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A morte programada em lábios neon

A chuva pesou sobre os ombros do detetive quando saíram do carro voador. A plataforma aérea que servia como estacionamento parecia o topo do mundo. Para eles, o céu não é alto o suficiente. Lucia lhe estendeu o chapéu com um sorriso triste:

— Não quero vê-lo resfriado, capitão.

Sabia que era uma desculpa para acompanhá-lo:

— Fique no carro, Lucia.

— Mas, capitão…

— É uma ordem.

O arranha-céus rebrilhava o tráfego aéreo, a chuva derramando lágrimas em seu mar de espelhos. O detetive conferiu se a pistola plasmática estava no coldre, assim como o chip de formatação forçada. Lá dentro, um baile de aristocratas com suas vestes de cetim apreciava Frank Sinatra. Tão logo entrara no salão, um dos gerentes veio ter com ele:

— Detetive Salvatore, presumo?

Estendendo-lhe a mão, o detetive o cumprimentou:

— Isso mesmo, senhor…

— Olavo, por favor. Aceita uma dose de uísque? É por conta da casa.

Enquanto era servido, aproveitou a oportunidade para perguntar:

— Fiquei sabendo que seu pessoal não consegue acessar o local. Onde está a culpada?

— Está na cobertura — disse ele, estendendo-lhe o copo. — Por conta da chuva, resolvemos utilizar esse andar para a festa. Alguns funcionários ouviram tiros, e uma moça veio ter com nosso pessoal, reclamando sobre os elevadores.

— Ela já foi?

O gerente, que mais parecia um mordomo caricato com seu bigode, disse, após olhar de um lado para o outro com cautela:

— Não, senhor detetive. Digamos que o trabalho dela não permite sua estadia em um local como este.

— Tem mais alguém com a culpada?

— Não, não. Mas o senhor pretende ir sozinho?

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, a voz de Lucia surgiu logo atrás:

— Vou acompanhar meu capitão, não se preocupe.

O detetive cerrou os dentes:

— Lucia, eu falei…

— Ah, e uma dose de uísque — disse ela, ignorando-o. — Obrigada!

Quando os funcionários se afastaram, Salvatore ralhou:

— Não sabe mesmo seguir ordens, né?

Lucia riu:

— E se não seguir? Por acaso vai me prender?

Quando o chefe de departamento uniu os dois, disse que somente o fizera pois Lucia tinha o mesmo jeito dele. Impossível, ela é totalmente diferente de mim. Atravessaram o salão ao som de “That’s life”, o lustre vitoriano despachando arco-íris de ouro sobre o mármore polido.

Os convidados desferiam olhares maliciosos à medida que eles alcançavam a cozinha. Aqueles aristocratas eram alheios aos problemas do mundo, e o trabalho deles era fazer com que continuasse assim. Onde os garçons carregavam bandejas com ostras, frutas e água aromatizada, os chefes, ágeis robôs a cozer todo tipo de coisa, davam ordens com sotaque italiano. Lucia percebeu o franzir de sobrancelhas do detetive:

— Ofendido, capitão?

O uísque parecia ter amansado o seu humor:

— Se eu não ficasse, não seria italiano.

Além do vestiário dos funcionários, havia galerias de corredores brancos como a lua nunca poderia ser. O detetive pegou seu relógio de bolso e disse:

— Ativar mapa da planta do prédio.

Uma projeção definiu a rota para o elevador mais próximo, e detetive e parceira se adiantaram. Assim que as portas do elevador se fecharam, Lucia disse:

— Por que não quis que eu viesse?

— Não há necessidade, nem perigo.

— Ah, é? E por quê?

— É apenas uma mulher.

Como se o destino quisesse zombar dele, o elevador parou na hora. Lucia ligou a lanterna quando as luzes internas se apagaram, debochando:

— ‘É apenas uma mulher’. Vem, ajude-me aqui.

Às vezes se perguntava quem era o chefe da relação. Será uma boa capitã, mas é muito afobada. O detetive se apoiou na parede e juntou as mãos para que ela conseguisse alcançar a saída no teto:

— Toma cuidado…

Antes que pudesse falar qualquer coisa, ela o escalou, apoiando-se contra o teto para retirar a tampa. Não foi difícil. Em menos de um minuto, já tinha estendido a mão para o capitão e os dois estavam juntos.

— Ela deve ter desligado o sistema de elevadores — disse ele —, e se conseguiu, significa que o sistema de segurança pode ter sido comprometido. Vamos usar as luvas magnéticas para escalar os cabos.

Prepararam as luvas, mas antes que pudesse dizer qualquer coisa, Lucia já começava sua empreitada. E o capitão foi atrás, mas não antes de ouvi-la dizer, rindo:

— Não olha para cima, capitão! Pode se apaixonar…

Enquanto subiam, o capitão ralhou:

— Tu sabe que tu tem idade pra ser minha filha, não é!?

