estagnação – o aproximam de outro mundo, o de Jötunheim. Porem, Midgard resulta da interação entre o fogo de Muspelheim e o gelo de Niflheim, simbolizando, dessa maneira, o início da vida no universo. Midgard está localizado acima da raiz terrestre de Yggdrasil, embaixo da qual nasce a fonte de Mimir. Ela é a sede da humanidade, visitada pelas divindades e os seres sobrenaturais das outras dimensões que passam pela ponte Bifrost. A runa correspondente a Midgard é Jera, cuja palavra-chave é “a passagem do tempo”, o movimento da Roda do Ano. Seu elemento é a terra, suas cores, as da terra e da vegetação. É regido pelas deusas da terra e seu simbolismo representa a mudança e o desenvolvimento gradativo de todos os aspectos do Ser que favorecem sua evolução espiritual.

Ljossalfheim = Acima de Midgard, no eixo vertical, encontra-se Ljossalfheim (ou Alfheim), a morada dos elfos claros. Mesmo não sendo percebido pelos seres humanos como uma dimensão real, esse plano lhes é familiar porque representa o universo mental. Os elfos claros raramente são visíveis por causa de sua sutil estrutura etérica, mas seus efeitos sobre a mente humana são percebidos pelo desenvolvimento intelectual e artístico. Ljossalfheim é o reino da expansão mental, da imaginação e da criatividade e, além de abrigar os pensamentos conscientes, pode transforma-los em ações positivas. É regido pela deusa solar Sunna (ou Sol) e por Frey, o deus da fertilidade. Suas cores são amarelo, azul e verde-claro; seus elementos, o ar e a luz solar; seu guardião, Delling, o elfo da aurora, consorte de Nott, a deusa da noite. As runas correspondentes a Ljossalfheim são Sowilo e Sol, a potência da energia solar que permite revelar e compreender aquilo que está oculto. Alfheim representa a iluminação da mente e é vista como uma emanação – ou reflexo – da alma. Por ele flui a energia de Asgard transmitida para Midgard, mesclando as frequências mais elevadas dos seres humanos com as vibrações mais acessíveis das divindades, facilitando assim o intercâmbio.     

Svartalfheim = Abaixo de Midgard situa-se o reino de Svartalfheim, oposto de Ljossalfheim. Habitado pelos elfos escuros e pelos anões, e guardado pelo anão Modsognir, é o plano da modelação e transmutação da matéria bruta telúrica em materiais mais refinados, como os metais, os cristais e as pedras preciosas. Por temerem a luz que pode petrifica-los, os elfos escuros se escondem em grutas e florestas. Tanto eles quanto os anões vivem em comunidades solidárias e protegidas contra qualquer tipo de aproximação humana. Esses seres representam a inteligência primaria que plasma tudo o que será manifestado posteriormente em Midgard. Svartalfheim, portanto, é o plano onde o futuro é criado a partir das formas-pensamento do presente. Nele coexistem as vibrações mais densas de Midgard e as mais elevadas de Hel. A runa correspondente é Eihwaz, símbolo do eixo que sustenta o corpo, o caule ou o tronco. Seus elementos são a terra, os cristais e os metais. Svartalfheim representa o aspecto subconsciente da psique, colocado a serviço do Eu consciente.

Hel = Na base de Yggdrasil, em seu nível mais profundo, conhecido como o “Mundo Subterrâneo”, existe o reino de Hel, associado aos mortos e governado pela deusa de mesmo nome. Os mortos que ali estão não morreram heroicamente nos campos de batalha, mas de velhice ou doenças. Hel é o plano onde reina o silêncio e uma aparente inércia, mas é ali que as almas repousam à espera do renascimento. Por isso, é considerado o portal para a regeneração e a recriação da vida após a morte. Chamado também Nifelhel (diferente de Niflheim), está situado exatamente em oposição a Asgard, em uma analogia entre a base e a coroa. Hel também é alcançado por meio de uma ponte, que atravessa o escuro e gelado rio Gjoll. Diferente de Bifrost – estreita e flamejante – essa ponte é larga e escura, guardada pela auxiliar da deusa Hel, Mordgud (ou Modgudr). No nível psicológico, Hel simboliza o inconsciente, a sede dos impulsos e dos instintos atávicos, dos aspectos sombrios e ocultos do Ser. Hel tem a natureza dupla da própria deusa, que é metade uma linda e jovem mulher, metade uma caveira em decomposição. Por isso, Hel é a síntese dos dois portais: o túmulo (da morte) e o útero (da vida). A runa correspondente é Hagalaz, o potencial da semente cósmica. Os elementos correspondentes são o granizo, o frio e a escuridão; suas cores, o marrom, o cinza e o preto. Hel descreve o potencial de transição, de um estado para outro, infinitamente.     

