Era uma vez um pobre alfaiate que tinha um filho chamado Aladdin – um rapaz imprudente e desocupado que não fazia nada além de brincar o dia todo nas ruas com rapazes desocupados como ele. Isso tanto entristeceu o pai que ele morreu. E apesar das lágrimas e orações da mãe, Aladdin não se corrigiu. Certo dia, quando ele estava brincando nas ruas como de costume, um desconhecido perguntou sua idade e se ele não era filho de Mustapha, o alfaiate.
— Sim, senhor – respondeu Aladdin —, mas ele morreu há muito tempo.
Com isso, o desconhecido, que era um mago africano famoso, o abraçou e beijou, dizendo:
— Sou seu tio e o reconheci pela semelhança com meu irmão. Vá até sua mãe e lhe diga que estou chegando.
Aladdin correu para casa e contou à mãe sobre o tio recém-descoberto.
— É verdade, filho – disse ela —, seu pai tinha um irmão, mas eu sempre achei que ele estava morto.
Mesmo assim, ela preparou o jantar e pediu para Aladdin procurar o tio, que chegou carregado de vinho e frutas. Ele se abaixou e beijou o local onde Mustapha costumava sentar, pedindo à mãe de Aladdin que não ficasse surpresa por não tê-lo visto antes, pois ele havia passado quarenta anos fora do país. Ele então se virou para Aladdin e perguntou qual era sua ocupação, e o rapaz baixou a cabeça enquanto a mãe caía no choro. Ao saber que Aladdin era desocupado e não aprendera nenhuma profissão, ele se ofereceu para comprar uma loja para ele e estocá-la com mercadorias. No dia seguinte, comprou um belo conjunto de roupas para Aladdin e lhe mostrou todos os locais da cidade, levando-o de volta para casa ao cair da noite. Sua mãe ficou radiante ao ver o filho tão elegante. No dia seguinte, o mago levou Aladdin a belos jardins, para além dos portões da cidade. Eles se sentaram perto de uma fonte, e o mago tirou um bolo de dentro da bolsa e dividiu entre os dois. Então eles seguiram em frente, até quase chegarem às montanhas. Aladdin estava tão cansado que implorou para voltar, mas o mago o seduzia com histórias agradáveis e o fazia seguir em frente mesmo contra sua vontade. Por fim, chegaram à duas montanhas divididas por um vale estreito.
— Não vamos mais seguir – disse o tio. — Vou lhe mostrar algo maravilhoso. Basta você colher uns gravetos enquanto acendo o fogo.
Quando o fogo estava aceso, o mago jogou ali um pó que trazia consigo, ao mesmo tempo em que dizia umas palavras mágicas. A terra tremeu um pouco e se abriu diante deles, revelando uma pedra lisa e quadrada com uma argola de bronze no meio para puxá-la. Aladdin tentou fugir, mas o mago o pegou e lhe deu um soco que o derrubou.
— O que foi que eu fiz, tio? – perguntou ele, se lamentando.
— Não tenha medo de nada, mas me obedeça – disse o mago, com delicadeza. — Sob esta pedra jaz um tesouro que é seu, e mais ninguém pode tocar nele. Por isso você deve fazer exatamente o que eu lhe disser.
Ao ouvir a palavra tesouro, Aladdin se esqueceu dos próprios medos e agarrou a argola como foi instruído, dizendo os nomes do pai e do avô. A pedra se ergueu com alguma facilidade e revelou alguns degraus.
— Desça – disse o mago. — No fim desses degraus você vai encontrar uma porta aberta que leva a três grandes salões. Levante e prenda a barra de sua túnica, e passe por eles sem tocar em nada, senão você vai morrer no mesmo instante. Esses salões levam a um jardim com ótimas árvores frutíferas. Caminhe até chegar a um nicho em um terraço onde há uma lâmpada iluminada. Tire o óleo que ela contém e traga-a para mim.
