Etéocles e Polinice

— Por que, pai desgraçado, ainda relutas em partir de Tebas, um lugar eternamente maldito para ti? — disse um dia Polinice a seu velho pai Édipo, retomando pela milésima vez um assunto incômodo para todos. — Sua presença, maldita aos deuses, será nefasta também para nós, e cedo ou tarde uma nova calamidade se abaterá sobre nossa família…

Édipo, de cabeça baixa, escutava as terríveis palavras do filho, sem nada dizer. “Uma nova calamidade…”, pensava ele. Como seria possível isto? Já não bastava, então, ter assassinado involuntariamente seu pai Laio, rei de Tebas, e se casado inadvertidamente com sua própria mãe, provocando com isto o seu suicídio? Que espécie de infortúnios mais terríveis do que estes, afinal, poderiam os deuses imortais lançar às costas suas e de seus filhos?

— Você também pensa assim, meu filho Etéocles? — perguntou o velho Édipo, voltando para o outro filho as suas órbitas vazias.

— Sim, meu pai, receio que Polinice tenha razão… — respondeu Etéocles, nervoso, arriscando um olhar para o rosto enrugado do pai.

— Já renunciou ao trono, meu pai; por que teima, então, em permanecer numa cidade que lhe foi tão funesta? — disse ele, tomando-se de ira, pois este sempre fora um bom recurso para abafar o remorso. — Parte logo, então…! Ou vai esperar que Tisífone implacável, uma das Fúrias, venha estalar também os seus cruéis açoites em cima de nós?

— Calem-se, vocês dois! — disse Antígona, irmã de Etéocles e Polinice, que acompanhava a conversa com os olhos marejados postos sobre o pai. — São vocês próprios que acabarão por atrair, com estas insensatas palavras, a ira das Fúrias vingadoras; se não há entre todas elas uma única que não seja de consolo para nosso pobre pai, melhor farão em manter fechadas as suas bocas.

— Você sabe muito bem, Antígona, que pesa sobre nosso pai uma terrível maldição! —

respondeu Polinice.

— Não, ele é inocente! — gritou a filha de Édipo, alçando a fronte. — Todos sabem que os crimes que praticou involuntariamente não foram mais do que duas fatalidades decretadas desde sempre pelas Parcas fatais. E mesmo não tendo passado de um infeliz instrumento do destino, preferiu arrancar, seus próprios olhos para expiar um crime do qual não teve a menor culpa.

Antígona cortou o curso de suas palavras ao ver seu velho pai erguer-se do assento e tomar resolutamente o seu cajado.

— Basta, vocês todos! — disse o velho, com o semblante carregado. — Desde a minha renúncia ao trono tenho percebido, dias após dia, que minha presença nesta casa se tornou cada vez mais indesejada… Sim, bem dizem que “foi-se o cetro, foi-se o afeto”… Oh, bem vejo agora a rude verdade que se esconde atrás destas amargas palavras. Basta, pois, de discórdias e rancores: parto agora mesmo para o exílio…

— Para onde dirige os seus frágeis passos, meu pai…? — disse Antígona, alarmada. — E

noite agora, e a escuridão cobre os campos e as estradas.

O velho sacudiu a cabeça branca e deu um sorriso irônico.

— Minha filha, a escuridão para um cego será sempre uma vantagem, pois está mais habituado a ela do que os que vivem na luz.

— Mas há uma tempestade lá fora! — disse ela, agarrada ao manto do pai.

— Mais forte rugem os trovões aqui dentro destas altas paredes do que lá fora, sob a abóbada dos céus — disse Édipo, ganhando a saída do palácio.

— Meu pai, não pode sair deste jeito, sem um alforje ou uma capa sobre os ombros —

gritou Antígona.

— Há tudo isto lá dentro — disse Polinice friamente. — Apresse-se, e que um escravo o conduza até um lugar qualquer para fora dos limites de Tebas, para que nossa pátria esteja finalmente livre da ameaça de um novo desastre.

