Dalton Trevisan afirmou que todo homem morre duas vezes, sendo a primeira quando lê a morte de Ivan Ilitch.
A história de Ivan Ilitch é apresentada como uma narrativa sem ambiguidades, exceto por duas ressalvas: no início, é declarado que sua vida foi simples, comum e, portanto, terrível. Essa aparente trivialidade serve como tema central da obra: a morte das pessoas comuns.
A vida monótona e sem graça de Ivan Ilitch provoca reflexões sobre a morte, um tabu para muitos, mas também sobre a vida e seu propósito. Seu processo de adoecimento o leva a questionar suas escolhas e a confrontar a inevitabilidade do fim.
Ivan Ilitch, um burocrata que segue as normas à risca, se vê perdido em sua própria existência, sem compreender para onde sua vida o conduziu ou que ela está chegando ao fim. Sua busca por conformidade e sua falta de empatia o isolam de seus colegas e de sua própria família.
A indiferença geral em relação à sua condição revela a falta de compaixão e a negação da morte por parte da sociedade. Sua esposa e filhos, incapazes de lidar com sua doença, continuam suas vidas como se nada estivesse acontecendo.
Aos poucos, Ivan Ilitch compreende a gravidade de sua situação e questiona suas prioridades ao longo da vida. Sua jornada rumo à aceitação da morte reflete uma busca por sentido, semelhante à de Frankl em “Em Busca de Sentido”.
A morte de Ivan Ilitch é finalmente aceita como uma libertação, tanto por ele quanto por sua família, que, assim como ele, não compreendeu plenamente o verdadeiro significado da vida.
Em síntese, a história de Ivan Ilitch retrata a vacuidade das existências superficiais e a busca desesperada por significado em meio à indiferença e à negação da morte.
#A Morte de Ivan Ilitch - Tolstoi