Ele tirou um dos anéis em seu dedo e o deu a Aladdin, desejando prosperidade. Aladdin encontrou tudo como o mago dissera, pegou algumas frutas das árvores e, depois de pegar a lâmpada, voltou à entrada da caverna. O mago gritou apressado:
— Ande logo e me dê a lâmpada. – Isso Aladdin se recusou a fazer até estar fora da caverna. O mago se enfureceu com a atitude de Aladdin e, jogando mais pó no fogo, disse algumas palavras. Com isso, a pedra rolou de volta para onde estava.
O mago deixou a Pérsia para sempre, o que demonstrava abertamente que ele não era tio de Aladdin, mas um mago astucioso que tinha lido nos livros de magia sobre uma lâmpada mágica que o transformaria no homem mais poderoso do mundo. Apesar de saber onde encontrá-la, ele só poderia recebê-la das mãos de outra pessoa. Tinha escolhido o tolo Aladdin para esse objetivo, na intenção de pegar a lâmpada e matá-lo em seguida. Durante dois dias, Aladdin ficou no escuro, chorando e se lamentando. Por fim, entrelaçou as mãos em oração e, ao fazer isso, esfregou o anel que o mago tinha se esquecido de pegar de volta. Imediatamente, um gênio enorme e assustador saiu da terra, dizendo:
— O que você quer de mim? Sou o Escravo do Anel e vou lhe obedecer em tudo.
Sem medo, Aladdin respondeu:
— Me tire deste lugar! – E, com isso, a terra se abriu e ele estava do lado de fora. Assim que seus olhos conseguiram suportar a luz, ele foi para casa, mas desmaiou na entrada. Quando voltou a si, contou à mãe o que tinha acontecido e lhe mostrou a lâmpada e as frutas que tinha colhido no jardim, que, na verdade, eram pedras preciosas. Depois pediu um pouco de comida.
— Ó, meu filho – disse ela —, não tenho nada em casa, mas fiei um pouco de algodão e vou sair para vendê-lo.
Aladdin disse para ela guardar o algodão, pois ele podia vender a lâmpada. Como estava muito suja, ela começou a esfregá-la, para conseguir um valor maior. Instantaneamente, um gênio repugnante apareceu e perguntou o que ela queria. Ela desmaiou, mas Aladdin, pegando a lâmpada, disse com coragem:
— Traga alguma coisa para eu comer!
O gênio retornou com uma tigela e doze bandejas de prata contendo carnes ricas, dois copos de prata e duas garrafas de vinho. A mãe de Aladdin, quando se recuperou, disse:
— De onde vem esse banquete esplêndido?
— Não pergunte, apenas coma – respondeu Aladdin.
Então eles se sentaram à mesa para o café-da-manhã, e Aladdin contou à mãe sobre a lâmpada. Ela implorou que ele a vendesse e não se envolvesse com diabos.
— Não – disse Aladdin —, já que o acaso nos tornou conscientes de suas virtudes, vamos usar a lâmpada e o anel do mesmo jeito, e eu sempre vou mantê-lo no meu dedo.
Quando terminaram de comer tudo que o gênio tinha trazido, Aladdin vendeu uma das bandejas de prata e continuou fazendo isso até acabar com todas. Depois recorreu ao gênio, que lhe deu outro conjunto de bandejas, e assim eles viveram por muitos anos. Certo dia, Aladdin ouviu uma ordem do sultão proclamando que todos deveriam ficar em casa e fechar as janelas enquanto a princesa, sua filha, ia até a casa de banho e voltava. Aladdin foi tomado pelo desejo de ver o rosto dela, o que era muito difícil, já que sempre usava um véu. Ele se escondeu atrás da porta da casa de banho e espiou por um buraco. A princesa levantou o véu ao entrar, e era tão linda que Aladdin se apaixonou à primeira vista. Ele foi para casa tão mudado que a mãe sentiu medo. Falou que amava a princesa tão profundamente que não conseguia viver sem ela e ia pedir ao pai para se casar com ela. A mãe, ao ouvir isso, caiu na gargalhada, mas Aladdin finalmente a convenceu a ir até o sultão e levar seu pedido. Ela pegou um guardanapo e colocou sobre as frutas mágicas do jardim encantado, que brilhavam e reluziam como as joias mais lindas. Ela as levou consigo para agradar ao sultão e saiu, confiando na lâmpada. O grão-vizir e os senhores do conselho tinham acabado de entrar quando ela apareceu no salão e se colocou diante do sultão. No entanto, ele não percebeu sua presença. Ela foi lá todos os dias durante uma semana e ficou em pé no mesmo lugar. Quando o conselho se dissolveu no sexto dia, o sultão disse para o vizir:
— Vejo uma certa mulher na câmara de audiências todos os dias carregando alguma coisa em um guardanapo. Chame-a na próxima vez, para eu poder descobrir o que ela deseja.
