Menu fechado

De um monte no chão, falarás

As quintas-feiras eram sempre os piores dias no bar, ainda mais depois que o América perdia. Na TV emparedada num canto do bar as notícias da tarde seguiam um ritmo um pouco mais acelerado do que o normal. Aparentemente uma peste se espalhava pelo mundo e já fazia suas dúzias de mortos no país, mas nenhum dos moradores do bar do Valdir se incomodavam com aquilo. O repórter era apenas a suave trilha sonora de uma tarde quente e abafada, onde nada de importante aconteceria, muito menos em Cafundó do Judas, uma cidadezinha de 8 mil habitantes no norte das Minas Gerais. A não ser que um Palio Weekend de motor a combustão parasse na frente do bar e dele descesse uma mulher de meia idade cujos cabelos loiros brilhassem à luz do sol, junto de uma jovem de cabelos cacheados escuros. A mais velha pediu para usar o banheiro e a mais nova pediu um guaraná.

— Uau, uma garrafa de vidro! — comentou ela, abrindo um largo sorriso no rosto.

— D’on cê é? — perguntou Valdir, mas antes que ela pudesse responder uma senhora de cabelos grisalhos desceu do carro, resmungando alguma coisa que ele não entendeu, mas ouviu a menina a chamar de vó.

E logo estavam as duas sentadas à uma das mesas de plástico do bar, conversando, esperando a outra sair do banheiro. Valdir olhou para seus fiéis clientes. Um deles, Chico, fez uma careta de surpresa, mas Valdir deu de ombros. A mãe da jovem voltou se abanando e aceitou um copo de guaraná antes de perguntar para senhora de cabelos grisalhos:

— Já descobriu onde fica a casa da tia Valquíria?

— Meu sumafu ainda não ligou, Gê… paciência.

— Mãe não me peça paciência nesse calor!

— Ocêis num é daqui, né? — perguntou Valdir.

A que estava de pé se virou e o encarou, balançando com a cabeça de um lado para o outro rapidamente:

— Viemos visitar uma tia minha.

— A Valquíria, conhece?

A mulher olhou para a mãe como se fosse repreendê-la, mas a senhora apenas fez sinal para que saísse da frente dela.

— A dona Valquíria do antigo armazém?

— Armazém das 3 Irmãs, essa mesma.

— Ô, sô! Ela mora na rua lateral aqui, em frente ao salão paroquial. É só cêis subi mais 2 quarteirão e tão lá.

As três trocaram sorrisos aliviadas, mataram o guaraná rapidamente, como se rejuvenecidas pela notícia e logo se despediram de Valdir, deixando uma nota de 20 na mesa e um aroma de âmbar, jasmim e pêssego no ar. O carro levantou fumaça, como há muito tempo Valdir não via e virou à esquerda na esquina, subindo a rua até a casa da dona Valquíria. De trás do balcão, Valdir as acompanhou com o olhar, enquanto Tião soltava um assobio, fazendo Chico gargalhar.

Toda quinta era dia de fechar o bar mais cedo e quando fechou o bar naquela noite, viu o carro ainda parado na frente da casa da Dona Valquíria, mas quando subiu para o seu quarto, logo acima do bar, viu pela janela aberta a mulher do meio manobrando o carro para dentro da garagem, enquanto a dona Valquíria a observava da calçada. Era uma senhora bem vivia a dona Valquíria, enterrou um marido e dois filhos, vivia com a filha mais velha, engenheira de uma fábrica de esquadrias e vergalhões na cidade vizinha e que passava dois dias em Cafundó e um dia na fábrica. Há dois anos havia enterrado a irmã mais nova e com isso o armazém que tinham no centro da cidade fechou e desde então ninguém a via muito fora de casa, muito menos recebendo visita. Naquela noite, Valdir dormiu pensando na dona Valquíria, mas especialmente em sua irmã mais nova, a morte dela havia sido um mistério. A polícia disse que foi suicídio, mas quem se suicida aos 60 anos? Eu, hein… o melhor era dormir mesmo. Quem pensa demais nessas coisas acaba ficando louco.