Asgard = No topo da coluna vertical de Yggdrasil está Asgard, o reino celeste, moradia das divindades AEsir, regido por Odin e Frigga. Aparentemente localizado em um plano elevado, quase inacessível, Asgard na realidade está próximo a nós, pois representa as aspirações elevadas, o Eu Superior, a evolução da consciência, a própria centelha divina que assume diferentes roupagens carnais ao longo de sua peregrinação. Sinônimo de Céu, Plano Divino ou Mundo Superior, Asgard poderá ser alcançado somente por um esforço consciente e persistente por meio de determinação e fé, com a orientação e ajuda de um Mentor, guia espiritual, de uma Disir ou Valquíria. Os espíritos dos guerreiros mortos em combate eram levados pelas Valquírias para Valhalla, um dos muitos salões e palácios existentes em Asgard. Interpretamos essa imagem como uma descrição metafórica da evolução do Eu Superior que, vencidos os aspectos sombrios do Ser, eleva-se aos níveis espirituais, em busca de sua regeneração. Asgard corresponde à raiz superior de Yggdrasil, denominada “raiz espiritual” (que abriga a fonte de Urdh), situada no centro e acima de Midgard, por onde se chega pela ponte Bifrost. As runas correspondentes são Gebo e Ansuz, as dádivas da fala e da inteligência dadas pelos deuses aos seres humanos. Seu elemento é o éter ; suas cores, o ouro, a prata e o branco; seu guardião, o deus Heimdall e o seu simbolismo é o do crescimento espiritual, recebido como recompensa pelas atitudes elevadas e pelas ações positivas. Os outros quatro mundos de Yggdrasil podem ser visualizados em eixos horizontais, na diagonal sobre o tronco.

Niflheim = Na direção Norte, no eixo horizontal, acima da raiz mais profunda – a “raiz subterrânea” – está situado o reino de Niflheim, um mundo frio e coberto de névoa. Local onde a água surge da condensação da neblina aquecida pelas brisas quentes de Muspelheim. Niflheim participou juntamente com Muspelheim da criação de Midgard, do vazio primordial de Ginungagap; é dali que sai, no Ragnarök, o navio dos mortos, Naglfari, conduzido por Loki. A névoa faz de Niflheim um mundo de ilusão, um estado indefinido entre o tangível e o intengível, o real e o irreal, o repouso antes do começo. A runa correspondente é Naudhiz; os elementos, o gelo, a névoa e a água; as cores, o cinza e o preto; seu guardião, o dragão Nidhogg. Niflheim representa o espaço vazio da mente e do corpo, à espera das sementes fertilizadoras dos pensamentos e da própria vida.

Muspelheim = Para o Sul, encontra-se Muspelheim, o reino de fogo, pólo oposto e complementar de Niflheim, co-criador de Midgard. Sua energia é expansiva, intensa e luminosa, porém, quando em excesso, torna-se explosiva e calcinante. Aqui habitam os Thursar e Etins, seres gigantes e antigos, dotados de imenso potencial transformador ou destruidor. Desse plano partem os gigantes conduzidos por Surt, o guardião da espada flamejante, para iniciar a destruição dos mundos pelo poder do fogo no Ragnarök. Desaconselha-se “viajar” para essa dimensão. A runa correspondente é Dagaz; o elemento, o fogo; as cores, o vermelho e o laranja; o poder é de destruição e regeneração e seu regente é o gigante Surt.

Jötunheim (Utgard) = Também no eixo horizontal, na direção Leste, acima da fonte de Mimir e de Midgard, porém na diagonal, localiza-se Jötunheim ou Utgard, reino dos Jötnar ou Thursar, os gigantes inimigos e oponentes dos deuses AEsir, dirigidos por Thrym. Diferente de Midgard, esse é um mundo estagnado, desprovido de crescimento mental e espiritual. Os gigantes encontram-se tão ocupados em roubar e guerrear que não tem tempo para expandir sua consciência ou aumentar seus conhecimentos. Metaforicamente, eles simbolizam o perigo da desmotivação, que leva à acomodação e à estagnação, impedindo o pleno desenvolvimento dos recursos existentes em cada ser. Uma exceção é representada pelas gigantas, que vão além das limitações e dos bloqueios, conseguindo por seu empenho obter o status de “deusas”, sinônimo de sua evolução espiritual. A runa correspondente é Isa; os elementos, o gelo, as rochas e o vento; as cores, o cinza e o vermelho-escuro; sua energia é de inércia, caos e transformação.