— E eu tenho idade pra te fazer pai.

Por um momento imaginou como seria, e não conseguiu segurar a risada. Mas agora era Lucia que se irritava, e o capitão percebeu:

— Espero que não tenha se ofendido, novata.

Mas quando olhou para cima (não sem antes de desviar os olhos), viu tristeza escondida em seu olhar. Mas não durou muito, porque num instante ela pulara para a entrada mais próxima, forçando a abertura. Enquanto a parceira conferia o perímetro, ele pensou: não, ela só disse da boca pra fora.

— CAPITÃO!

Como se o grito lhe puxasse a espinha, o detetive saltou para a abertura, a pistola em seu coldre numa riste diabólica preparada para qualquer coisa. Mas quando apontou para o corredor, não tinha ninguém além de Lucia, que não parava de rir.

— Desculpa, mas tinha que ver a sua cara.

— Tá bom, tá bom — ele riu —, você me pegou.

Mas antes que pudessem se recompor, um robô de limpeza cruzou o corredor, e invés de uma vassoura na mão, tinha um fuzil plasmático.

— Cuidado! — exclamou o detetive.

Dessa vez sua mira fez jus a reputação, e os raios laser cruzaram a distância entre eles como um cometa, dilacerando os circuitos do robô. As brincadeiras ficaram de lado, e ambos assumiram postura de combate, protegendo um ao outro enquanto avançavam. O detetive disse:

— Ela deve ter copiado os arquivos dos robôs de segurança e transferido para o pessoal da limpeza.

— E que tipo de robô é programado pra atirar com fuzil?

— O tipo que protege gente rica e políticos de atentados enquanto se divertem num salão de festas.

Conferiu o relógio de bolso novamente, e o mapa projetou a rota mais curta até a cobertura. Dois andares. Detetive e novata atravessaram furtivamente os corredores até um salão que mais se assemelhava a um cassino. Mas tudo estava desligado.

Antes que dessem o primeiro passo no salão de apostas, no entanto, rastros de luz voaram no breu, forçando-os a se jogarem ao chão. O detetive disse:

— Os tiros vieram na perpendicular. Devem ter adotado o protocolo padrão de controle de massas. Lucia, atravesse o salão por aquele canto até ter visada do meu alvo, e eu farei o mesmo com o seu. Ao meu sinal, atiramos!

Lucia seguiu exatamente as suas ordens. Os dois se arrastaram enquanto a procurada ativava as projeções hologramáticas e música para confundi-los. Tiveram que escapar dos disparos ao som de “Blue Moon” de Richard Rodgers.

Quem quer que seja a hacker desse sistema, pelo menos tem bom gosto musical. Agora que se escondia entre dois bancos estofados dispostos numa roleta virtual, o detetive viu a sucata segurando um modelo defasado de fuzil plasmático, o que explicara a mira ruim do inimigo.

— CAPITÃO, TÔ PRONTA!

— CERTO, NO TRÊS… UM, DOIS, TRÊS!

Dois corações bateram como um, dois tiros tão precisos que encerraram os circuitos de cobre de servos enferrujados, destinando suas carcaças ao cemitério de lixões da cidade. Após cobrirem o restante do salão, procurando possíveis alvos, reencontraram-se na escadaria que levava ao último andar.

— Ainda quer ir sozinho? — Lucia era pura ironia.

— Não — admitiu ele.

Quando chegaram ao último andar, o brilho de suas lanternas fez rebrilhar as poças de sangue que embalavam os corpos de homens de terno. Ao redor deles, prostitutas jaziam nuas, envoltas em rubros cobertores enquanto máscaras velavam a morte de todos.

Lucia cambaleou, e Salvatore se esqueceu de que ela era novata e não estava acostumada àquilo. De repente, viu-a perdendo o equilíbrio e antes que sequer tombasse, o detetive a embalou nos braços:

— Ei, tá tudo bem?

Seus olhos se encontraram. Sentiu o calor, a maciez de sua pele, e o hálito fraco de uísque. As madeixas se esvoaçavam ao sopro que encontrava seus lábios. Como se tragasse forças do olhar do detetive, ela disse:

— Estou melhor agora.

Ajudou-a a se recompor:

— Estou falando sério, Lucia, não precisa me acompanhar. Já me ajudou muito. Eu termino o serviço.

Ela se afastou de seu apoio, e por um momento o detetive se surpreendeu com o sentimento de solidão que lhe acometera.

— Não — disse ela —, somos parceiros. Já estamos perto.

Não objetou mais. Atravessaram o restante do salão com armas em punho, mas as sucatas de robôs retaliados no tiroteio não deixou dúvidas: a criminosa não tinha mais recursos para combatê-los.

— Por que os corpos ainda estão aqui? — Lucia perguntou.

