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O túmulo de Ka-Vitium

Egito Antigo…

Devendo uma enorme quantidade de dracmas ao rei, o comerciante, outrora tão próspero, é agarrado pelo pescoço e sufocado pelas próprias mãos do faraó. Sem condições de falar, o faraó o joga ao chão e diz a os guardas:

“Vendam-no, e também sua mulher e filhos; tudo o que ele possui.”

Prostrado diante do faraó, ele implorou, enquanto o faraó cheirava pó na bandeja real trazida por um servo. Agraciado, o comerciante recebeu mais tempo e, saindo do palácio, passou pelo mercado, o caminho mais curto para casa. Enquanto caminhava, sentia nojo de todos aqueles viciados e drogados que foram causa de sua ruína.

Antes de dever ao faraó, era respeitado e admirado por sua inteligência e habilidade nos negócios. No entanto, tudo mudou quando os viciados invadiram o seu comércio. Eles roubaram, vandalizaram e espalharam violência, afugentando os clientes e arruinando tudo. 

Ele lutou contra a maré que se avolumou depois dos viciados, mas seus esforços foram em vão. Sua fortuna foi destruída e ele foi solicitado a pedir dinheiro emprestado ao faraó para pagar suas dívidas.

Agora, procurava uma solução rápida.

O negociante falido chegou em casa e não foi bem recebido por sua esposa. A riqueza, quando foi embora, levou a felicidade do rosto dela. Ele, de joelhos na cama, ora ao seu Deus, ouvindo sua mulher zombar: “Abandone esse Deus e morra!”.

O comerciante saiu de casa, buscando uma solução. Foi para o cemitério e roubou as ofertas feitas aos espíritos e a todos os objetos dentro dos sepulcros das múmias. 

Com o valor em sua posse, foi ao palácio e, interceptado pelos guardas, levado à presença real. O faraó, cansado de esperar pelo pagamento, mal o viu e ordenou que os servos o espancassem, o que foi fizeram com gosto, ferindo todo o seu corpo.

Assim que pôde levantar-se, mostrou o pagamento. O faraó apenas pegou e o dispensou. Ao chegar na cidade, tudo estava deserto. As pessoas que costumavam se amontoar tinham desaparecido e sua casa estava vazia, com móveis desarrumados e jogados no chão.

O vento uivante assombrava a cidade e, ao sair para fora da casa, avistou sua família toda transformada em espectros mumificados.

Em instantes, a cidade ficou lotada de espíritos-múmias querendo matar o caloteiro. O rei, em sua forma fantasma, andava em um necrocavalo e recebeu espaço para passar.

O faraó possuído gritou em direção ao ladrão de túmulos e as múmias o atacaram. Ele subiu em cima das casas, pulando de uma em uma, planejando o que iria fazer, até que surgiu uma ideia: “Buscar os exorcistas”. Mas onde estariam? O ladrão lembrou dos contos do pai sobre “as sociedades secretas do Egito”. Para invocar uma reunião, bastava colocar a cruz ansata do rei no pico mais alto e, ao pôr do sol, os dois se alinhariam, convocando os magos.

O caloteiro, em cima de um cavalo velho, lutou contra o espectro do faraó para pegar a cruz do seu pescoço. Por fim, em posse do objeto e indo para o pico da pirâmide, ele invocou os magos que surgiram e lutaram exorcizando as pessoas possuídas, enquanto o caloteiro batalhava contra o faraó. Ao final, os magos concluíram o ritual, livrando a cidade dos espíritos vingativos e o rei da possessão.

Os ocultistas descobriram que os artefatos que rondavam a cidade, por meio do comércio, eram dos espíritos, mas ainda não sabiam como eles tinham acabado nas mãos da população.

O rei abriu uma investigação e descobriu que o caloteiro era o culpado. Ele ordenou matá-lo e devolver os objetos dos mortos para que eles pudessem descansar em paz. O faraó ainda estava furioso por ter perdido a cruz do pescoço, objeto inestimável passado de geração em geração.

O negociante foi enterrado com a cruz do faraó, o que lhe daria uma chance de vingança sobre o rei e todos os viciados.

Sua família deixou coisas em seu túmulo, sem saber que as ofertas iriam produzir abundância. A mulher e os filhos do comerciante restabeleceram o comércio, atribuindo a riqueza às ofertas que fizeram para o falecido pai e esposo.

Segredo passado de geração para geração.


Dias atuais…

No meio das sombras, uma voz diz: “Acabem com ele!”.