Antígona ergueu a mão para esbofetear o irmão, que a interrompeu:

— Deixe que ele faça o que deve ser feito, sua tola! — disse Polinice, segurando o braço da irmã. — São muitos os inimigos que Tebas sagrada tem entre os mortais para que possa dar-se ao luxo de ser odiada também pelos próprios deuses.

Antígona desvencilhou-se dos braços rudes do irmão e correu para ir buscar uma capa e um alforje para seu pai. Quando retornou, envergava ela mesma, também, uma grossa capa.

— Aonde pensa que vai? — disse Etéocles, tentando impedir que a irmã seguisse junto com o pai.

Antígona nada disse, e ninguém duvidou que ela faria uma loucura caso alguém tentasse impedi-la de sair. Polinice, entretanto, fez um sinal com a mão para o irmão para que a deixasse partir. Antígona saiu dos portões sob uma grossa chuva que descia dos céus relampejantes; graças aos clarões podia avistar o pai, que se afastava, tropeçando sobre as pedras e as poças de água que juncavam a estrada que levava para fora de Tebas.

— Meu pai, espere! — gritou ela, com a cabeça descoberta. — Deixe que eu siga ao seu lado!

Édipo, a princípio surpreso, acabou entretanto por aceitar o braço que Antígona lhe oferecia, rumo à estrada áspera e enlameada que se estendia à frente.

— O, filhos ingratos… — lamentou-se ele, misturando suas lágrimas àquelas outras, abundantes, que desciam do céu como uma espessa cortina d’água. — De todos os maus fados que assaltaram a mim e à minha família, quis o destino que o pior ficasse para o fim. Pois que desgraça maior pode haver para um pai do que assistir à negra ganância se apoderar da alma de seus filhos? Logo eles, que um dia, imaginei, viriam a ser o arrimo e o consolo de minha negra velhice.

— Meu pai, esqueça de uma vez seus infortúnios — disse Antígona, tentando consolá-lo; sua voz soava alta e límpida, pois somente assim podia sobrepô-la ao rugido da chuva e dos trovões. — Ainda que tudo pareça lúgubre ao seu redor, não levaram as Parcas fatais tão longe a sua cruel pertinácia a ponto de não lhe deixarem ao menos esta filha, como último consolo à sua alma combalida. Perdoe meus desventurados irmãos: como você e eu, eles não passam, também, de pobres fantoches do destino.

Entretanto, no salão imperial, os dois fantoches ainda não haviam se dado conta disso, pois a conversa prosseguia no mesmo tom altivo e soberbo.

— Antígona não nos fará falta alguma — disse Polinice, tão logo viu da janela a irmã e o pai desaparecerem no negror da noite. — Agora vamos pensar no destino do trono de Tebas, que é o que importa.

Durante muitas horas estiveram os dois discutindo este assunto sumamente importante: a quem caberia o cetro de Tebas, a Polinice ou a Etéocles? Apesar de tudo, a conversa começara com um tom um pouco mais ameno e conciliatório, pois suas almas sentiam-se leves, uma vez livres da presença incômoda do pai e da irmã.

— Naturalmente que a mim caberá ocupar o trono deixado vago — disse Polinice, tentando convencer pacificamente o irmão -, pois tenho por mim o inalienável direito de primogenitura.

— Direito de primogenitura, entre filhos do incesto? — disse Etéocles, com um sorriso escarninho. — Ora, meu irmão, deixemos de gracejos e falemos de preparo e competência, pois é isto que se exige daquele que pretende exercer um cargo tão importante como o que agora disputamos.

— Ora, se vamos a isto, de todo modo caberá a mim empunhar o cetro, pois sou infinitamente mais atilado e capaz — disse Polinice, com ar de mofa.

— É muito competente para expulsar de casa um velho cego e sua filha desequilibrada, tornando ambos mendigos; é a isto que se refere, por certo? -disse Etéocles, arreganhando os dentes numa risada de puro deboche.

Polinice sentiu o sangue subir-lhe às faces; sua mão instantaneamente ergueu-se e, antes que pudesse evitar, já havia vibrado uma bofetada no rosto do irmão.