Na sexta-feira, de trás de seu balcão, Valdir viu a tal da irmã da dona Valquíria andar pela praça da cidade com a neta. As notícias correm rápido por ali. Aquela era a irmã do meio, Suzanne, uma mulher que muito jovem havia se mudado para os Morros Paulistas. A moça mais velha era sua filha e a jovem, sua neta, adotada claro, o que explicava a diferença entre elas. Estavam ali para visitar a dona Valquíria, uma viagem que havia sido programada há muito tempo, mas que sofreu alguns percalços por conta da peste. Os aeroportos foram fechados, a maioria das rodoviárias também e o único carro que conseguiram alugar foi aquele Palio Weekend a combustão. Nem mesmo em Cafundó do Judas era possível ver um carro a combustão naqueles dias. 

— São loucas! — diziam uns.

— São bruxa! — diziam outros.

— São paulista! — era a conclusão a que todos chegavam.

No sábado Valdir vendeu uma Coca Zero 2 litros pra menina mais jovem, mais uma vez acompanhada da vó e foi a primeira vez que ele reparou que a velha tossia que nem um motor a combustão engasgando.

— Não se preocupe… é crônico — disse ela, enquanto a neta procurava nos bolsos alguma nota menor que 20, porque Valdir não tinha troco — não é a peste, não!

Valdir nem sabia o que era a tal da peste. Só tinha visto na TV, mas se aquelas três trouxeram a peste para lá iriam ter confusão. Mas no domingo ele sentiu o primeiro sinal da peste, Bob, o delegado da cidade, veio com o peito todo cheio pra dentro do bar avisando que Valdir ia ter que fechar o negócio por conta da peste.

— O qui eu tenho a vê com a peste, sô?

— Nós todos temos a ver com isso, Valdir! — disse Bob, ajeitando a fivela do cinto — se não a peste espalha pra todo lado e vai acabar com a gente.

— Mai’ como?

— É muita coisa procê entender, Valdir. Só saiba que você vai ter que fechar o negócio, entendeu? É por pouco tempo.

— Pouco quanto?

— Uma semana ou duas — Valdir continuou encarando Bob com sua carranca feia, então Bob explicou — vai ter uma compensação da prefeitura. Faz o cadastro no site que tá tudo bem, ok?

Pros diabos com o seu ok. Policial almofadinha metido a beste, se não fosse o distintivo Valdir já teria dado uma bifa nela umas quinze vezes. Mas era policial, fazer o quê? Tem que obedecer. E assim Valdir ficou em casa, tomando cerveja e fumando um paieiro de Arapiraca na varanda. Na terça já não tinha mais paciência alguma e decidiu que ia pescar no dia seguinte. Ligou para o José, seu amigo dono de um sitiozinho na cidade vizinha com acesso para o Paracatu, o rio da região e combinou de ver ele amanhã às 8 horas, em ponto. José até tentou convencer Valdir do contrário, preocupado que estava com a peste, mas não deu jeito, Valdir quase gritou com ele, iria pescar de um jeito ou de outro.

Por causa da tal da peste, Valdir nem dormiu direito naquela noite e tarde decidiu fumar mais um paieiro na varanda. E de onde estava, sentado em sua cadeira de vime, viu o Palio Weekend saindo da garagem da dona Valquíria. Tudo normal, não fosse o fato de que as luzes estavam apagadas e o motor desligado. Um carro elétrico nunca faria barulho, mas aquele lá? Aquele lá era pra estar acordando todos os vizinhos. Valdir se apoiou de braços cruzados no umbral da varanda e continuou a observar. No volante estava a mãe da jovem, que atravessou a rua com o braço em volta do braço da avó. E atrás delas vinha a dona Valquíria, que trancou o portão rapidamente e atravessou a rua quase correndo. Todas entraram no carro, que desceu a rua desengrenado até que na esquina abaixo do quarteirão do bar as luzes se acenderam, o motor roncou e ele seguiu morro acima até onde a vista alcançava. Aquilo distraiu Valdir, que após tragar mais 2 vezes seu paieiro, o apagou no umbral da varanda mesmo e foi dormir.

No dia seguinte, Valdir acordou atrasado, mas saiu de casa ainda assim. Mandou uma mensagem pro José, que não respondeu e dirigiu até a cidade vizinha. A rodovia estava vazia e as ruas dentro da cidade ainda mais. Para chegar ao sítio ele tinha que atravessar a cidade pela avenida principal, pegar a direita na última rotatória até uma estrada de terra e seguir por ela por mais alguns quilômetros e lá na frente, virar a direita quando visse um pé de jaca. Ali era a entrada do sítio, mas ainda levava alguns quilômetros até chegar à casa de José, que ainda era cercada e o portão estava trancado. Valdir teve que buzinar três vezes até ver José sair de casa.