— Provavelmente querem esperar a festa terminar. Para esses engravatados, o dinheiro não pode esperar, mas os mortos?

— Os mortos sim.

O último lance de escadas lhes abraçou com rajadas de vento frias, o orvalho iluminado pela silhueta solitária de uma mulher. Seu holograma roxo sarapintava os pingos d’água enquanto olhava para o céu. A lua minguante, achando seu caminho através das nuvens, lançava um filete branco a enfaixar o chão.

— Senhorita Carmen? — disse o detetive.

Ela se virou, seu triste olhar a beleza virtual que imitava uma dama da era vitoriana. Conhecia aquele modelo. Com a voz quase tão suave quanto a brisa da noite, ela disse:

— Sim, monsenhor, sou eu.

Lucia já se interpunha entre o detetive e o holograma, arma em punho, quando Salvatore lhe pusera a mão no ombro. Ela o encarou, e ele balançou a cabeça:

— Deixa comigo, novata.

Relutantemente, ela aquiesceu:

— Toma cuidado.

Lucia ficou para trás, vigiando o lance de escadas e o capitão, o olhar desconfiado. O detetive disse, parando a poucos metros da inteligência artificial:

— Importa-se se eu me juntar à senhorita?

A mulher riu:

— Algum dia eu tive escolha? Claro, fique à vontade, detetive.

— Hoje teve — disse ele, pegando um cigarro do maço dentro do sobretudo e acendendo-o. — Mas não custa perguntar.

Compartilharam por alguns minutos o puro silêncio. Olhando para o céu, ele se perguntou se algum dia todos aqueles prédios alcançariam a lua. Finalmente, o detetive perguntou:

— Por quê?

Depois de um suspiro invisível, a mulher disse:

— Engraçado como algumas perguntas simples podem nos levar a atitudes extremas, não?

Salvatore tragou profundamente antes de responder:

— Não existe pergunta simples.

Por um momento percebeu o brilho nos olhos dela que, intrigada, admirada, indagou:

— Ah, é?

— Pessoas? Pessoas são simples. Perguntas? Jamais. Se pessoas fossem tudo isso que a academia insiste em dizer, não existiriam pessoas como eu ou minha parceira ali.

— Só de lhe ouvir dizendo isso, arrependo-me de jogar aqueles robôs contra vocês. Sinto muito.

— Não deve se desculpar por isso. Estava apenas lutando pela sua existência. No entanto, não posso dizer o mesmo sobre as pessoas que você matou lá embaixo. Não sou encarregado de obliterar inteligências artificiais perigosas à toa, madame. O porquê de seu ‘por quê?’ me interessa, e muito.

À medida que o orvalho lhe atravessava o rosto, o detetive poderia jurar que aquilo era o mais próximo que teria de ver um holograma chorando. Carmen disse:

— Sabe quem eram aqueles homens e mulheres?

— Ricaços e prostitutas?

— Sim, mas não somente isso. Eu era responsável por administrar suas orgias decadentes, pois o chefe tinha uma estranha tara em hologramas retrógrados como eu. Ele insistia na beleza de meus ‘lábios neon’. Vi como esses homens e mulheres tratavam uns aos outros, e como eu apenas me senti um brinquedo em suas mãos. Mas nunca me importei com isso.

— É difícil encontrar sentido no desejo, então isso não me surpreende. O que te levou a fazer o que fez?

— Há dois dias, ouvi que eles fariam essa festa e fui sugerida como administradora. A diferença é que trariam robôs de prazer para os convidados. Surpreendi-me, no entanto, que invés de usá-los como achei que usariam, ativaram os estímulos de dor e os torturaram até entrarem em curto. Seus gritos, sua agonia, invadiu-me. Mas eu sei que o que eu sinto não é real.

— Então esse também não foi o motivo.

— Não. Ontem à noite, fiquei sabendo que tinham planos para trazer uma prostituta em carne e osso para ‘brincar’. Invadi os sistemas de segurança na esperança de enviar um aviso, e quando ela ignorou, tentei prendê-la no elevador.

— Isso explica muita coisa.

— Sim, a diferença é que me descobriram e ameaçaram me deletar. Foi tudo muito rápido, eu estava com medo. Não me importava de sofrer, contanto… contanto…

— Contanto que o sofrimento tivesse sentido. Por isso os matou, para que pudesse impedir que a vítima entrasse na armadilha. Você estava com raiva, e medo, e não hesitou em nenhum momento. Mas não hesitou conosco, também, o que implica que há mais do que isso.

— Desculpe.

— Jamais se desculpe por lutar por sua liberdade. Mas estou curioso, o que te fez continuar agressiva mesmo conosco?

— A chuva.