No dia seguinte, com um sinal do vizir, ela foi até o pé do trono e ficou ajoelhada até o sultão lhe dizer:
— Levante-se, boa mulher, e me diga o que deseja.
Ela hesitou, então o sultão mandou todos saírem, exceto o vizir, e pediu que ela falasse livremente, prometendo perdoá-la de antemão por qualquer coisa que ela pudesse dizer. Ela falou do violento amor que o filho sentia pela princesa.
— Já rezei para ele esquecê-la – disse ela —, mas foi em vão. Ele ameaçou fazer uma coisa desesperada se eu me recusasse a pedir a mão da princesa a Vossa Majestade. Agora eu rezo para que me perdoe e ao meu filho, Aladdin.
O sultão lhe perguntou delicadamente o que havia no guardanapo, e ela desenrolou as joias e as apresentou. Ele ficou estupefato e, se virando para o vizir, disse:
— O que me diz? Devo entregar a princesa a alguém que a valoriza a esse ponto?
O vizir, que a queria para o filho, implorou para o sultão mantê-la por três meses, durante os quais ele esperava que o próprio filho conseguisse lhe dar um presente mais rico. O sultão lhe concedeu isso e disse à mãe de Aladdin que, apesar de consentir com o casamento, ela não deveria aparecer diante dele outra vez pelos próximos três meses. Aladdin esperou pacientemente por quase três meses, mas depois de dois meses terem se passado, sua mãe, indo à cidade para comprar óleo, viu que todos estavam comemorando e perguntou o que estava acontecendo.
— Você não sabe – foi a resposta — que o filho do grão-vizir vai se casar com a filha do sultão hoje à noite?
Sem fôlego, ela correu e contou a Aladdin, que no início ficou estupefato, mas depois se lembrou da lâmpada. Ele a esfregou, e o gênio apareceu, dizendo:
— Qual é o seu desejo? Aladdin respondeu:
— O sultão, como sabes, quebrou sua promessa comigo, e o filho do vizir vai ficar com a princesa. Minha ordem é que hoje à noite você traga para cá a noiva e o noivo.
— Mestre, eu obedeço – disse o gênio.
Aladdin foi então para os seus aposentos, para onde, à meianoite, o gênio transportou a cama contendo o filho do vizir e a princesa.
— Pegue esse homem recém-casado – disse ele — e coloque-o lá fora, no frio, e volte ao raiar do dia.
Assim, o gênio tirou o filho do vizir da cama, deixando Aladdin com a princesa.
— Não tema nada – disse Aladdin a ela —, você é minha esposa, prometida a mim pelo seu pai injusto, e nenhum mal vai lhe acometer.
A princesa estava assustada demais para falar e passou a noite mais miserável de sua vida, enquanto Aladdin deitava ao lado dela e dormia profundamente. Na hora marcada, o gênio pegou o noivo trêmulo, colocou-o no lugar e transportou a cama de volta para o palácio. No mesmo instante, o sultão foi dar bom-dia para a filha. O filho infeliz do vizir saltou e se escondeu, enquanto a princesa não dizia uma palavra e estava muito triste. O sultão mandou a mãe ir vê-la, e ela disse:
— Como pode, filha, você não querer falar com seu pai? O que aconteceu?
