O Renascimento em Ur

O império semita que Naram-Sin tinha estabelecido foi invadido, na época de seu filho, por uma raça conhecida como gutianos, que vieram da região dos Cáucasos. Eles foram a força dominante em Acade e Sumer por aproximadamente um século (2180-2070 a.C.) e o seu declínio coincidiu com o governo de Gudeia, em Lagash. Este homem era um ensi, ou governador, piedoso e bondoso, que teve uma visão que lhe ordenou restaurar o templo de Eninnu, fundado durante o final do período Jemdet Nasr. Foi este tipo de atividade, por parte dele, que preparou o caminho para um dramático renascimento da cultura suméria durante a esplêndida terceira Dinastia de Ur (2070-1960 a.C.). Ur-Nammu, “Rei de Sumer e Acade”, foi o primeiro governante desta dinastia, e seguiu a tendência que Gudeia tinha estabelecido, erigindo o sólido zigurate em Ur.

Woolley escavou este local em 1923,3 e encontrou uma grande quantidade de tijolos que traziam o selo e o nome de Ur-Nammu. O projeto do zigurate empregava curvas para transmitir a ideia de delicadeza combinada com resistência, enquanto a declividade do lance triplo de escadas em relação ao ângulo das paredes ajudava a chamar a atenção ao patamar superior, onde o santuário da divindade patrona da lua, Nanna, proporcionava uma coroa adequada a toda a construção. As redondezas do templo eram consideradas solo sagrado, e era aqui que grande parte dos negócios da cidade era realizada. Os bens e a produção eram guardados nos armazéns do templo, que também continham oficinas para a manufatura de objetos de madeira e para a fundição de metais.

Uma stela de calcário, de um metro e meio de lado e aproximadamente três metros de altura, comemorando os acontecimentos do reino de Ur-Nammu, íoi encontrado nas ruínas de Ur. Embora tenham sobrevivido somente fragmentos dele, está claro que o stela retratava o progresso alcançado durante esta dinastia, em assuntos como irrigação e empreendimentos agrícolas. Diversos painéis da tábua retratavam vários estágios da construção do zigurate, desde a época em que Ur-Nammu recebeu a ordem para erigir o templo. O próprio rei foi retratado como um operário, carregando bússolas, uma colher de pedreiro e uma picareta.

E provável que os toques finais tenham sido colocados no zigurate por Shulgi, o filho e sucessor de Ur-Nammu, que reinou por cinquenta e oito anos. Ele consolidou o império que tinha herdado e incentivou a renascença cultural e nacionalista da Terceira Dinastia. Fundou e restaurou muitos templos em Sumer e Acade, conferindo atenção particular à antiga cidade suméria de Eridu. Tábuas que foram recuperadas de Lagash demonstraram sua capacidade e cuidadosa organização política. Toda a administração estava centralizada em Ur, e os governantes locais, ou ensis das províncias, recebiam suas incumbências do rei. Era parte de sua função enviar relatórios regulares de informações à capital, fosse por meio de emissários, ou pessoalmente, um procedimento que reduzia a possibilidade de atividade militar independente por parte dos ensis. Cada governante era responsável por arrecadarem impostos e despachar tributos à autoridade central, e um dos resultados dessa prática foi o estabelecimento de um sistema uniforme de pesos e medidas em todo o império. A Terceira Dinastia de Ur foi um período de grande prosperidade, como mostraram as tábuas contemporâneas, e não é provável que os níveis de comércio, negócios, agricultura e atividade doméstica em geral tenham sido excedidos nos dias que se seguiram.


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