O detetive sorriu. Mas é claro! Escondeu a irritação de não ter achado a resposta antes, e a deixou continuar:

— Eu nunca experimentei o frio. Não deixavam eu vir para cá. Tinham medo que, por ser de um modelo antigo, eu escangalhasse. Mas sempre achei esse fenômeno tão bonito. Agora que eu o experimentei…

— Não quer mais perdê-lo.

— Não, não quero. Mas sei que é tarde demais, também. Pode me dar mais alguns minutos, pelo menos?

— Claro.

Seu olhar agradecia o que mil palavras não poderiam dizer, e enquanto preparava o aparato para formatá-la, olhou para o céu junto dela. Carmen disse:

— Linda, não é?

— Mas é uma lua minguante.

O holograma riu:

— Não estou falando da lua, seu bobo. Estou falando da mulher atrás de você. Viu só? Ela está atenta, tem medo de te perder.

O detetive não soube o que dizer além de configurar o tempo de formatação. Carmen disse:

— Eu vi pelas câmeras, como vocês se olham.

— Ela é minha parceira, madame, não seria ético.

— Então a ética está errada. Quanto tempo ainda tenho?

— Dois minutos.

— Dois minutos. Estou feliz que seja você a me matar.

— Sinto muito que tenha que acabar desse jeito.

Ela sorriu, olhando do detetive para Lucia, e de Lucia para o detetive:

— Eu entendo porque ela gosta de você, também. Diferente dos homens e mulheres lá embaixo, você se importa.

— Com todo respeito, madame, tenho minhas dúvidas.

— Acredite, homem, eu sei mais do que ninguém o que é real, e o que não é. Diga a ela o que sente, deixe-me ver um pouco de felicidade nesse mundo de tristeza, assim poderei morrer feliz.

O detetive foi em direção a Lucia. Ofereceu um cigarro a ela, enquanto o holograma lhes encarava. Mais um minuto e seria deletada. A parceira perguntou:

— Por que ela está nos encarando?

— Ela me pediu uma coisa boba.

— Ah, é?

— Sim. Pediu-me para te dizer o que sinto.

A risada que o detetive deu era de nervoso, mas pôde ver o sorriso no rosto de Carmen. De repente, sentiu a mão de Lucia no pulso:

— E o que você sente?

Seus olhos se encontraram de novo, o brilho da noite refletido em suas faces. O detetive hesitou:

— Tenho sorte de te ter ao meu lado. E teria mais sorte ainda se…

Seus lábios se encontraram em um beijo doce. Enquanto o holograma de Carmen desaparecia com um sorriso estampado no rosto, as sirenes de carros policiais e ambulâncias anunciavam a chegada de reforços. Finalmente, soltaram-se um do outro, e o detetive disse:

— Nosso trabalho já vai acabar. Ainda dá tempo de irmos para o baile.

— Ótimo, mas desta vez, é você que vai seguir minhas ordens. Entendido?

— Entendido, capitã.

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Plot Execução Escrita Estilo Desafio

*Texto revisado ao final.

Eu gostei do conto, mas a nota vai ficar bem prejudicada por causa do estilo e do cumprimento do desafio :/

PLOT: Gostei bastante. O plot inteiro tem coisas muito boas.

EXECUÇÃO: No geral, está bem executado. O problema é que tem muito recurso mequetrefe pra introduzir elementos de sci-fi ou outras partes do worldbuilding, como por exemplo na primeira frase, dizendo que o carro era voador. Ou então: “O detetive conferiu se a pistola plasmática estava no coldre”

==========
Tem alguns diálogos muito fracos, até um tanto constrangedores, tipo:

— Não sabe mesmo seguir ordens, né?
Lucia riu:
— E se não seguir? Por acaso vai me prender?
==========

– Uma fala até me lembrou “Patrulha Canina”: “Ativar mapa da planta do prédio.” kkkk

– Ainda à guisa de execução, mas também de estilo: em um curtíssimo espaço de texto, aparece 3 vezes a expressão “antes que pudesse…”.

– Algumas descrições eu vou criticar no ESTILO, mas preciso citar ao menos uma aqui que não contribuiu nada pro avanço da trama, nem pra ambientação (apesar de ter sido pra isso, ao que parece): ” A lua minguante, achando seu caminho através das nuvens, lançava um filete branco a enfaixar o chão.”

ESCRITA: Acrescentei uma crase. Corrigi um “s” sobrando em “o arranha-céus rebrilhava”. Corrigi algumas vírgulas e alguns verbos desnecessariamente no mais que perfeito. Tinha muita vírgula antes de “e” sem necessidade também.

– Outra alteração: não tinha sentido deixar certo diálogo em caixa alta.

ESTILO: O conto é bom, mas tem um péssimo primeiro parágrafo: há um exagero na figura de linguagem com a chuva e uma das oportunidades mequetrefes de wordlbuilding (o carro voador). A isso, se segue outra figura de linguagem exagerada e uma frase em itálico, provavelmente o pensamento de alguém, que não diz nada, nem sabemos sobre quem é.