Quatro subordinados agarram um viciado, que se defende, mas os capangas o arremessam no chão, pisoteando seu corpo até jorrar sangue do rosto. Os subordinados erguem o viciado, dois pelos braços e dois levantando a cabeça. Enquanto ele suspira, o chefão diz: “Estava com saudades”.

O viciado pronuncia o nome do dono da boca.

“Não pronuncie meu nome!”.

O lacaio, a mando do dono, analisa a boca do viciado com um alicate e arranca um dos dentes, fazendo-o cuspir sangue. O chefão diz:

“Viu como sei tudo sobre você? Até sei o que tem dentro da sua boca. Olhe para mim! Vai pagar o que me deve.”

O viciado, ainda sangrando, fica aterrorizado com a ameaça. Após a conversa, ele segue o dono da boca como se alguma força o tivesse conduzido a isso. O dono havia ido ao cemitério e o drogado queria acabar com aquilo de uma vez por todas.

Keni manda os capangas esperarem no carro, carregando um prato de barro com uma vela acesa em cima. Ele anda até um túmulo e coloca o prato encostado nele, esperando a vela apagar.

Seria o momento perfeito para Vitor matá-lo, mas não teve coragem. Keni enterra o prato perto do túmulo e vai embora.

Vitor vai até o túmulo e desenterra o prato, que está cheio de dinheiro, suficiente para pagar a dívida. Vitor sabe que está errado ao profanar túmulos, mas a sua necessidade não tem pudor.

De repente, Vitor leva uma pancada na cabeça, acordando muito depois, dentro de um sarcófago enterrado. Vitor se debate e pede socorro, mas ninguém o ouve. Por trás do pescoço, duas mãos enfaixadas agarraram sua garganta.

Vitor acorda, tudo tinha sido um sonho. Sua cabeça dói por causa da pancada, mas o ladrão não levou nada.

Vitor vai à casa de Keni, que já o aguardava de braços cruzados. Um fedor de defunto chama a atenção de Keni, odor que se propaga pelo quarto com a presença de Vitor. 

Vitor paga a dívida e pergunta: “Posso ir?”. Keni balança a cabeça, mandando os guardas o liberarem, pois não aguentava sua presença. No entanto, Keni joga no chão um saco com cocaína para ver Vitor pegar como um cão, enquanto ele e os subordinados gargalham da situação.

Saindo da mansão de Keni, Vitor tira o plástico do bolso, coloca o pó em cima da mão e cheira, dando um longo suspiro e sentindo alívio. Ele se lembra de que precisava ir à reabilitação, pois seu irmão gêmeo, Isaque, havia pedido.

Ao chegar à reabilitação, Isaque já está conduzindo a reunião, falando sobre sua vida. Isaque diz que teve que abandonar sua vida familiar para se curar do vício, pois só fazia mal a todos que amava. Vitor se sente mal ouvindo aquilo.

Durante o discurso de Isaque, Vitor começa a ouvir vozes. As pessoas, focadas em Isaque voltaram-se para Vitor. Isaque, constrangido, diz:

“Este é meu irmão, Vitor.”

Ele vai até Vitor para saber o que está acontecendo. Vitor, com a visão embaçada, vê os braços em decomposição, semelhantes a cadáveres. Mas quando Isaque toca seu ombro, ele recobra a lucidez. Isaque pergunta sussurrando: “Vick, você ainda está usando? E que fedor é esse?”.

Vitor sai correndo, sem dar explicações. Quando está indo embora, Vitor vê Keni vindo diretamente em sua direção. Vitor corre para dentro do prédio da reunião. Quando entra pela porta, seu irmão ainda está palestrando.

Keni procurava por Vitor em todas as salas do prédio. Isaque fica orgulhoso do irmão por ter voltado, achando que Vitor está disposto a melhorar. Mas então, Keni entra na sala.

Ele procura Vitor entre as pessoas e logo o vê perto de Isaque. Sacando uma arma, ele atira e assusta a todos. Ele diz que deseja conversar com Vitor fora do prédio. O que ninguém esperava nesse momento era um fenômeno poltergeist.

Tudo começa com uma pequena ventania na sala, que arrebata as cadeiras e as pessoas. Um tornado se forma, quebrando o corpo de alguns presentes.

Vitor, Isaque e Keni saem se arrastando da sala e, depois, correm para fora do prédio. Do lado de fora, Keni diz: “É ele!”. Isaque pergunta: “Ele quem?”. Keni responde: “Ka-Vítium”. Vitor diz: “Não importa, isso não é problema nosso!”. 