— Tu é louco, Vardi! Vai pescar cum essa peste aí, rapais?

— Que peste o quê, Zé! Isso aí é conspiração!

— Tu é louco, hômi! É isso que tu é!

— Abre logo esse portão, Zé!

— Si ocê quisé pescá, ocê vai! Mais vai tê que contorná o sítio!

— Tá de sacanagi, é?

— É as regra, Vardi. Tem que manter a distância sociar.

Distância é meu peru, pensou Valdir, mas não falou nada. Já estava injuriado demais com toda essa história de peste pra continuar discutindo isso com seus amigos, então entrou no carro e deu a volta no sítio. Passou pelo milharal, pelo galinheiro e desceu o pasto até o rio, onde viu a distância um dique com um barquinho virado. Sozinho, Valdir colocou o barco no rio, arrumou suas tralhas e o seu motor e já passando do meio-dia seguiu viagem por água. Seu plano era subir um pouco o rio até após uma curvatura estreita entre os morros. Após esse ponto se formava uma espécie de lago natural onde era muito rentável a pesca. Por conta da peste ele não teria problemas, nem com outros pescadores e nem com a fiscalização. Mas quando chegou no ponto onde queria e finalmente desligou o motor do barco, Valdir ouviu ao longe barulhos ritmados, abafados, mas constantes. Levantando-se no barco e procurando ao redor de onde vinha esse barulho, ele viu, ao longe, em cima de um morro, a sombra de uma pessoa cavando alguma coisa. Ele apanhou a pá do barco e seguiu caminho até a costa, onde desceu do barco e seguiu entre a vegetação rara, mas alta o suficiente para abafar suas passadas, morro acima até ver que quem cavava era a jovem neta da irmã da Dona Valquíria. E ela não cavava apenas um buraco, mas cavava a torto e a direito, diversos buracos, de diferentes profundidades. E para piorar, a mãe parecia supervisionar, em pé junto a ela, enquanto a dona Valquíria e a irmã observavam as duas de longe, sob a sombra de um pé de manga. Balançando a cabeça de um lado para o outro, ele teve que intervir.

— Ocêis sabe que isso aqui é propriedade privada, é?

Todas gritaram com o susto e levaram uma mão ao coração. Valdir juntou todo o seu conhecimento jurídico para começar a dar uma bronca nelas, enquanto a sobrinha da dona Valquíria tentava explicar que ele não precisava reagir daquela forma, mas quem fez Valdir ficar quieto foi a mais jovem.

— Conta pra ele, mãe.

Ela virou-se para a filha, como se a mandasse fechar a boca com os olhos, mas a menina continuou:

— É uma longa história, moço, mas talvez você possa ajudar…

— Ajudar como, Manu?

— Cavando os buracos, mãe… qualé? Você não vai conseguir, eu também não e a vovó e a tia muito menos!

— Também não precisa ofender! — brincou a avó.

— Mai’ocêis tão fazendo o quê? — bradou Valdir, batendo um pé no chão.

— Estamos escavando uma rocha — respondeu a jovem — uma rocha que a gente não sabe como é, nem onde está, mas está aqui em algum lugar…

Valdir fez uma careta confusa e quem continuou foi a avó da jovem.

— Essa pedra contém um amuleto muito importante para a minha irmã e ela nos disse que está aqui, nessa direção — ela apontou para frente — Foi isso que nossa irmã nos disse.

— Nossa…? — perguntou Valdir.

— Sim, seu Valdir — falou a dona Valquíria — Há dois meses acordei com uma carta de minha irmã no peitoral da janela de casa. Nessa carta ela dizia que eu tinha que procurar esse amuleto, esse objeto, oculto numa pedra soterrada. É… é meio loucura, mas…

— Eu recebi uma mensagem no mês passado — disse a avó — uma caixa de metal apareceu embaixo de minha cama e dentro dela havia um ramo de mangueira, exatamente como aqueles ali, na ponta daquele galho, junto com uma carta escrita pela minha irmã.

Valdir fez um instante de silêncio, antes de perguntar, com um tom levemente irônico:

— Sua irmã, que morreu… 2 ano atrás…

— Sim, Valdir, minha irmã que morreu há dois anos — repetia Dona Valquíria — eu sei o que isso parece. Acha que eu já não ouvi isso o final de semana inteiro da minha filha? Da minha sobrinha? Mas tem muito mais coisas, teve sombras, mensagens aparecendo na TV, sonhos, ruídos inexplicáveis, até o rádio do carro nos indicou o caminho até aqui. Ela está falando com a gente e olha, olha as folhas, estão todas apontando para um mesmo lado.