— Eu tornei-o mendigo? — rugiu Polinice, feroz e ao mesmo tempo aliviado por poder se desvencilhar da incômoda pose de um homem calmo e argumenta-dor. — Com que frágil argúcia, meu irmão, você se desvencilha dos seus atos inconvenientes.

Etéocles, com a marca da mão de Polinice estampada no rosto, deu dois passos para trás e sacou um punhal que mantinha sempre oculto por baixo do manto.

— Já não há mais pai caduco algum aqui dentro, vilão, para que eu tenha de sofrer insultos seus ou de quem quer que seja! — disse Etéocles, vibrando o bronze afiado na direção do irmão.

Polinice, temendo que ambos pudessem estar já sob a maldição de seu pai, resolveu, então, acalmar as coisas.

— Muito bem, caro Etéocles, perdoe minha ira incontida — disse ele, estendendo os braços em sinal de concórdia. — Procuremos um acordo vantajoso para ambos, em vez de perder nosso valioso tempo com provocações e agressões que só servirão para adiar uma rápida solução.

— Enfim, palavras sensatas, meu caro… — falou Etéocles, em tom conciliatório. —

Façamos o seguinte, então: primeiro governarei eu, pelo período de um ano; tão logo ele expire, me comprometo a passar cordialmente o cetro para você, e assim iremos reinando alternadamente, como bons e leais irmãos. Então, que acha?

Polinice, ainda sob o efeito do remorso por causa da bofetada que dera no irmão, aceitou o arranjo, ainda que a contragosto. “Um ano passa rápido, afinal!”, pensou Polinice, fingindo estar satisfeito com o acordo. “Quando for a minha vez, darei um jeito de permanecer para sempre no trono. E, então, ai dele se ousar discordar de minha vontade!”

Mal sabia que nesse preciso momento seu irmão pensava a mesma coisa, antecipando desde já a negra perfídia.

De qualquer modo, o acordo foi imediatamente selado. Etéocles foi coroado em uma magnífica cerimônia, perante os deuses e os homens. Mas, passado o prazo de um ano, Etéocles não se deu por achado quando o irmão veio reclamar o poder.

— Preciso de uma pequena prorrogação, caríssimo irmão — disse ele, tomando as mãos do irado Polinice. — Há alguns assuntos pendentes que devo resolver antes de passar o poder.

Etéocles, tendo provado uma vez o néctar do poder, tomara gosto pela coisa — pois quem, afinal, deixa arrebatar dos seus dentes um petisco já abocanhado? Etéocles, assim, foi reinando indefinidamente, até que Polinice convenceu-se, afinal, de que jamais iria tomar assento no trono. E quando foi reivindicar, pela última vez, o seu direito, foi recebido pelos soldados do palácio com rudes palavras.

— O seu irmão, o poderoso rei Etéocles de Tebas, nutrido pelos deuses, quer lhe comunicar o seguinte — disse o arauto de semblante impassível -: que desde esta data não reconhece mais a você nem a ninguém o torpe direito de pretender alijá-lo de um poder justamente adquirido e referendado pelos deuses. Sendo assim, o melhor que sua augusta majestade o aconselha a fazer é tomar a estrada real que leva para fora de Tebas, a exemplo do que, com desusada crueldade, você fez ao pai e à irmã do glorioso rei tebano, e procure por aí o que você chama de “meus direitos”, que não passam, afinal, da mais odiosa e sórdida usurpação; talvez desta forma, afirma o soberano, possa limpar a mácula que recobre a sua alma e torná-la digna não de empunhar o cetro de um tão alto reino, que não será jamais digno de tanto, mas de tomar uma enxada para plantar algo com que possa acalmar a aflição de seu estômago. Nada mais tem a dizer aquele que dorme e acorda sob a proteção absoluta e ininterrupta de todos os deuses.