“Como assim? Você libertou a entidade, fazendo-me perder tudo!”

“Não quero saber, paguei o que devia. Vamos, Isaque, embora daqui!”. 

“Seu idiota! A entidade irá atrás de vocês até matá-lo!”.

Enquanto eles discutiam, as pessoas mortas na palestra eram possuídas e mumificadas, indo logo depois atrás deles.

Vitor é convencido quando vê sua imagem mumificada em um carro que transportava espelhos e, ao ver os espectros das pessoas que estavam na reunião, diz: “Sei de alguém que pode ajudar, mas precisamos ir rápido!”.

Vitor, Keni e Isaque vão até um terreiro procurar pelo Pai de Santo Léo, que tenta curar os vícios de Vitor com simpatias, mas falha. Keni não menciona que conhece Léo. No passado, quando Keni não era ninguém, ele procurou Léo querendo ficar rico e Léo ensinou sobre “Ka-Vítium”. Foi Léo quem deu a cruz ansata para Keni.

Eles encontram Pai Léo, que inicialmente se recusa a ajudar, mas Keni oferece dinheiro pela ajuda. Os dois fingem não se conhecer.

Para o ritual, todos vestem branco. Léo reúne os médiuns para invocar Ka-Vítium. Os médiuns distribuem tocos para sentar, formando um círculo com sal grosso ao redor para proteger o terreiro de Ka-Vítium.

Antes do início, Léo conversa reservadamente com Isaque; o conteúdo da conversa permanece entre eles.

Após apagarem as luzes, os ogãs tocam tambores, e os médiuns, palmas. Léo canaliza Ka-Vítium que, por meio dele, revela suas intenções.

Isaque, cético, rompe o círculo de sal, condenando todos. Ka-Vítium, possuindo Pai Léo, quebra seu próprio pescoço e arranca sua cabeça. Sangue jorra sobre os médiuns próximos. Ka-Vítium, então, possui os ogãs, matando médiuns com os atabaques. As velas que estavam espalhadas pelo terreiro criaram um incêndio.

Keni é possuído por Ka-Vítium, transformando-se em uma múmia. Isaque luta contra Ka-Vítium, mas é violentamente jogado para longe.

Vitor pega o sal grosso do chão, jogando-o na múmia e enfraquecendo a entidade.

Ka-Vítium brada e os corpos mortos no chão se transformam em múmias, enquanto os espectros da palestra se reunem com as múmias do terreiro.

Vitor, vendo-se sem saída, em um ato desesperado arranca uma faca da cabeça de uma das múmias e tenta suicídio. Mas Ka-Vítium, por meio de telecinesia, não deixa isso acontecer, pois ele queria ter o prazer de matar Vitor com as próprias mãos.

Isaque surge por trás de Ka-Vítium, que estava distraído.

“Adeus, irmão!”

Jogando a cruz ansata do pescoço da múmia nas mãos de Vitor, se sacrifica junto com Ka-Vítium no quarto de Exu.

As múmias e os fantasmas se transformam em um redemoinho com um rosto demoníaco, transformando o terreiro em ruínas.

Ao sair do terreiro, Vitor sente-se renascido, livre dos vícios. A cruz ansata em suas mãos o faz lembrar que tudo fora real. A chegada da ambulância, bombeiros e polícia interrompe seus pensamentos. Vitor conta tudo o que havia acontecido.

****

Algum tempo depois, Vitor visita o cemitério com um prato de barro e uma vela acesa. No túmulo de Ka-Vítium, ele espera até que a vela se apague e, então, enterra o prato.

Um carro preto o aguarda. Subordinados abriram a porta, convidando-o a entrar.

Ka-Vítium ainda se alimenta das almas fracas e viciadas.

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Plot Execução Escrita Estilo Desafio

PLOT: Tem coisa boa, mas tá muito confuso; é muita coisa acontecendo num conto só.
EXECUÇÃO: Os personagens da segunda parte são bem construídos, mas só eles; a trama avança rápido demais, sem explicação de nada; o enredo é inteiro muito conveniente e com muita exposição (infodumping); a ambientação é exagerada, mas acerta em algumas coisas; os temas são jogados e mal desenvolvidos.
ESCRITA: A escrita não estava de todo ruim, só com algumas pontuações estranhas e algumas frases mal estruturadas.
ESTILO: Não é nada literário; o narrador é genérico; basicamente, não usa a linguagem a favor do desenvolvimento.
DESAFIO: Cumpre o desafio, mas é tudo muito confuso. O elemento fantasmagórico é super esquisito.