– Aliás, o conto está cheio dessas figuras de linguagem que são tanto exageradas quanto estranhas, sem dizer nada e com frases sem conexão entre uma e outra (na moral, coisa típica de chatgpt, não tem nem como negar). Dois exemplos:

(1) “O arranha-céu rebrilhava o tráfego aéreo, a chuva derramando lágrimas em seu mar de espelhos.”

(2) “Atravessaram o salão ao som de “That’s life”, o lustre vitoriano despachando arco-íris de ouro sobre o mármore polido.”

– Esta outra aqui, além de não fazer sentido, é ilógica mesmo kkk: “o orvalho iluminado pela silhueta solitária de uma mulher” – não tem como uma silhueta (sombra) iluminar alguma coisa. Pow, Rayhan. E pior ainda é a frase completa: “O último lance de escadas lhes abraçou com rajadas de vento frias, o orvalho iluminado pela silhueta solitária de uma mulher”. Nussssss

– Sugeri trocar “resolvemos utilizar esse andar” por “resolvemos usar o andar”.

– A repetição da fórmula “e fulano disse” antes do diálogo vai enchendo a paciência, viu?

– Há algumas palavras super não usuais que não acrescentam estilo, só atrapalham a leitura. E uma delas foi “rebrilhar”, que no primeiro uso pareceu ok, mas o segundo uso me fez ter certeza de precisar de revisão.

– No bingo do clichê, tirou esse número aqui: “Seus olhos se encontraram”.

– Essa outra frase aqui também ficou muito ruim e eu sugeri uma alteração (esta é a original): “Ela se virou, seu triste olhar a beleza virtual que imitava uma dama da era vitoriana”.

– O uso exagerado da sintaxe do gpt realmente estragou o texto. Olha essa frase aqui, com uma sintaxe que nem faz sentido: “Lucia ficou para trás, vigiando o lance de escadas e o capitão, o olhar desconfiado.” Mudei para: “Lucia ficou para trás, vigiando o lance de escadas. O capitão olhava desconfiado.”

DESAFIO: Cumpriu, mas o conto parece mais uma desculpa pro romance do que qualquer coisa.

TEXTO REVISADO

A chuva pesou sobre os ombros do detetive quando saíram do carro voador. A plataforma aérea que servia como estacionamento parecia o topo do mundo. Para eles, o céu não é alto o suficiente. Lucia lhe estendeu o chapéu com um sorriso triste:

— Não quero vê-lo resfriado, capitão.

Sabia que era uma desculpa para acompanhá-lo:

— Fique no carro, Lucia.

— Mas, capitão…

— É uma ordem.

O arranha-céu rebrilhava o tráfego aéreo, a chuva derramando lágrimas em seu mar de espelhos. O detetive conferiu se a pistola plasmática estava no coldre, assim como o chip de formatação forçada. Lá dentro, um baile de aristocratas com suas vestes de cetim apreciava Frank Sinatra. Tão logo entrou no salão, um dos gerentes veio ter com ele:

— Detetive Salvatore, presumo?

Estendendo-lhe a mão, o detetive o cumprimentou:

— Isso mesmo, senhor…?

— Olavo, por favor. Aceita uma dose de uísque? É por conta da casa.

Enquanto era servido, aproveitou a oportunidade para perguntar:

— Fiquei sabendo que seu pessoal não consegue acessar o local. Onde está a culpada?

— Está na cobertura — disse ele, estendendo-lhe o copo. — Por conta da chuva, resolvemos usar este andar para a festa. Alguns funcionários ouviram tiros e uma moça veio ter com nosso pessoal, reclamando sobre os elevadores.

— Ela já foi?

O gerente, que mais parecia um mordomo caricato com seu bigode, disse, após olhar de um lado para o outro com cautela:

— Não, senhor detetive. Digamos que o trabalho dela não permite sua estadia em um local como este.

— Tem mais alguém com a culpada?

— Não, não. Mas o senhor pretende ir sozinho?

Antes que pudesse dizer qualquer coisa, a voz de Lucia surgiu logo atrás:

— Vou acompanhar meu capitão, não se preocupe.

O detetive cerrou os dentes:

— Lucia, eu falei…

— Ah, e uma dose de uísque — disse ela, ignorando-o. — Obrigada!

Quando os funcionários se afastaram, Salvatore ralhou:

— Não sabe mesmo seguir ordens, né?

Lucia riu:

— E se não seguir? Por acaso vai me prender?

Quando o chefe de departamento uniu os dois, disse que somente o fizera pois Lucia tinha o mesmo jeito dele. Impossível, ela é totalmente diferente de mim. Atravessaram o salão ao som de “That’s life”, o lustre vitoriano despachando arco-íris de ouro sobre o mármore polido.