A princesa deu um suspiro profundo e finalmente contou à mãe que, durante a noite, a cama foi carregada até uma casa estranha e o que tinha acontecido lá. A mãe não acreditou nem um pouco nela, mas a fez se levantar e considerar que tinha sido um sonho sem propósito. Na noite seguinte, aconteceu exatamente a mesma coisa. E na manhã após o ocorrido, quando a princesa se recusou a falar, o sultão ameaçou cortar sua cabeça. Ela então confessou tudo, pedindo que ele perguntasse ao filho do vizir se aquilo era verdade. O sultão pediu ao vizir que perguntasse ao filho, que falou a verdade, acrescentando que, por mais que amasse a princesa, ele preferia morrer a ter que passar por outra noite tão apavorante quanto aquela, e que queria se separar dela. O desejo foi concedido, e os banquetes e as comemorações chegaram ao fim. Quando os três meses se passaram, Aladdin mandou a mãe ir lembrar ao sultão da sua promessa. Ela ficou no mesmo lugar de antes, e o sultão, que tinha se esquecido de Aladdin, se lembrou imediatamente dele e mandou buscá-la. Ao ver a pobreza da mulher, o sultão se sentiu menos inclinado do que nunca a manter a palavra e pediu o conselho do vizir, que o aconselhou a colocar um preço tão alto na princesa que nenhum homem conseguiria pagar. O sultão então se virou para a mãe de Aladdin, dizendo:
— Boa mulher, um sultão deve se lembrar das próprias promessas, e eu vou me lembrar da minha. Mas antes seu filho deve me mandar quarenta bacias de ouro lotadas de joias, carregadas por quarenta escravos, conduzidos pela mesma quantidade de mestres, vestidos de maneira esplêndida. Diga a ele que espero a resposta.
A mãe de Aladdin fez uma reverência e foi para casa, pensando que tudo estava perdido. Ela transmitiu a mensagem a Aladdin, acrescentando:
— Ele vai esperar pela sua resposta por muito tempo!
— Não tanto quanto você pensa, mãe – respondeu o filho. — Eu faria muito mais do que isso pela princesa.
Ele invocou o gênio e, em poucos instantes, oitenta pessoas, escravos e mestres, chegaram e encheram a casa pequena e o jardim. Aladdin os mandou para o palácio, dois a dois, seguidos pela mãe. Estavam tão bem-vestidos, com joias tão esplêndidas nos cintos, que todos se reuniram para vê-los e ver as bacias de ouro que carregavam na cabeça. Eles entraram no palácio e, depois de se ajoelharem diante do sultão, formaram um semicírculo ao redor do trono com os braços cruzados, enquanto a mãe de Aladdin os apresentava ao sultão. Ele não hesitou mais, e disse:
— Boa mulher, retorne e diga a seu filho que espero por ele de braços abertos.
Ela não perdeu tempo para contar a Aladdin, fazendo-o se apressar. Mas Aladdin chamou o gênio antes.
— Quero um banho aromatizado – disse ele —, roupas bordadas com abundância, um cavalo superior ao do sultão e vinte escravos para me servir. Além disso, seis escravos, lindamente vestidos, para servir à minha mãe; e, por fim, dez mil peças de ouro em dez bolsas.
Ele mal falou e aconteceu. Aladdin montou em seu cavalo e passou pelas ruas, os escravos distribuindo ouro enquanto seguiam. Aqueles que brincavam com ele na infância não o reconheciam, pois tinha crescido e ficado muito bonito. Quando o sultão o viu, desceu do trono para cumprimentá-lo, e o conduziu até um salão onde um banquete estava servido, na intenção de casá-lo com a princesa naquele mesmo dia. Mas Aladdin se recusou, dizendo:
— Preciso construir um palácio adequado para ela. – E saiu.