Valdir olhou a primeira vez para o chão. E de fato, as folha estavam apontando todas para um mesmo lado, mas não era apenas o vento sendo o vento? Só que aquela era a parte que descia do morro e o vento vinha da outra direção, de onde estava o carro e não poderia jogar as folhas todas para um lado morro abaixo.

— A gente tá aqui desde manhã… ajuda a gente, vai? — perguntou a jovem.

Valdir olhou ao redor. As folhas se aglomeravam de um lado, mas e se elas estivessem olhando para o lado errado? E no momento que ponderou isso, Valdir sentiu um vento frio cortar a sua espinha. Era uma loucura, algo completamente sem lógica e até criminoso, mas de repente Valdir sentia-se como que arrastado para aquela hipótese absurda. Balançou a cabeça e sem dizer mais nada virou-se para o barco, vendo então que uma nuvem escura se formava sobre o rio. Valdir levou um susto, pois não havia reparado que haviam nuvens grossas se formando no céu, então pensou novamente no que elas haviam acabado de dizer. As folhas apontavam para um lado, mas talvez elas estivessem olhando do lado errado. De quem vinha subindo o morro, as folhas pareciam abrir uma clareira e o centro dessa clareira era bem embaixo de um ramo de flores na ponta de um galho. Um único galho, cheio de flores de manga. 

Sentindo um frio que o fazia suar, Valdir fez o sinal da cruz, virou-se novamente, encarou a jovem, pegou de sua mão a enxada e caminhou a passos largos e pesados até onde as folhas pareciam formar uma clareira e começou a cavar, silenciosamente, num ritmo cadenciado, rápido e forte. Não demorou muito e a enxada tocou em algo que soou diferente. Valdir afundou a enxada no chão mais uma vez e um eco soou por todo o morro, como se algo despertasse abaixo dele. Valdir olhou para as mulheres ao seu redor, dessa vez convencido de que eram bruxas, fez mais uma vez o sinal da cruz e cavou ao redor da pedra que ecoava. 

Fez um largo buraco no chão e dele tirou uma pedra que parecia um ovo de avestruz, branca, apesar de suja de terra, lisa, apesar de gasta com o tempo e a depositou com todo cuidado em frente às mulheres mais velhas. A avó tossiu algumas vezes enquanto se ajoelhava para ver, enquanto dona Valquíria apalpava, curiosa. Algo dali de dentro parecia pulsar e as nuvens pareciam aumentar e descer. De repente fazia frio e ficava cada vez mais escuro.

— Pros diabos, isso aí é bruxaria! — gritou Valdir metendo a pá com toda força na pedra, que rachou e se abriu emitindo uma luz forte e uma fumaça azulada que subiu aos céus com força, como se presa por milênios acumulando pressão e finalmente livre, se diluía no ar acima das cabeças deles. 

Valdir foi jogado para trás com aquilo, mas não caiu no chão e nem teve coragem de abrir os olhos, até que sentiu a pele se esquentar pelos raios do sol. Quando teve coragem de olhar ao redor, já não haviam mais nuvens escuras no céu, nem fumaça ou luz azul. Restava diante dele e cercada pelas quatro mulheres uma pedra aberta onde dentro dela estava uma cruz de São Damião. 

— O que é isso? — perguntou a jovem.

— Uma cruz de São Damião — respondeu a mãe dela.

— E o que significa? — perguntou a avó.

— Temos que levar a algum lugar — disse dona Valquíria — É o que dizia a carta, não é?

— Mas para onde? — perguntou a avó.

— São Francisco de Assis — respondeu a mãe da jovem — Deve ser para lá.

— Mas isso é em Ouro Preto… — murmurou dona Valquíria.

— Longe pra caramba! — exclamou a jovem.

— Fazer o quê? Eu já dirigi dois mil quilômetros, não me importo de dirigir outros mil — respondeu a mãe, já caminhando para o carro.

Valdir olhou tudo aquilo boquiaberto. 

— Cêis são doida? — perguntou ele, quase num falsete — O que foi tudo isso? 

Todas deram de ombro, mas quem respondeu foi a avó.

— Nossa irmã pediu para fazermos algo… e não temos muito tempo.

Ao dizer isso ela pareceu estender a mão direita, onde segurava o lenço, aberto, com uma mancha de sangue nele.