Vanaheim = Também conectado com Midgard, mas do lado oposto a Jötunheim, na direção Oeste, situa-se o reino de Vanaheim, a morada das divindades ancestrais Vanir. Como regentes da fertilidade, da sexualidade e do amor de Midgard, os Vanes imprimem também em seu mundo essas qualidades. Vanaheim era considerado um “lugar de paz e plenitude”, sede das forças modeladoras dos processos orgânicos, das qualidades de prosperidade e de abundância e do potencial mágico. A runa correspondente é Ingwaz; os elementos, a terra e a água; as cores, o verde, o azul-escuro e o vermelho-dourado; seus regentes, Frey e Freyja; e seu poder é de geração e desenvolvimento.


Harmonização com Anthares

Em Anthares, temos 3 dimensões que podem ser associadas cada uma com um plano ou mundo de Yggdrasil. Além disso, temos (4) um outro planeta habitado em uma dessas dimensões, (5) o Tártaro e (6) o Inferno, que poderiam ser confundidos facilmente, na tradição oral, com outros desses planos ou mundos. Podemos ainda incluir o (7) Paraíso e (8) o Éden. Então, até aqui temos apenas 8 deles. Aceitamos sugestões de como fechar os nove.

Mas veja: para eles, os nove planos ou mundos possivelmente fossem metáforas para coisas do no nosso “universo interior”, além do exterior, considerados como realidades subjetivas e objetivas, conhecidas e ocultas. Do ponto de vista esotérico, diz-se que são conhecidos 24 caminhos – ou pontes – que permitem o deslocamento entre os mundos.

ATENÇÃO: Diz-se que cada uma dessas pontes tem um portal que se abre ou se fecha, caso tenham ou não permissão aqueles que desejam penetrar nos mistérios rúnicos. Os selos dos portais são representados pelas nove runas que não podem ser invertidas. São elas: Gebo, Hagalaz, Isa, Naudhiz, Jera, Eihwaz, Sowilo, Ingwaz e Dagaz. Os caminhos só podem ser alcançados por meio da projeção astral ou pela viagem xamânica. A consciência é deslocada da realidade “comum” para a “incomum” por meio das batidas de tambor.

E daí? Pois bem, podemos ignorar boa parte da descrição, mas ainda nos sobra uma excelente harmonia com Anthares, visto que temos 3 dimensões acessíveis pela viagem astral, como você pode ler neste link.

Falando religiosamente, do ponto de vista nórdico, também há uma maneira de harmonizar: diz-se que aquele que buscava essas realidades, centrado em sua própria realidade, precisava mergulhar em seu “mundo interior” para obter informações que o auxiliassem em sua transformação, e oferecendo em troca o “sacrifício” de sua dedicação. Até mesmo Odin, sacrificou um olho – símbolo da razão – para poder beber da fonte de Mimir e ampliar, assim, a visão interior, representada pelo olho remanescente. De fato, há muita baboseira e coisas completamente sem sentido, alegóricas ao extremo, mas algumas coisas podemos aproveitar. Vamos ver o que temos.

Para que o buscador sincero possa beber da fonte da sabedoria ancestral, ele precisa trazer à luz da consciência as emoções, as imagens e as lembranças de seu arquivo inconsciente, bem como as memórias de vidas passadas. A fonte de Mimir é o equivalente nórdico do chamado “registro akáshico” das doutrinas orientais, que guarda “o livro das vidas” de cada um. A água da fonte de Urdh, que impede o ressecamento da raiz, continuamente roída pelo dragão Nidhogg, pode ser comparada à capacidade de alimentar nosso espirito com a compreensão e a aceitação do nosso wyrd, tecido pelas Nornes, mas alterado por nossas ações, decisões, atitudes e pensamentos. O dragão simboliza a passagem do tempo, que consome tudo o que passou, abrindo espaço para aquilo que existe e que virá a existir. Apesar de Yggdrasil ser descrita genericamente apenas como a Árvore do Mundo, uma análise mais profunda revela em seus atributos diferentes representações de vários níveis, conhecidos e ocultos, materiais e espirituais. Yggdrasil é uma metáfora de todos os aspectos da vida, interior e exterior, dos próprios ciclos e fases da existência, como o nascimento, o crescimento, a estagnação, a morte, a transformação, a criatividade, a sabedoria, a magia e a regeneração.

Sem perder isso de vista, mas sem literalizar as coisas, é possível construir a ligação entre os nórdicos e a cosmogonia de Anthares.

Você pode ler mais sobre a Mitologia Nórdica neste link.
Ou pode ler o post sobre a harmonização mais detalhada da Mitologia Nórdica com Anthares, neste link.

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Harmonização: Mitologia Nórdica - Universo Anthares

Harmonização: Mitologia Nórdica - Universo Anthares

[…] mito nórdico fala sobre Nove Mundos, contando com Midgard, que é o planeta Terra. Mas como já vimos, em Anthares dois deles não são […]

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