ILÍADA – Canto 9 (resumo) • Lucas Rosalem

Por Lucas Rosalem

Nesta série de resenhas sobre os cantos da Ilíada, ainda que os posts pareçam longos, eles não são sequer comparáveis, em volume [e glória!] aos cantos originais. Não pense que, com estes resumos, você leu a Ilíada. Leia! (e assista aos nossos vídeos também XD) Links dos outros posts e dos vídeos lá embaixo.

No Canto 9, após uma sequência de eventos que deixou os aqueus em desespero e incerteza, a tensão atinge seu auge durante uma reunião convocada por Agamemnon, o líder dos aqueus. O semblante dele está carregado de preocupação, e a atmosfera ao seu redor é pesada, como se as sombras da derrota pairassem sobre o exército.

Agamemnon, em um raro momento de vulnerabilidade, chora diante de seus homens. Suas lágrimas não são apenas de tristeza, mas também de frustração e vergonha. Ele relembra as promessas vazias de Zeus, que havia garantido vitória e riquezas, mas agora ele se vê de volta às margens da desonra, as mãos vazias e o coração pesado.

Nesse momento de silêncio tenso, Diomedes, um dos bravos guerreiros aqueus, ergue-se. Seu olhar é firme, sua voz ressoa com determinação. Ele não poupa palavras ao confrontar Agamemnon, questionando sua coragem e liderança. “Você recebeu o cetro de Zeus, mas não a coragem”, ele diz com uma mistura de desafio e desdém. E acrescenta, com a coragem que lhe é peculiar: “Se você acha que devemos partir, então vá você. As naus estão prontas para a partida, o caminho está aberto.”

As palavras de Diomedes ecoam pelo campo, encontrando eco nos corações dos guerreiros ao seu redor. O exército se agita, murmúrios de aprovação se transformam em aplausos ensurdecedores. Aqueus de todas as fileiras se unem num coro de apoio ao seu corajoso camarada.

Mas o momento mais marcante ainda estava por vir. Nestor, o sábio conselheiro e veterano da guerra, ergue-se após Diomedes. Seu semblante denota a autoridade e a sabedoria adquiridas ao longo dos anos. Ele olha ao redor com um misto de gravidade e determinação.

“Nós ainda não alcançamos a perfeição nas nossas palavras”, diz Nestor, dirigindo-se diretamente a Diomedes. “Mas agora, permita-me mostrar a vocês o poder das palavras de um homem experiente.” E assim, com uma eloquência que ecoa através dos séculos, Nestor faz um discurso que se tornaria lendário entre os aqueus. Suas palavras são como flechas afiadas, penetrando os corações e mentes de todos os presentes. Ele termina seu discurso com uma profecia sombria e solene: “Ainda esta noite, nossos destinos serão selados. Ou seremos salvos, ou seremos destruídos.”

O impacto das palavras de Nestor é palpável. O exército está silencioso, seus olhos fixos no velho guerreiro com admiração e respeito. Agamemnon, tocado pela profundidade das palavras de Nestor, toma uma decisão. Ele convoca uma reunião com o sábio conselheiro, determinado a reparar seus erros e buscar a reconciliação com Aquiles.

Durante a reunião, Agamemnon revela seus planos para Aquiles, oferecendo uma série de presentes e concessões em troca de sua ajuda. Ele está disposto a ceder terreno e riquezas, tudo em um esforço desesperado para manter a unidade e a força dos aqueus.

Enquanto isso, em seu navio, Aquiles recebe a notícia da oferta de Agamemnon. Ele está cercado por seu amigo Pátroclo e o som suave de uma lira. A chegada dos mensageiros, liderados por Ulisses, interrompe a tranquilidade da noite. Aquiles ouve atentamente a proposta, mas sua resposta é firme e intransigente. Ele se recusa a aceitar os presentes de Agamemnon, expressando sua indignação com as ações do líder aqueu.

Diante da determinação de Aquiles, um dos mensageiros, profundamente comovido, começa a chorar. Ele tenta persuadir Aquiles, contando histórias de heroísmo e glória, mas é em vão. Aquiles permanece irredutível em sua decisão, determinado a seguir seu próprio caminho.

Os mensageiros retornam a Agamemnon com a resposta de Aquiles, e Diomedes, ao ouvir as notícias, expressa sua frustração e desdém pelo herói. Ele acredita que os aqueus são fortes o suficiente para seguir em frente sem a ajuda de Aquiles.

E assim, o Canto 9 termina em um clima de expectativa e tensão, com o destino da guerra pendendo na balança. Os aqueus se preparam para a batalha que se aproxima, enquanto Aquiles, em seu navio, enfrenta seu próprio conflito interno, decidindo seu papel no conflito que consome Troia.