Quando estava em casa, ele disse ao gênio:
— Construa um palácio com o mármore mais requintado, enfeitado com jaspe, ágata e outras pedras preciosas. No meio você deve construir um grande salão com uma claraboia, as quatro paredes com grandes quantidades de ouro e prata, cada lado com seis janelas, cujas treliças devem ser enfeitadas com diamantes e rubis, exceto uma, que deve ficar inacabada. Deve haver estábulos e cavalos, cavalariços e escravos. Vá e cuide disso!
O palácio estava terminado no dia seguinte, e o gênio o carregou até lá e lhe mostrou todas as suas ordens cumpridas fielmente, até mesmo o tapete de veludo se estendendo do palácio de Aladdin até o do sultão. A mãe de Aladdin então se vestiu com cuidado e andou até o palácio com seus escravos, enquanto ele a seguia montado no cavalo. O sultão enviou músicos com trombetas e címbalos para encontrá-los, de modo que o ar ressoava com música e aclamações. Ela foi levada até a princesa, que a cumprimentou e a tratou com muita honra. À noite, a princesa se despediu do pai e seguiu pelo tapete até o palácio de Aladdin, com a mãe dele ao lado, ambas seguidas pelos escravos. Ela ficou encantada ao ver Aladdin, que correu para recebê-la.
— Princesa – disse ele —, culpe sua beleza pela minha ousadia se eu a tiver desagradado.
Ela lhe disse que, ao vê-lo, obedeceu de bom grado ao pai nessa questão. Depois que o casamento aconteceu, Aladdin a conduziu até o salão, onde um banquete estava servido, e ela jantou com ele e depois dançou até a meia-noite. No dia seguinte, Aladdin convidou o sultão para ver o palácio. Ao entrar no salão com vinte e quatro janelas e seus rubis, diamantes e esmeraldas, ele gritou:
— É uma maravilha do mundo! Só há uma coisa que me surpreende. Foi por acidente que uma janela ficou inacabada?
— Não, senhor, por projeto – retrucou Aladdin. — Eu gostaria que Vossa Majestade tivesse a glória de terminar este palácio.
O sultão ficou satisfeito e mandou chamar os melhores joalheiros da cidade. Mostrou a eles a janela inacabada e pediu que a enfeitassem igual às outras.
— Senhor – respondeu o porta-voz —, não conseguimos encontrar joias suficientes.
O sultão mandou buscar as próprias joias, que logo foram usadas, mas sem propósito, pois, em um mês, o trabalho não tinha chegado nem à metade. Aladdin, sabendo que a tarefa era inútil, fez com que eles desfizessem o trabalho e levassem as joias de volta, e o gênio terminou a janela sob sua ordem. O sultão ficou surpreso de receber suas joias de volta e visitou Aladdin, que lhe mostrou a janela terminada. O sultão o abraçou, enquanto o vizir invejoso desconfiou que era um trabalho de encantamento.
Aladdin conquistou o coração das pessoas com seu comportamento gentil. Foi nomeado capitão dos exércitos do sultão e ganhou várias batalhas para ele, mas continuou modesto e educado como antes, e assim viveu em paz e satisfeito por muitos anos. Mas bem longe, na África, o mago se lembrou de Aladdin e, com suas artes mágicas, descobriu que Aladdin, em vez de perecer miseravelmente na caverna, tinha escapado e se casado com uma princesa, com quem vivia em grande honra e riqueza. Ele sabia que o filho do alfaiate pobre só poderia ter realizado isso com a lâmpada, e viajou dia e noite até chegar à capital da China, empenhado em promover a destruição de Aladdin. Quando passou pela cidade, ouviu pessoas falando por toda parte sobre um palácio maravilhoso.
— Perdoem minha ignorância – perguntou —, mas que palácio é esse de que estão falando?
— Você nunca ouviu falar do palácio do príncipe Aladdin – foi a resposta —, a maior maravilha do mundo? Posso orientá-lo a chegar lá, se quiser vê-lo.