Polinice, dominado pela ira — mas também pelo receio, pois temia ver-se alvo, a qualquer momento, de um horrendo atentado -, decidiu procurar refúgio junto ao rei Adrastos, no reino vizinho de Argos. Uma vez lá, caiu nas graças do rei e, após contrair núpcias com a filha dele, conseguiu convencê-lo também a conceder-lhe ajuda militar para destronar o irmão Etéocles.

Mas o destino parecia não sorrir nunca ao infeliz Polinice, pois tão logo a expedição foi anunciada em Argos, o cunhado do rei Adrastos, um certo adivinho chamado Anfiarus, opôs-se a ela terminantemente.

— Não se atreva a se lançar em tal aventura, meu soberano e dileto cunhado — disse o mago Anfiarus, de olhos acesos -, pois desde já ela está fadada ao fracasso: nenhum dos chefes, com exceção de Vossa Alteza, voltará vivo dessa insensata expedição.

— Caríssimo cunhado — respondeu o rei, que parecia mais aliviado depois de escutar a última parte daquele presságio -, admiro e respeito o dom que os deuses verteram sobre sua cabeça, mas respeito ainda mais os tratados firmados por homens de palavra irredutível.

— Adrastos, ouça-me: são profecias terríveis estas que agora deponho a seus pés… —

disse ainda Anfiarus, tentando demover o rei daquela louca empresa.

— Basta, colega adivinho, eis que sou adivinho também o bastante para saber que irá repetir-me agora, como sempre, as mesmas razões, sem acrescentar uma palavra de novo à velha arenga! — disse o rei Adrastos, enfadado daquela presença. — Como falei que aqui nada se faz sem que se observem os pactos, procure então a sua mulher, minha irmã Erifila, pois desde o casamento de vocês ficou acertado que qualquer divergência entre nós seria resolvida somente por ela.

Polinice, que ouvia atentamente o diálogo entre o seu sogro e o adivinho, afastou-se sorrateiramente e tratou de ir procurar logo a influente Erifila.

“Que poder tem tal mulher, de levar ou não um reino à guerra!”, pensava ele, enquanto imaginava um meio de fazer Erifila inclinar-se a favor da expedição contra Tebas. Depois de pensar um pouco chegou à inevitável conclusão: seria preciso corrompê-la. Para tanto vasculhou os seus pertences até encontrar o valioso colar que Vulcano dera de presente à sua antepassada Harmonia, esposa de Cadmo.

— Bela Erifila, irmã de meu valoroso sogro! — foi dizendo Polinice, assim que adentrou os aposentos da mulher do adivinho. — Surgiu uma disputa entre seu amado esposo e seu irmão dileto, e creio que juntos poderemos encontrar uma solução para essa amável desavença.

Polinice sacou então das dobras de sua túnica o magnífico colar, fazendo escorrer por entre os dedos, com um ruído delicioso, as encadeadas contas douradas.

— Fascinante… Realmente um colar digno de enfeitar o colo de qualquer deusa! —

exclamou Erifila, a “deusa” de Argos. Seus dedos apoderaram-se da jóia com a mesma rapidez da cascavel quando lança o bote certeiro de suas presas aduncas.

— Vossa Alteza, falo agora com inteira franqueza: ele será todo seu, se convencer o seu marido a concordar com nossa expedição — completou Polinice, lançando na mesa todas as cartas.

— Adoro franquezas desta natureza… — disse Erifila, e desde então nunca mais olho humano pousou outra vez sobre o magnífico colar, pois Erifila logo correu a enterrá-lo nas profundezas de seus baús mais secretos.

Desta forma, a guerra estourou inevitavelmente. O rei de Argos, com seu exército, ajudou durante muito tempo Polinice a sustentar sua pretensão ao trono, naquela que ficou conhecida como a famosa expedição dos “Sete contra Tebas”, pois tratava-se de uma empreitada de sete generais contra as sete portas da cidade de Tebas.