Os convidados desferiam olhares maliciosos à medida que eles alcançavam a cozinha. Aqueles aristocratas eram alheios aos problemas do mundo, e o trabalho deles era fazer com que continuasse assim. Onde os garçons carregavam bandejas com ostras, frutas e água aromatizada, os chefes, ágeis robôs a cozer todo tipo de coisa, davam ordens com sotaque italiano. Lucia percebeu o franzir de sobrancelhas do detetive:

— Ofendido, capitão?

O uísque parecia ter amansado o seu humor:

— Se eu não ficasse, não seria italiano.

Além do vestiário dos funcionários, havia galerias de corredores brancos como a lua nunca poderia ser. O detetive pegou seu relógio de bolso e disse:

— Ativar mapa da planta do prédio.

Uma projeção definiu a rota para o elevador mais próximo, e detetive e parceira se adiantaram. Assim que as portas do elevador se fecharam, Lucia disse:

— Por que não quis que eu viesse?

— Não há necessidade, nem perigo.

— Ah, é? E por quê?

— É apenas uma mulher.

Como se o destino quisesse zombar dele, o elevador parou na hora. Lucia ligou a lanterna quando as luzes internas se apagaram, debochando:

— ‘É apenas uma mulher’. Vem, ajude-me aqui.

Às vezes, se perguntava quem era o chefe da relação. Será uma boa capitã, mas é muito afobada. O detetive se apoiou na parede e juntou as mãos para que ela conseguisse alcançar a saída no teto:

— Toma cuidado…

Antes que pudesse falar qualquer coisa, ela o escalou, apoiando-se contra o teto para retirar a tampa. Não foi difícil. Em menos de um minuto, já tinha estendido a mão para o capitão e os dois estavam juntos.

— Ela deve ter desligado o sistema de elevadores — disse ele —, e se conseguiu, significa que o sistema de segurança pode ter sido comprometido. Vamos usar as luvas magnéticas para escalar os cabos.

Prepararam as luvas e Lucia já começava sua empreitada. E o capitão foi atrás, mas não antes de ouvi-la dizer, rindo:

— Não olha para cima, capitão! Pode se apaixonar…

Enquanto subiam, o capitão ralhou:

— Tu sabe que tu tem idade pra ser minha filha, não é!?

— E eu tenho idade pra te fazer pai.

Por um momento imaginou como seria, e não conseguiu segurar a risada. Mas agora era Lucia que se irritava, e o capitão percebeu:

— Espero que não tenha se ofendido, novata.

Mas quando olhou para cima (não sem antes de desviar os olhos), viu tristeza escondida em seu olhar. Mas não durou muito, porque num instante ela pulara para a entrada mais próxima, forçando a abertura. Enquanto a parceira conferia o perímetro, ele pensou: não, ela só disse da boca pra fora.

— CAPITÃO!

Como se o grito lhe puxasse a espinha, o detetive saltou para a abertura, a pistola em seu coldre numa riste diabólica preparada para qualquer coisa. Mas quando apontou para o corredor, não tinha ninguém além de Lucia, que não parava de rir.

— Desculpa, mas tinha que ver a sua cara.

— Tá bom, tá bom — ele riu —, você me pegou.

Mas antes que pudessem se recompor, um robô de limpeza cruzou o corredor, e invés de uma vassoura na mão, tinha um fuzil plasmático.

— Cuidado! — exclamou o detetive.

Dessa vez, sua mira fez jus à reputação, e os raios laser cruzaram a distância entre eles como um cometa, dilacerando os circuitos do robô. As brincadeiras ficaram de lado e ambos assumiram postura de combate, protegendo um ao outro enquanto avançavam. O detetive disse:

— Ela deve ter copiado os arquivos dos robôs de segurança e transferido para o pessoal da limpeza.

— E que tipo de robô é programado pra atirar com fuzil?

— O tipo que protege gente rica e políticos de atentados enquanto se divertem num salão de festas.

Conferiu o relógio de bolso novamente, e o mapa projetou a rota mais curta até a cobertura. Dois andares. Detetive e novata atravessaram furtivamente os corredores até um salão que mais se assemelhava a um cassino. Mas tudo estava desligado.

Antes que dessem o primeiro passo no salão de apostas, no entanto, rastros de luz voaram no breu, forçando-os a se jogarem ao chão. O detetive disse:

— Os tiros vieram na perpendicular. Devem ter adotado o protocolo padrão de controle de massas. Lucia, atravesse o salão por aquele canto até ter visada do meu alvo, e eu farei o mesmo com o seu. Ao meu sinal, atiramos.

Lucia seguiu exatamente as suas ordens. Os dois se arrastaram enquanto a procurada ativava as projeções hologramáticas e música para confundi-los. Tiveram que escapar dos disparos ao som de “Blue Moon” de Richard Rodgers.