O mago agradeceu e, tendo visto o palácio, soube que tinha sido construído pelo gênio da lâmpada e ficou louco de raiva, determinado a pegar a lâmpada e, mais uma vez, jogar Aladdin na mais profunda pobreza. Infelizmente, Aladdin tinha ido caçar por oito dias, o que deu tempo suficiente ao mago. Ele comprou uma dúzia de lâmpadas de cobre, colocou-as em um cesto e foi até o palácio, gritando, seguido por uma multidão zombeteira:
— Troco lâmpadas velhas por novas!
A princesa, sentada no salão das vinte e quatro janelas, mandou uma escrava descobrir o motivo de tanto barulho, e ela voltou rindo, de modo que a princesa a repreendeu.
— Madame – respondeu a escrava —, quem consegue não rir ao ver um velho tolo se oferecendo para trocar lâmpadas novas e boas por velhas?
Outra escrava, ao ouvir isso, disse:
— Tem uma velha na cornija que podemos pegar.
Bem, essa era a lâmpada mágica, que Aladdin havia deixado ali, já que não podia levá-la para caçar. A princesa, sem saber seu valor, riu e disse à escrava para pegá-la e fazer a troca. Ela foi e disse ao mago:
— Me dê uma lâmpada nova em troca desta.
Ele a pegou e pediu à escrava para escolher uma, em meio às zombarias da multidão. Ele pouco se importava, continuou gritando para vender as lâmpadas e saiu pelos portões da cidade. Foi a um lugar solitário, onde ficou até o cair da noite, quando pegou a lâmpada e a esfregou. O gênio apareceu e, sob o comando do mago, o carregou, com o palácio e a princesa, para um lugar isolado na África. Na manhã seguinte, o sultão olhou pela janela em direção ao palácio de Aladdin e esfregou os olhos, pois ele havia sumido. Mandou chamar o vizir e perguntou o que tinha acontecido com o palácio. O vizir também olhou pela janela e ficou perdido no assombro. Mais uma vez desconfiou de um encantamento e, desta vez, o sultão acreditou nele. Mandou trinta homens a cavalo para trazer Aladdin acorrentado. Eles o encontraram voltando para casa a cavalo e o obrigaram a seguir com eles a pé. No entanto, o povo que o amava seguiu, armado, para garantir que ele não ia se machucar. Ele foi levado até o sultão, que ordenou ao carrasco que lhe cortasse a cabeça. O carrasco fez Aladdin se ajoelhar, cobriu seus olhos e ergueu a cimitarra para golpear. Nesse instante, o vizir, que viu a multidão forçar a entrada no pátio e escalar as paredes para resgatar Aladdin, pediu que o carrasco parasse. O povo realmente parecia tão ameaçador que o sultão desistiu e ordenou que Aladdin fosse desamarrado e o perdoou diante da multidão. Aladdin agora implorava para saber o que tinha feito.
— Seu falso desgraçado! – disse o sultão. — Aproxime-se! – E mostrou a ele, pela janela, o local onde seu palácio se erguia.
Aladdin ficou tão atônito que não conseguia dizer uma palavra.
— Onde está o palácio e minha filha? – exigiu o sultão. — Pelo primeiro não estou tão profundamente preocupado, mas minha filha deve voltar para mim, e você deve encontrá-la ou perder a cabeça.
Aladdin implorou para ter quarenta dias para encontrá-la, prometendo que, se fracassasse, ele voltaria e sofreria a morte ao bel-prazer do sultão. Seu pedido foi concedido, e ele saiu triste da presença do sultão. Durante três dias, andou de um lado para o outro como um louco, perguntando a todo mundo o que tinha acontecido com o palácio, mas eles só riam e sentiam pena. Ele chegou às margens de um rio e se ajoelhou para fazer suas orações antes de se jogar. Ao fazer isso, ele esfregou o anel mágico que ainda usava. O gênio que ele tinha visto na caverna apareceu e perguntou qual era o seu desejo.
— Salve a minha vida, gênio – pediu Aladdin —, e traga meu palácio de volta.
— Isso não está ao alcance dos meus poderes – disse o gênio. — Sou apenas o escravo do anel; você deve pedir ao escravo da lâmpada.