— Cala a boca, vó! — disse a jovem.

— Olha o jeito que você fala comigo, menina!

— É verdade, mãe… não fala essas coisas!

— Você também, Gê? Repreenda ela!

— Ninguém repreende ninguém, vamos logo, antes que a Sofia aciona a polícia pra vir atrás de mim. Se já não acionou…

— Eu nem lembro mais de que lado a gente veio… — comentou a mãe da jovem.

— A gente veio de lá — apontou a jovem para o lado correto.

— Então vamos voltar e…

— Num vorta, não — disse Valdir abruptamente — ocêis vai tê que vortá uns 15 km por lá e ‘inda tem a cidade. Segue reto. A rodovia fica uns 20 km.

As quatro agradeceram e se levantaram. A avó deixou ainda uma sacola de lichias que haviam furtado de uma fazendo uns 5 quilômetros pra trás com Valdir, que não disse mais nada, nem mesmo um “Brigado”. A única coisa que podia fazer era observar o carro ir embora, deixando para trás um monte de buracos e e um aroma de sândalo, âmbar, jasmim e pêssego no ar.

Você não tem permissão para enviar avaliações.

Avaliações

1 avaliações encontradas.

Plot Execução Escrita Estilo Desafio

Vou anotar enquanto leio.

– Vírgulas depois de: num canto do bar; aparentemente; meia idade; pudesse responder; — Mãe; a irmã mais nova e; Desde então; No sábado; Na terça; No volante; atrás delas; até que; do quarteirão do bar; chegar ao sítio;

– Erro de concordância em: incomodavam;

– “Cafundó do Judas” não ajudou muito na imersão

– A frase “A não ser que um Palio Weekend de motor a combustão parasse” é uma hipótese que continua como se já estivesse acontecendo, o que soa muito estranho. Parece que a ideia era mais algo como “não fosse um palio ter parado” ou “até que um palio parou” (versão que vou usar na antologia).

– pq o espanto da moça com uma garrafa de vidro? tem isso em absolutamente qualquer cidade

– Não tem crase em “sentadas à uma”

– Não tem essas reticências depois de “não ligou, Gê”. É ponto ou vírugla. Nem em “Não se preocupe”, que é vírgula

– “balançando com a cabeça de um lado para o outro rapidamente”, esse advérbio faz a mulher parecer uma louca

– *rejuvenescidas

– não tem esse “e” depois de “o bar mais cedo”. Ou é ponto e vírgula ou ponto.

– depois de “bem vivida a dona Valquíria” tem que ter pontuação além de vírgula (na antologia, vai dois pontos)

– tá muito errada a frase “Há dois anos havia enterrado”

– não é “e” depois de “no centro da cidade fechou”

– depois de “em sua irmã mais nova” é ponto

– esse narrador não sabe o que quer ser, se personagem, comentarista ou observador. Olha iso: “mas quem se suicida aos 60 anos? Eu, hein… o melhor era dormir mesmo.”

– “adotada claro” ? kkkk pow, cadê a vírgula?

– é “programada HAVIA muito tempo”

– maiúscula em “Não é a peste”

– essa frase tbm tá muito errada na pontuação: “Valdir nem sabia o que era a tal da peste. Só tinha visto na TV, mas se aquelas três trouxeram a peste para lá iriam ter confusão”

– maiúscula em “Se não a peste espalha” (e é SENÃO)

– maiúscula em “Vai ter uma compensação”

– o “ok” no fim da fala do delegado não combina com o resto

– “e combinou de ver ele amanhã”? …rapaz

(a partir deste ponto, desisti de olhar pontuação e mandei o gpt corrigir pra usar na antologia, que é o texto que eu vou conferir e não faz sentido descrever aqui).

====================== BORA LÁ

PLOT: Gostei da ideia.
EXECUÇÃO: Personagens bem construídos; a trama avança bem, sem muita enrolação; MAS o tom é ruim, indeciso, confuso: o texto não se segura como comédia, nem como mistério, a mescla não combina, e o desenvolvimento temático é pobre.
ESCRITA: Tá tensa, hein?
ESTILO: O narrador expressa bem a confusão de tom e de estilo: ele também é confuso, sem personalidade (finge ter, mas com o custo alto da variação de forma injustificada); eu não gosto das intromissões, que se misturam com discurso indireto livre a troco de nada; até o jeito de “falar” do narrador é inconstante.
DESAFIO: Cumpre bem o desafio, mas só no finalzinho.