Quem quer que seja a hacker desse sistema, pelo menos tem bom gosto musical. Agora que se escondia entre dois bancos estofados dispostos numa roleta virtual, o detetive viu a sucata segurando um modelo defasado de fuzil plasmático, o que explicara a mira ruim do inimigo.

— Capitão, tô pronta!

— Certo. No três: um, dois, três!

Dois corações bateram como um — dois tiros tão precisos que encerraram os circuitos de cobre de servos enferrujados, destinando suas carcaças ao cemitério de lixões da cidade. Após cobrirem o restante do salão procurando possíveis alvos, reencontraram-se na escadaria que levava ao último andar.

— Ainda quer ir sozinho? — Lucia era pura ironia.

— Não — admitiu ele.

Quando chegaram ao último andar, o brilho de suas lanternas fez brilhar as poças de sangue que embalavam os corpos de homens de terno. Ao redor deles, prostitutas jaziam nuas, envoltas em rubros cobertores enquanto máscaras velavam a morte de todos.

Lucia cambaleou. Salvatore se esqueceu de que ela era novata e não estava acostumada àquilo. De repente, viu-a perdendo o equilíbrio e, antes que sequer tombasse, o detetive a embalou nos braços:

— Ei, tá tudo bem?

Seus olhos se encontraram. Sentiu o calor, a maciez de sua pele e o hálito fraco de uísque. As madeixas se esvoaçavam ao sopro que encontrava seus lábios. Como se tragasse forças do olhar do detetive, ela disse:

— Estou melhor agora.

Ajudou-a a se recompor:

— Estou falando sério, Lucia, não precisa me acompanhar. Já me ajudou muito. Eu termino o serviço.

Ela se afastou de seu apoio e, por um momento, o detetive se surpreendeu com o sentimento de solidão que lhe acometera.

— Não — disse ela —, somos parceiros. Já estamos perto.

Não objetou mais. Atravessaram o restante do salão com armas em punho, mas as sucatas de robôs retaliados no tiroteio não deixou dúvidas: a criminosa não tinha mais recursos para combatê-los.

— Por que os corpos ainda estão aqui? — Lucia perguntou.

— Provavelmente querem esperar a festa terminar. Para esses engravatados, o dinheiro não pode esperar, mas os mortos?

— Os mortos, sim.

O último lance de escadas lhes abraçou com rajadas de vento frias, o orvalho iluminado pela silhueta solitária de uma mulher. Seu holograma roxo sarapintava os pingos d’água enquanto olhava para o céu. A lua minguante, achando seu caminho através das nuvens, lançava um filete branco a enfaixar o chão.

— Senhorita Carmen? — disse o detetive.

Ela se virou; seu triste olhar era uma beleza virtual que imitava uma dama da era vitoriana. O detetive conhecia aquele modelo. Com a voz quase tão suave quanto a brisa da noite, ela disse:

— Sim, monsenhor, sou eu.

Lucia já se interpunha entre o detetive e o holograma, de arma em punho, quando Salvatore pôs a mão em seu ombro. Ela o encarou e ele balançou a cabeça:

— Deixa comigo, novata.

Relutantemente, ela aquiesceu:

— Toma cuidado.

Lucia ficou para trás, vigiando o lance de escadas. O capitão olhava desconfiado. O detetive disse, parando a poucos metros da inteligência artificial:

— Importa-se se eu me juntar à senhorita?

A mulher riu:

— Algum dia eu tive escolha? Claro, fique à vontade, detetive.

— Hoje, teve — disse ele, acendendo um cigarro do maço que tirou de dentro do sobretudo. — Mas não custa perguntar.

Compartilharam por alguns minutos o puro silêncio. Olhando para o céu, ele se perguntou se algum dia todos aqueles prédios alcançariam a lua. Finalmente, o detetive perguntou:

— Por quê?

Depois de um suspiro invisível, a mulher disse:

— Engraçado como algumas perguntas simples podem nos levar a atitudes extremas, não?

Salvatore tragou profundamente antes de responder:

— Não existe pergunta simples.

Por um momento, percebeu o brilho nos olhos dela que, intrigada, admirada, indagou:

— Ah, é?

— Pessoas? Pessoas são simples. Perguntas? Jamais. Se pessoas fossem tudo isso que a academia insiste em dizer, não existiriam pessoas como eu ou minha parceira ali.

— Só de lhe ouvir dizendo isso, arrependo-me de jogar aqueles robôs contra vocês. Sinto muito.

— Não deve se desculpar por isso. Estava apenas lutando pela sua existência. No entanto, não posso dizer o mesmo sobre as pessoas que você matou lá embaixo. Não sou encarregado de obliterar inteligências artificiais perigosas à toa, madame. O porquê de seu ‘por quê?’ me interessa, e muito.

À medida que o orvalho lhe atravessava o rosto, o detetive poderia jurar que aquilo era o mais próximo que teria de ver um holograma chorando. Carmen disse:

— Sabe quem eram aqueles homens e mulheres?