Anfiarus, o adivinho, participou valentemente da luta, embora soubesse que jamais retornaria vivo para a sua pátria. De fato, quando passava com seu carro ao longo de um rio, viu-se metido em uma terrível emboscada, obrigando-se a retroceder. Mas durante sua fuga, Júpiter, irado não se sabe por quê, lançou adiante das rodas de seu carro um pavoroso raio que abriu uma fenda enorme na terra, engolindo para dentro do abismo o adivinho, seu carro e seus cavalos.

Júpiter, entretanto, premiou-o depois com a imortalidade, concedendo-lhe um oráculo que posteriormente se tornaria muito famoso na Ática.

Etéocles, enquanto isto, também resolvera consultar-se com um adivinho, Tirésias, talvez o mais famoso de todos os videntes que a Grécia já conhecera. Havia muitas histórias a seu respeito, mas a mais importante dava conta de que tendo visto em sua juventude, por um infeliz acaso, a bela Minerva inteiramente nua durante o banho, a deusa, furiosa, privara-o da visão; no entanto, posteriormente arrependida, a deusa lhe concedeu, além de um bastão que o conduzia por toda parte como se olhos tivesse, o maravilhoso dom da profecia.

O adivinho Tirésias declarou, então, após a consulta de Etéocles:

— A vitória caberá a Tebas, se Menoceu, filho de Creonte, for sacrificado.

Creonte era tio dos dois irmãos e tomara o partido de Etéocles, rei de Tebas. Apesar de seus protestos, o jovem Menoceu aceitou fazer o papel de vítima expiatória, e tão logo colocou o pé no campo de batalha foi morto num piscar de olhos. Mas tal fato não foi decisivo, e a luta prosseguiu sem que nenhum dos lados alcançasse a vitória, até que um dia, exaustas as duas partes após o longo e infrutífero cerco que as forças de Polinice haviam imposto a Tebas, decidiu-se que a pendenga seria resolvida através de um duelo singular entre os dois irmãos: Etéocles, rei de Tebas, e Polinice, o pretendente ao trono.

Nunca as Parcas cortaram o fio da vida de dois bravos soldados com tanta grandiosidade como fizeram naquele dia, diante das portas de Tebas. Desde o começo a luta mostrara-se parelha: cada qual do seu lado, rodopiando um ao redor do outro com seus escudos e lanças enristadas, mostrava destemor e valentia jamais vistas. Ora um acertava uma valente cutilada ao ombro do outro, ora o outro devolvia o golpe no braço do primeiro, até que Etéocles, num salto ágil e imprevisto, investiu decididamente contra o peito do irmão. Polinice, entretanto, desviou-se com uma semipirueta que desnorteou o irmão. Quis ainda Etéocles tentar outro golpe audaz, mas Polinice, atento e muito mais ágil, contra-atacou num golpe preciso e fatal, desarmando o irmão e enterrando-lhe nas entranhas a sua lâmina dura e gelada. Quando a retirou, um breve e violento espirro de sangue esguichou no seu capacete.

Etéocles, ferido de morte, rastejou para tomar a arma de volta, mas Polinice, com a espada erguida, preparava já o golpe de misericórdia. Porém, antes que pudesse completar o gesto, Etéocles sacou seu punhal — aquele mesmo que mantinha escondido sob as dobras do manto — e num esforço sobre-humano arremessou-o contra o pescoço do adversário. Polinice caiu ao lado do irmão já esvaído, vomitando pela boca um sangue negro e espesso. E assim ambos se acabaram, unidos fraternalmente sobre uma mesma poça de sangue.

Como o combate terminara empatado, com a morte de ambos, os exércitos rivais reiniciaram a luta, que se estendeu ainda por um longo tempo, ora com a vitória pendendo para um lado, ora para o outro. Mas Meneceu não morrera em vão, afinal: os tebanos, depois de muita luta, acabaram vencendo as forças inimigas e expulsando os invasores de Tebas. A profecia de Anfiarus, enfim estava cumprida: dos sete chefes guerreiros, o único a sair com vida foi o rei Adrastos, o qual foi obrigado a fugir com seu exército desbaratado e refugiar-se em Atenas, deixando seus mortos insepultos às portas de Tebas.