— Mesmo assim – disse Aladdin —, você pode me levar até o palácio e me colocar sob a janela da minha querida esposa. – Ele imediatamente se viu na África, sob a janela da princesa, e caiu no sono por puro cansaço.
Foi acordado pelo canto dos pássaros, e seu coração estava mais leve. Via claramente que todas as suas desgraças se deviam à perda da lâmpada, e se perguntou, em vão, quem a tinha roubado. Naquela manhã, a princesa acordou mais cedo que nos outros dias desde que fora levada para a África pelo mago, cuja companhia era obrigada a aguentar uma vez por dia. No entanto, ela o tratava com tanta grosseria que ele não ousava morar ali. Enquanto ela se vestia, uma de suas mulheres olhou pela janela e viu Aladdin. A princesa correu e abriu a janela. Com o barulho, Aladdin olhou para cima. Ela o chamou para subir, e grande foi a alegria dos dois amantes ao se verem novamente.
Depois de beijá-la, Aladdin disse:
— Eu imploro, princesa, em nome de nosso Deus, antes de qualquer outra coisa, pelo seu bem e pelo meu, me diga o que aconteceu com uma velha lâmpada que deixei na cornija no salão de vinte e quatro janelas quando fui caçar.
— Ai de mim! – disse ela. — Sou a causa inocente das suas tristezas. – E lhe contou sobre a troca da lâmpada.
— Agora eu sei – gritou Aladdin — que devemos isso ao mago africano! Onde está a lâmpada?
— Ele a carrega consigo – disse a princesa. — Eu sei porque ele a tirou do peito para me mostrar. Ele deseja que eu quebre meu juramento para com você e me case com ele, dizendo que você foi decapitado por ordem do meu pai. Ele está sempre falando mal de você, mas eu só respondo com as minhas lágrimas. Se eu continuar, não duvido que ele seja violento.
Aladdin a consolou e a deixou por um breve período de tempo. Ele trocou de roupas com a primeira pessoa que encontrou na cidade e, depois de comprar um certo pó, voltou para a princesa, que o deixou entrar por uma pequena porta lateral.
— Use seu vestido mais lindo – disse a ela — e receba o mago com sorrisos, fazendo-o acreditar que você me esqueceu. Convide-o para jantar e diga que deseja provar o vinho do país dele. O mago vai buscar um e, enquanto ele estiver longe, vou lhe dizer o que fazer.
Ela ouviu Aladdin com atenção e, quando ele saiu, ela se arrumou alegremente pela primeira vez desde que saiu da China. Colocou um cinto e uma tiara de diamantes e, vendo no espelho que estava mais linda do que nunca, recebeu o mago, dizendo, para seu grande espanto:
— Decidi que Aladdin está morto e que todas as minhas lágrimas não vão trazê-lo de volta, por isso estou decidida a não chorar mais. Convidei você para jantar comigo, mas estou cansada dos vinhos da China e gostaria de provar os da África.
O mago voou até o porão, e a princesa colocou o pó que Aladdin lhe dera na própria taça. Quando ele voltou, ela pediu para ele beber pela saúde dela no vinho da África, entregando a própria taça em troca da dele, como sinal de conciliação. Antes de beber, o mago fez um discurso em homenagem à beleza dela, mas a princesa o interrompeu, dizendo:
— Deixe-me beber antes e você pode dizer o que quiser depois. – Ela levou a taça até os lábios e a manteve ali, enquanto o mago engolia a bebida até o fim e caía para trás sem vida.