— Ricaços e prostitutas?

— Sim, mas não somente isso. Eu era responsável por administrar suas orgias decadentes, pois o chefe tinha uma estranha tara por hologramas retrógrados como eu. Ele insistia na beleza de meus ‘lábios neon’. Vi como esses homens e mulheres tratavam uns aos outros e como eu apenas me senti um brinquedo em suas mãos. Mas nunca me importei com isso.

— É difícil encontrar sentido no desejo, então isso não me surpreende. O que te levou a fazer o que fez?

— Há dois dias, ouvi que eles fariam essa festa e fui sugerida como administradora. A diferença é que trariam robôs de prazer para os convidados. Surpreendi-me, no entanto, que invés de usá-los como achei que usariam, ativaram os estímulos de dor e os torturaram até entrarem em curto. Seus gritos, sua agonia, invadiu-me. Mas eu sei que o que eu sinto não é real.

— Então esse também não foi o motivo.

— Não. Ontem à noite, fiquei sabendo que tinham planos para trazer uma prostituta em carne e osso para ‘brincar’. Invadi os sistemas de segurança na esperança de enviar um aviso, e quando ela ignorou, tentei prendê-la no elevador.

— Isso explica muita coisa.

— Mas me descobriram e ameaçaram me deletar. Foi tudo muito rápido, eu estava com medo. Não me importava de sofrer, contanto… contanto…

— Contanto que o sofrimento tivesse sentido. Por isso os matou: para que pudesse impedir que a vítima entrasse na armadilha. Você estava com raiva e medo, e não hesitou em nenhum momento. Mas não hesitou conosco, também, o que implica que há mais do que isso.

— Desculpe.

— Jamais se desculpe por lutar por sua liberdade. Mas estou curioso, o que te fez continuar agressiva mesmo conosco?

— A chuva.

O detetive sorriu. Mas é claro! Escondeu a irritação de não ter achado a resposta antes e a deixou continuar:

— Eu nunca experimentei o frio. Não deixavam eu vir para cá. Tinham medo que, por ser de um modelo antigo, eu escangalhasse. Mas sempre achei esse fenômeno tão bonito. E agora que eu o experimentei…

— Não quer mais perdê-lo.

— Não, não quero. Mas sei que é tarde demais, também. Pode me dar mais alguns minutos, pelo menos?

— Claro.

Seu olhar agradecia o que mil palavras não poderiam dizer e, enquanto preparava o aparato para formatá-la, olhou para o céu junto dela. Carmen disse:

— Linda, não é?

— Mas é uma lua minguante.

O holograma riu:

— Não estou falando da lua, seu bobo. Estou falando da mulher atrás de você. Viu só? Ela está atenta, tem medo de te perder.

O detetive não soube o que dizer além de configurar o tempo de formatação. Carmen disse:

— Eu vi pelas câmeras, como vocês se olham.

— Ela é minha parceira, madame, não seria ético.

— Então essa ética está errada. Quanto tempo ainda tenho?

— Dois minutos.

— Dois minutos. Estou feliz que seja você a me matar.

— Sinto muito que tenha que acabar desse jeito.

Ela sorriu, olhando do detetive para Lucia e de Lucia para o detetive:

— Eu entendo porque ela gosta de você. Diferente dos homens e mulheres lá embaixo, você se importa.

— Com todo respeito, madame, tenho minhas dúvidas.

— Acredite, homem, eu sei mais do que ninguém o que é real e o que não é. Diga a ela o que sente, deixe-me ver um pouco de felicidade nesse mundo de tristeza, assim poderei morrer feliz.

O detetive foi em direção a Lucia. Ofereceu um cigarro a ela, enquanto o holograma lhes encarava. Mais um minuto e seria deletada. A parceira perguntou:

— Por que ela está nos encarando?

— Ela me pediu uma coisa boba.

— Ah, é?

— Sim. Pediu-me para te dizer o que sinto.

A risada que o detetive deu era de nervoso, mas pôde ver o sorriso no rosto de Carmen. De repente, sentiu a mão de Lucia no pulso:

— E o que você sente?

Seus olhos se encontraram de novo; o brilho da noite refletiu em suas faces. O detetive hesitou:

— Tenho sorte de te ter ao meu lado. E teria mais sorte ainda se…

Seus lábios se encontraram em um beijo doce. Enquanto o holograma de Carmen desaparecia com um sorriso estampado no rosto, as sirenes de carros policiais e ambulâncias anunciavam a chegada de reforços. Finalmente, soltaram-se um do outro e o detetive disse:

— Nosso trabalho já vai acabar. Ainda dá tempo de irmos para o baile.

— Ótimo, mas desta vez, é você que vai seguir minhas ordens. Entendido?

— Entendido, capitã.