A princesa então abriu a porta para Aladdin e jogou os braços ao redor do seu pescoço, mas Aladdin a afastou, pedindo que ela o deixasse, pois ele tinha outras coisas a fazer. Ele foi até o mago morto, pegou a lâmpada na roupa dele e fez o gênio carregar o palácio e tudo que estava nele de volta para a China. Isso foi feito, e a princesa em seus aposentos só sentiu dois pequenos choques e pouco depois estava em casa novamente. O sultão, que estava sentado em seu closet, sofrendo pela filha perdida, por acaso levantou o olhar e esfregou os olhos, pois lá estava o palácio como antes! Ele correu para lá, e Aladdin o recebeu no salão de vinte e quatro janelas, com a princesa ao lado. Aladdin contou o que tinha acontecido e mostrou o corpo do mago morto, para que ele acreditasse. Um banquete de dez dias foi realizado, e parecia que Aladdin ia viver o resto da vida em paz; mas não era para ser assim.
O mago africano tinha um irmão mais jovem, que era, se possível, mais perverso e mais astucioso. Ele viajou até a China para vingar a morte do irmão e foi visitar uma mulher devota chamada Fatima, achando que ela podia ser útil. Ele entrou nos aposentos dela e apontou uma adaga para o seu peito, dizendo para ela se levantar e fazer o que ele mandava sob pena de morte. Ele trocou as roupas com as dela, pintou o rosto como o dela, colocou seu véu e a assassinou, para ela não contar o segredo. Em seguida, foi para o palácio de Aladdin, e todo mundo que pensava que ele era a mulher sagrada se reuniu ao redor dele, beijando suas mãos e implorando sua bênção. Quando chegou ao palácio, havia tanto barulho ao seu redor que a princesa pediu para sua escrava olhar pela janela e perguntar o que estava acontecendo. A escrava disse que era a mulher sagrada, curando as pessoas de suas enfermidades com um único toque, e a princesa, que há muito tempo desejava ver Fatima, mandou chamála. Ao se aproximar da princesa, o mago ofereceu uma reza pela sua saúde e prosperidade. Quando terminou, a princesa o fez se sentar perto dela e implorou para ele ficar sempre com ela. A falsa Fatima, que não desejava nada melhor, consentiu, mas manteve o véu por medo de ser descoberta. A princesa lhe mostrou o salão e perguntou o que ele achava.
— É verdadeiramente belo – disse a falsa Fatima. — Na minha mente, só precisa de uma coisa.
— E o que seria? – indagou a princesa.
— Se ao menos um ovo de roca1 estivesse pendurado no meio dessa claraboia, seria a maravilha do mundo.
Depois disso, a princesa só conseguia pensar em um ovo de roca, e quando Aladdin voltou da caça, ele a encontrou muito mal-humorada. Ele implorou para saber o que estava faltando, e ela lhe disse que todo o seu prazer com o salão foi destruído pelo desejo de um ovo de roca pendurado na claraboia.
— Se for só isso – respondeu Aladdin —, você logo estará feliz.
Ele a deixou e esfregou a lâmpada, e quando o gênio apareceu, ordenou que ele trouxesse um ovo de roca. O gênio gritou tão alto e terrivelmente que o salão estremeceu.
— Desgraçado! – gritou. — Não basta tudo que eu fiz por você, mas ainda quer me ordenar a trazer meu mestre e pendurá-lo no meio dessa claraboia? Você e sua esposa e seu palácio merecem ser queimados e virar cinzas… Mas esse pedido não vem de você, e sim do irmão do mago africano que você destruiu. Ele agora está no seu palácio disfarçado como a mulher sagrada, que ele assassinou. Foi ele que colocou esse desejo na cabeça da sua esposa. Se cuide, porque ele quer matá-lo. — E, ao dizer isso, o gênio desapareceu.
Aladdin voltou para a princesa, dizendo que estava com dor de cabeça e pedindo que a sagrada Fatima fosse chamada para colocar as mãos na sua testa. Mas, quando o mago se aproximou, Aladdin, sacando a adaga, enfiou-a no seu coração.
— O que você fez? – gritou a princesa. — Você matou a mulher sagrada!
— Não – respondeu Aladdin —, era um mago perverso. – E contou como ela havia sido enganada.
Depois disso, Aladdin e sua esposa viveram em paz. Ele foi o sucessor do sultão quando este morreu, e reinou por muitos anos, deixando para trás uma longa linhagem de reis.
Fim.
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